Paralisia do sono: o que é e por que ela acontece?
Revisado pela Equipe de Redação da Medprev
Acordar e não conseguir se mexer, ouvir tudo ao redor, mas ser incapaz de movimentar os dedos, de abrir os olhos ou de comunicar-se. Essa descrição é aterrorizante para quem conhece a paralisia do sono e mais ainda para quem nunca ouviu falar nesse distúrbio, mas está manifestando seus sintomas.
Esta sensação é angustiante e pode causar alucinações, o que pode levar as pessoas que lidam com ela a acreditar que é um fenômeno sobrenatural.
Contudo, apesar de todos os mistérios que envolvem essa condição, a ciência a explica.
Quer saber o que é paralisia do sono e por que ela acontece? Confira o conteúdo a seguir.
O que é paralisia do sono?
A paralisia do sono é uma condição em que o cérebro desperta enquanto os músculos continuam dormentes.
Isso faz com que a pessoa tenha consciência de sua situação e do que se passa ao seu redor, embora não consiga se mexer.
Esse distúrbio costuma acontecer enquanto a pessoa está adormecendo ou acordando, durante a fase mais leve do sono (REM -- sigla para "movimento rápido dos olhos" em inglês).
Nessa fase, os sonhos são bastante vívidos e o nível de atividade cerebral é parecido com o de quando se está plenamente desperto.
Essa é uma condição comum, que atinge quase 8% da população em algum momento da vida.
Sua incidência é maior entre estudantes e pessoas com distúrbios psiquiátricos, acometendo 28% e 32% desses grupos, respectivamente.
Os episódios de paralisia do sono costumam ser autolimitados, não deixam sequelas e duram cerca de 4 minutos, embora sejam bastante assustadores e pareçam ser muito mais longos.
Como a paralisia do sono acontece?
Durante o sono, o cérebro desativa algumas funções motoras para evitar movimentos durante a noite, especialmente enquanto se está sonhando -- o que poderia resultar em ameaças, como acontece com os sonâmbulos.
Dessa forma, o corpo passa por uma ausência de tônus muscular, correspondendo a uma paralisia normal dos músculos estriados (que permitem os movimentos).
Apesar disso, o coração e os músculos responsáveis pela respiração continuam funcionando.
Às vezes, porém, as pessoas acordam (o cérebro desperta) antes da recuperação do tônus muscular, tornando-se impossível se movimentar.
Neste momento, a paralisia se torna uma condição muito angustiante, pois a pessoa pode imaginar que está morrendo ou que permanecerá nessa situação eternamente.
Causas da paralisia do sono
Qualquer pessoa pode passar por um episódio de paralisia do sono ao longo da vida e nem sempre é possível esclarecer a causa relacionada.
Porém, alguns hábitos e condições podem favorecer seu surgimento, por exemplo:
- consumo de estimulantes próximo da hora de dormir (como café, chá preto, refrigerantes com cafeína, chocolate);
- uso de celulares e de outros aparelhos eletrônicos antes de se deitar ou na cama;
- horários irregulares para dormir e acordar;
- sofrer com alterações no sono causadas por jet lag (mudanças no ciclo circadiano devido ao fuso horário vivido em viagens longas);
- sedentarismo;
- períodos de estresse;
- fumar;
- fazer uso de bebida alcoólica;
- comer em excesso ou comidas pesadas logo antes de dormir;
- excesso de trabalho, que leva à sobrecarga;
- vivenciar estresse pós-traumático;
- transtornos do humor (depressão, ansiedade, etc.);
- narcolepsia (a paralisia do sono pode ocorrer em 25% das pessoas com esse distúrbio, caracterizado pela sonolência excessiva ou crises de sono súbitas e incontroláveis).
Além dessas possíveis causas, a paralisia do sono também tem relação com o histórico familiar da pessoa.
O que a pessoa sente durante a paralisia do sono?
A descrição mais comum do que se sente na paralisia do sono inclui a percepção de estar acordado, consciente e ouvindo tudo ao redor, mas sem conseguir se mexer.
Contudo, essa condição pode ter outros sintomas, que variam para cada pessoa.
Alucinações sonoras ou visuais
A pessoa pode imaginar que está ouvindo passos, portas batendo e sussurros, ou que está vendo alguém sentado na cama, assombrações circulando pelo quarto, luzes estranhas, etc.
Essas alucinações, que costumam ser muito assustadoras, podem surgir porque o cérebro se confunde ao processar sons e imagens dos sonhos.
Presenças ameaçadoras
As mesmas alucinações podem fazer com que a pessoa sinta que não está sozinha ou que está sendo observada por um ser sobrenatural (fantasma, espírito, alienígena, demônio, etc.).
Novamente, isso acontece porque o cérebro não está plenamente consciente para distinguir o que é real ou não.
Sensação de "sair do corpo"
Algumas pessoas sentem que estão flutuando, como se sua alma tivesse se separado do corpo físico.
Esse sintoma se trata de uma alucinação cinestésica, que inclui as sensações de queda e afogamento, que também podem acontecer durante a paralisia do sono.
Dificuldade para respirar
O relaxamento da musculatura das costelas pode causar uma sensação de peso no peito, como se houvesse algo fazendo pressão nessa região.
Com isso, mesmo que o diafragma esteja funcionando, a pessoa pode se sentir sufocada.
Medo de estar morrendo ou de ficar assim para sempre
Quando a pessoa tem os primeiros episódios de paralisia do sono e ainda não sabe o que está acontecendo, a situação é ainda mais angustiante porque ela pode imaginar que está morrendo, que será enterrada viva por não conseguir avisar que está acordada ou que ficará imobilizada para sempre.
Diagnóstico da paralisia do sono
Ao sofrer com a paralisia do sono, é possível visitar um psiquiatra ou clínico geral para avaliação.
Para confirmar o diagnóstico, o profissional da saúde faz um levantamento dos sintomas, do histórico de saúde, dos medicamentos que o paciente utiliza, dentre outras informações que julgar relevantes.
Se o quadro vem se repetindo há algum tempo, o médico pode também solicitar exames, como a polissonografia e o eletroencefalograma.
Esses exames ajudam no monitoramento do paciente e na verificação do que acontece enquanto ele dorme.
Assim, o médico pode identificar ou descartar condições de saúde que provocam sintomas parecidos (como narcolepsia e epilepsia).
Tratamento da paralisia do sono
Não há um tratamento específico para a paralisia do sono, já que ela acontece em episódios isolados, durante poucos minutos e parando sozinha.
Mas há casos em que a pessoa sente sintomas após o episódio, como ansiedade e fadiga, o que leva ao prejuízo de suas atividades rotineiras.
Além disso, é preciso procurar ajuda quando os episódios acontecem com frequência.
Se esse for o caso, o ideal é procurar um médico para estabelecer um tratamento adequado, visando regular o sono e tratar distúrbios que podem aumentar as chances de surgirem episódios de paralisia do sono.
O tratamento consiste, especialmente, na realização de higiene do sono, como manter uma alimentação adequada, praticar atividades físicas e evitar utilizar aparelhos eletrônicos antes de dormir.
Contudo, em alguns casos o uso de medicações para regular o sono pode ser necessário, como diante da existência de distúrbios do sono que estejam contribuindo para os episódios de paralisia.
O que fazer durante uma crise de paralisia do sono?
O momento em que a paralisia do sono acontece pode ser tão aterrorizante que a pessoa talvez não consiga perceber que está passando por um episódio desse problema.
Porém, sempre que for possível identificar essa situação, é possível utilizar as seguintes dicas para lidar com ela:
- Manter a calma - a angústia é grande, mas, quanto maior a tranquilidade, mais rápido a paralisia vai passar. É preciso lembrar que não existe perigo verdadeiro e manter a concentração na respiração, até passar;
- Lembrar-se que o episódio é temporário - a sensação que vem com a paralisia do sono é ruim, mas ter em mente que se trata de algo passageiro pode ajudar no relaxamento e na promoção da recuperação dos movimentos mais cedo;
- Tentar fazer movimentos discretos - é mais fácil conseguir mexer um dedo, a ponta da língua ou os olhos do que movimentar o braço ou a perna. Se não conseguir, é possível mudar de estratégia e imaginar que está se movimentando;
- Esperar passar - caso nada funcione, o ideal é lembrar de que o episódio dura no máximo 4 minutos e que os movimentos voltarão ao normal, basta esperar para que o corpo os recupere. Isso ajuda a diminuir a angústia.
Há cura para a paralisia do sono?
A paralisia do sono, em si, não é considerada uma doença, a menos que seus episódios sejam recorrentes, ocorrendo duas vezes por semana durante, pelo menos, seis meses.
Em geral, esses episódios, embora angustiantes, não prejudicam a saúde e são considerados inofensivos.
No entanto, a longo prazo, podem causar preocupação intensa, aumentar a ansiedade durante o dia e gerar medo de que os episódios se repitam.
Quando isso ocorre, é fundamental procurar um médico para reduzir a sua frequência ou até mesmo eliminá-los completamente, garantindo uma melhor qualidade de vida e de sono.
A paralisia do sono pode matar?
Uma das preocupações mais frequentes tidas por quem sofre de paralisia do sono é se ela pode matar.
Isso acontece porque, durante o episódio, a ansiedade é alta, assim como o medo de não conseguir se mexer mais.
A paralisia, por si só, não mata, uma vez que os órgãos vitais continuam funcionando normalmente, como se a pessoa estivesse dormindo.
Contudo, a situação pode se tornar perigosa quando a paralisia do sono está associada à narcolepsia, um distúrbio do sono que causa sonolência excessiva e ataques repentinos de sono durante o dia.
A narcolepsia pode levar a episódios de paralisia do sono fora do ciclo normal de sono, e esses episódios podem ocorrer em momentos inadequados (por exemplo, quando a pessoa está ao volante de um carro).
Se uma pessoa com narcolepsia sofre um ataque de sono enquanto dirige, ela pode entrar em um estado de paralisia do sono, sendo incapaz de se mover ou reagir, o que pode resultar em um acidente grave.
Portanto, a combinação de narcolepsia e paralisia do sono pode expor a pessoa a situações de alto risco, o que faz com que o diagnóstico e tratamento de ambas as condições sejam fundamentais para minimizá-lo.
Qual é a diferença entre a paralisia do sono pré e pós-dormital?
Existem dois tipos de paralisia do sono: pré e pós-dormital.
O primeiro, também conhecido como paralisia do sono hipnagógica, acontece quando a pessoa se deita para dormir, mas, antes que isso aconteça, em seu estado de vigília, ela já não consegue mexer os músculos.
O segundo, chamado de paralisia do sono hipnopômpica, ocorre após o sono, quando a pessoa está prestes a despertar, mas seus músculos atrasam ao fazê-lo.
Quanto aos sintomas, esses são os mesmos nos dois tipos: há sensação de estar preso e de não conseguir se mexer, mesmo estando consciente. Em ambos os casos, o episódio dura cerca de 4 minutos.
FAQ (PERGUNTAS FREQUENTES)
1. O que leva uma pessoa a ter paralisia do sono?
As causas da paralisia do sono variam, podendo incluir fatores hereditários, influência genética, maus cuidados com a saúde, transtornos de humor, sobrecarga no trabalho, distúrbios do sono e até padrões de sono irregulares.
2. O que fazer quando uma pessoa tem paralisia do sono?
É preciso tentar relaxar, lembrar-se de que o episódio é breve, durando apenas alguns minutos, e focar na respiração.
Se for outra pessoa, tente acordá-la suavemente, pois isso pode interromper o episódio.
3. Quais são os tipos de paralisia do sono?
Existem dois tipos de paralisia do sono: a pré-dormital, que ocorre ao adormecer, e a pós-dormital, que acontece ao despertar.
4. Quanto tempo dura uma paralisia de sono?
A paralisia do sono geralmente dura cerca de 4 minutos, mas pode parecer mais longa devido à sensação de imobilidade e ansiedade.
5. O que a ciência diz sobre a paralisia do sono?
A ciência explica que a paralisia do sono ocorre durante a fase REM do sono, quando o corpo está naturalmente paralisado.
Esses episódios são autolimitados e, por si só, não representam perigo.
6. Tem como fechar o olho na paralisia do sono?
Durante a paralisia do sono, algumas pessoas conseguem fazer pequenos movimentos, como fechar os olhos ou mexer os dedos, enquanto outras ficam completamente imobilizadas.
7. Por que vemos monstros na paralisia do sono?
A percepção do ambiente muda durante a paralisia do sono, levando a alucinações visuais ou sonoras.
O cérebro, ainda parcialmente em estado de sono, pode confundir a imaginação com a realidade, criando a impressão de ver monstros, fantasmas ou outras figuras ameaçadoras.
8. Quando a paralisia do sono é perigosa?
A paralisia do sono torna-se perigosa quando está associada a outros distúrbios, como a narcolepsia, onde episódios podem ocorrer em momentos inadequados, como ao dirigir, resultando em riscos elevados.
9. O que as pessoas veem na paralisia do sono?
Durante a paralisia do sono, é comum que as pessoas tenham alucinações, vendo fantasmas, alienígenas ou outras figuras assustadoras, que são criações da mente, mas que parecem reais devido ao estado de semiconsciência.
10. O que fazer para acordar da paralisia do sono?
Normalmente, a pessoa acorda sozinha após cerca de 4 minutos, mas também pode ser despertada por alguém que perceba que ela está em um episódio de paralisia do sono.
11. O que fazer em caso de paralisia do sono?
Durante um episódio de paralisia do sono, é importante relaxar, focar na respiração e esperar que o corpo recupere seus movimentos.
Se os episódios forem frequentes, o ideal é procurar um médico para avaliar o quadro e discutir possíveis tratamentos.
12. Como saber se estou tendo paralisia?
Você pode estar tendo paralisia do sono ao se sentir preso no próprio corpo ao acordar, visualizar presenças ameaçadoras, experimentar a sensação de sair do corpo ou sentir dificuldade para respirar.
CONCLUSÃO
Como mostrado neste post "O que é paralisia do sono e por que ela acontece?", é importante entender que os sintomas da paralisia do sono, apesar de serem assustadores, são temporários e duram até 4 minutos.
Para que uma pessoa consiga reduzir as chances de sofrer um de seus episódios, uma das ferramentas que podem ser adotadas é a higiene do sono.
Focada na criação de hábitos saudáveis para melhorar o sono, ela implica na melhora da alimentação, prática de atividades físicas regulares e na criação de um ambiente relaxante para dormir.
Contudo, há casos em que só a higiene do sono não é suficiente e a pessoa precisa procurar um médico, como clínico geral ou psiquiatra, e iniciar medicações para regular o sono e impedir que a paralisia do sono aconteça novamente.
13/05/2025 • há 5 dias