O que é distimia? Descubra as causas, sintomas, medicamentos e tratamentos
Sentimentos constantes de tristeza ou irritabilidade que permanecem por um longo tempo e até anos, mas não impedem totalmente a realização de tarefas do dia a dia podem ser um indicativo de distimia.
Ao se identificar com esse quadro de saúde, a pessoa pode ter dúvidas se é um sinal de depressão. De fato, a distimia está relacionada com esse transtorno do humor, mas há algumas diferenças importantes entre eles.
Desde já, é importante alertar que, se você ou alguém que você conhece apresenta sinais e sintomas de distimia ou depressão, é fundamental buscar a orientação de um médico psiquiatria ou de um psicólogo.
Veja a seguir o que é distimia e descubra as causas, sintomas, medicamentos e tratamentos correspondentes a esse quadro de saúde.
O que é distimia?
Distimia (também chamada de Transtorno Depressivo Persistente) é um tipo de depressão considerada mais leve, mas que dura muito mais tempo e pode persistir por anos ou décadas. Como seus sintomas são menos acentuados do que aqueles da chamada depressão maior, a pessoa ainda consegue realizar suas atividades de rotina – embora tudo pareça ser mais difícil, mais desgastante e menos interessante.
Em função disso, a pessoa costuma sentir uma tristeza constante, frequentemente acompanhada por um alto grau de irritabilidade.
Porém, como dificilmente essa condição é percebida e geralmente se prolonga por muito tempo, é comum que o paciente com distimia seja visto como uma pessoa “difícil”, “mal-humorada” ou “pessimista”, o que dificulta o diagnóstico.
De fato, a palavra “distimia” vem do grego e significa “mau-humor”. Contudo, mais do que uma tendência a reclamar ou ter um temperamento irritadiço, hoje esse transtorno é visto como uma depressão crônica de intensidade leve a moderada – e se não for tratado, pode desencadear um quadro ainda mais grave.
Quais são as causas e os fatores de risco da distimia?
Da mesma forma como acontece com outros transtornos do humor, as causas da distimia ainda não foram completamente esclarecidas. Porém, há certo consenso sobre uma combinação de vários aspectos que parecem favorecer essa depressão crônica, incluindo:
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Hereditariedade: embora ainda não se tenha identificado um gene causador da distimia, é comum que várias pessoas da mesma família apresentem esse transtorno. Quando ele se manifesta entre a adolescência e o início da vida adulta, a taxa de prevalência familiar chega a 50%;
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Alterações químicas no cérebro: os transtornos depressivos estão associados a alterações nas quantidades e no funcionamento dos neurotransmissores serotonina e noradrenalina, substâncias químicas que atuam no cérebro e exercem grande influência sobre o humor, a ansiedade e o sono;
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Alterações no padrão de sono: pacientes com distimia e depressão apresentam as mesmas alterações na fase de sono REM, sugerindo que essa possa ser uma das causas desses transtornos;
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Estresse e eventos traumáticos: experiências negativas como histórico de abuso e negligência na infância, perda de pessoas queridas, episódios de violência e estresse crônico são fatores que podem desencadear a distimia;
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Idade: o transtorno começa a se manifestar mais frequentemente na adolescência e no início da vida adulta, mas pode aparecer desde a infância até a terceira idade;
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Ser mulher: estima-se que haja 2,5 mulheres com distimia para cada homem com o transtorno, ou seja, pertencer ao sexo feminino eleva o risco;
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Presença de outras doenças: diabetes, problemas cardiovasculares, lesões cerebrais, outros transtornos do humor e abuso de substâncias também são fatores que podem favorecer o desenvolvimento da distimia.
Como reconhecer os sintomas da distimia?
A personalidade melancólica e irritadiça é o principal sintoma da distimia, mas nem sempre é fácil reconhecê-lo como manifestação de um transtorno de humor.
Existem, porém, outros sintomas que podem ajudar no diagnóstico dessa condição, por exemplo:
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Sentimentos negativos: tristeza, desânimo, desesperança em relação ao mundo, ao futuro e a si mesmo, sentimento de culpa, apego ao passado, dificuldade de tomar decisões;
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Irritabilidade: impaciência: mau humor, dificuldade para lidar com mudanças de planos, pedantismo, excesso de reclamações e críticas, insatisfação;
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Visão negativa de si mesmo: baixa autoestima, excesso de autocrítica, sentimento de incapacidade, sensação de ser uma farsa;
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Perda de interesse: a pessoa deixa de se interessar pelas suas atividades de rotina, incluindo trabalho, estudos, hobbies e práticas esportivas;
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Isolamento social: abandono de grupos de amizade, esquiva de atividades sociais, ansiedade em situações que exijam interação com outras pessoas;
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Alterações fisiológicas: apetite aumentado ou diminuído, ganho ou perda de peso, insônia ou excesso de sonolência, fadiga e falta de energia;
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Problemas de concentração: baixo desempenho escolar ou queda da produtividade no trabalho.
Todos esses sintomas podem aparecer também na depressão propriamente dita, mas com uma intensidade mais elevada, o que torna mais fácil reconhecê-los.
O que caracteriza a distimia é principalmente a ocorrência dos sintomas em graus menos acentuados, sem inviabilizar totalmente a rotina da pessoa, mas com duração de pelo menos dois anos.
Vale lembrar que também é comum que o paciente com distimia tenha episódios em que seus sintomas se intensificam, voltando ao seu estado “normal” depois de alguns dias.
Contudo, esse estado “normal” oferece uma qualidade de vida inferior à das pessoas sem esse transtorno, pois o paciente distímico está há muitos anos todo lidando com sentimentos permanentes de tristeza e irritabilidade, mesmo que em grau menor.
Tratamento para a distimia
Os melhores resultados no tratamento da distimia acontecem com uma combinação de medicamentos e psicoterapia. Enquanto os medicamentos atuam no sentido de normalizar a bioquímica cerebral, a psicoterapia ajuda as pessoas a aprender novas formas de pensar e agir.
A maior parte dos medicamentos para distimia pertence à classe dos antidepressivos. Em geral, seu mecanismo de ação geral consiste em aumentar a disponibilidade da serotonina (ou da serotonina em conjunto da noradrenalina) no cérebro, promovendo também efeito ansiolítico.
Os efeitos do equilíbrio bioquímico promovido pelos medicamentos são colocados em prática apenas quando a pessoa constrói novos padrões mentais, o que acontece com o auxílio da psicoterapia.
Por sua vez, o sucesso da psicoterapia só é possível quando o equilíbrio dos neurotransmissores é reestabelecido. Dessa forma, esses dois recursos terapêuticos funcionam de modo complementar.
Com o tratamento, o paciente que sofre com esse transtorno do humor pode ter uma grande melhora em sua qualidade de vida, melhorando também a forma como se relaciona com as outras pessoas.
Conclusão
Como mostrado no post O que é distimia? Descubra as causas, sintomas, medicamentos e tratamentos, esse transtorno pode se manifestar de forma silenciosa, trazendo prejuízos diariamente para o indivíduo.
Identificar os seus sintomas pode ser um desafio, já que podem ser confundidos com variações temporárias de humor ou temperamento difícil de lidar.
Ao perceber uma constância nos sintomas, é essencial buscar ajuda do psicólogo ou psiquiatra para evitar o agravamento do quadro de saúde e desenvolvimento de outras doenças mentais.
04/09/2023 • há um mês