Medprev
Doenças

Como saber se sou alcoólatra?

Revisado pela Equipe de Redação da Medprev

como-saber-se-sou-alcoolatra.jpeg

Tomar bebida alcoólica em ocasiões especiais ou nos fins de semana, por exemplo, é comum e faz parte da rotina de muitas pessoas. Mas há quem não perceba que está exagerando e que, talvez, possa ser alcoólatra.

Se a questão é o exagero na bebida, tanto quem bebe quanto as pessoas que convivem com essa pessoa precisam se informar sobre o assunto.

Desde já, é importante esclarecer que o termo "alcoólatra", ainda que difundido para falar de quem tem alcoolismo, é considerado inadequado por muitos especialistas.

Isso porque ele significa "adorador do álcool" -- uma expressão que reforça o estigma do dependente como uma pessoa "incapaz de resistir aos próprios desejos".

O alcoolismo é uma doença, por isso, o termo alcoolista é o mais adequado, uma vez que indica que a pessoa sofre de um problema de saúde.

Para saber mais sobre o assunto, confira o post "Como saber se sou alcoólatra?" a seguir.

O QUE É ALCOOLISMO?

O alcoolismo é uma doença que consiste na dependência alcoólica, que afeta profundamente a vida de uma pessoa.

Essa dependência faz com que seja um grande desafio parar de beber, o que traz prejuízos tanto para a saúde física quanto mental.

Quando doente, o alcoólatra prefere continuar bebendo, mesmo sabendo os riscos e malefícios do álcool.

Isso acontece porque o alcoolismo é uma doença crônica, ou seja, não há cura, mas tratamento para reduzir seus sintomas e impactos.

Um dos primeiros sinais da doença é o aumento da resistência ao álcool. Desse modo, os efeitos dele começam a aparecer após a ingestão de bebida em quantidades cada vez maiores. E, para obtê-los, o indivíduo bebe cada vez mais.

Além disso, quando para de beber, o alcoólatra tem sintomas de abstinência, o que o leva a voltar a beber.

Alguns dos principais sintomas da abstinência do álcool são:

CAUSAS DO ALCOOLISMO

Não existe uma causa específica para uma pessoa ter alcoolismo, uma vez que essa condição é uma reunião de múltiplos fatores.

Por exemplo, é possível que o indivíduo tenha influência da família ou de amigos para beber, ou que sinta um grande estresse relacionado a qualquer aspecto de sua vida.

Também é possível que ele tenha predisposição genética ou que possua transtornos que são fator de risco para o alcoolismo.

Assim, o álcool age em seu cérebro ativando o efeito de recompensa, gerando um sentimento positivo quando bebe.

Há, ainda, os fatores psicológicos que podem causá-lo, como a depressão, a fobia social e o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

Além disso, uma pessoa pode beber demais para tentar controlar sentimentos negativos que possui, ou para se esquecer deles.

Outra possível causa para o vício no álcool é a resposta individual de cada pessoa em relação à metabolização do álcool pelo organismo.

O QUE É BEBER SOCIALMENTE?

A expressão "beber socialmente" geralmente é usada para definir o consumo de bebidas alcoólicas dentro de um padrão considerado aceitável, em oposição ao consumo visto como problemático.

Este é o caso das bebidas ingeridas dentro de um contexto social, na companhia de outras pessoas ou em situações comuns da rotina (após um dia cansativo, por exemplo).

Contudo, mesmo que essa seja uma prática socialmente aceita, ela não está isenta de riscos.

Segundo um estudo global publicado no fim de agosto de 2018, o consumo de duas doses por dia de bebida alcoólica (dependendo do seu teor alcoólico) aumenta as chances de desenvolver diversos tipos de câncer em 7% em relação aos abstêmios. Para um consumo de cinco doses diárias, o risco cresce em 37%.

Além disso, "beber socialmente" pode esconder um comportamento prejudicial, com características de dependência e que ultrapassa o consumo considerado moderado.

O QUE É UM CONSUMO MODERADO DE ÁLCOOL?

O consumo moderado é um padrão de ingestão de álcool em que os riscos de desenvolver problemas de saúde ou dependência são considerados baixos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esses riscos se acentuam quando a pessoa consome mais de 2 doses por dia e não fica mais de 2 dias por semana sem beber. Em termos práticos, duas doses equivalem a:

  • 2 latas de cerveja comum com teor alcoólico de 4% (660 ml);
  • 2 taças de vinho ou espumante (200 ml);
  • 2 shots de bebidas destiladas como tequila, vodca ou cachaça (60 ml);
  • 2 taças pequenas de licor ou aperitivo (100 ml).

Há quem faça ingestão de grande quantidade de álcool e, mesmo que seu corpo não tenha metabolizado a substância, não sinta seus efeitos.

Quando uma pessoa é muito tolerante aos efeitos do álcool, tende a ingeri-lo em maior quantidade, o que potencializa as chances de se tornar alcoólatra.

Apesar disso, a própria OMS esclarece que não existe um limite totalmente seguro de ingestão de bebida alcoólica e que algumas pessoas podem sofrer prejuízos, mesmo que sua ingestão de álcool esteja dentro do consumo considerado moderado.

QUANDO O CONSUMO DE ÁLCOOL É ARRISCADO?

Se a pessoa está bebendo cada vez mais em um período cada vez menor, esse é um sinal de alerta.

Começar a beber todos os dias ou muitas doses em pouco tempo, em um mesmo momento, também é outro sinal de alcoolismo.

Especificamente, os homens que bebem 5 ou mais doses em até duas horas e uma mulher que bebe 4 ou mais doses no mesmo tempo, têm alto risco de se tornarem alcoólatras.

Quando uma pessoa já sofre com o problema e é homem, faz a ingestão de 15 ou mais doses por semana. Se for uma mulher alcoólatra, ela faz a ingestão de 8 ou mais doses.

QUANDO BEBER SE TORNA UM PROBLEMA?

Os limites estabelecidos pela OMS para que beber álcool não se torne um problema servem como parâmetro, em uma avaliação geral.

Contudo, o momento em que o álcool se torna um problema está mais relacionado ao padrão de consumo e às consequências que ele traz para a vida pessoal, social e profissional, do que às quantidades propriamente ingeridas.

Por isso, uma pessoa que ficou embriagada em uma determinada ocasião não será necessariamente dependente do álcool -- embora episódios como esse representem risco mais elevado para acidentes e situações fatais.

Por outro lado, uma pessoa com uma alta tolerância para bebidas alcoólicas e que não apresenta sinais de estar embriagada, mesmo após um grande consumo, pode, na verdade, estar sofrendo com alcoolismo.

Assim sendo, é muito importante se atentar aos sinais que indicam a presença da doença, além de avaliar os seus impactos nas diferentes esferas da vida, como pessoal e profissional.

COMO SABER SE SOU ALCOÓLATRA?

Avaliar a própria condição e reconhecer-se como dependente do álcool não é uma tarefa simples.

Porém, existem alguns sinais e sintomas que indicam que uma pessoa está se tornando alcoolista ou apresenta um grande risco para essa doença. Conheça os mais comuns abaixo.

1. TER UM PADRÃO DE CONSUMO PREJUDICIAL

É possível que um indivíduo seja um alcoólatra se apresentar os seguintes padrões de consumo prejudiciais:

  • frequentemente beber sozinho, sem que haja motivos específicos;
  • beber com objetivo de relaxar ou aliviar um sentimento negativo;
  • ter dificuldade para parar depois de começar a beber;
  • sentir necessidade de consumir bebidas alcoólicas pela manhã ou a qualquer momento do dia;
  • tentar ficar sem beber por uma semana ou alguns dias e não conseguir;
  • substituir uma bebida por outra na tentativa de controlar a ingestão de álcool;
  • beber escondido das outras pessoas;
  • acreditar que pode parar de beber quando quiser, mas não conseguir.

2. VIVENCIAR PREJUÍZOS PROFISSIONAIS, FAMILIARES E SOCIAIS

A bebida gera diversos prejuízos na vida de uma pessoa que é viciada em álcool:

  • faltar ao trabalho em função do excesso de bebida;
  • perder o emprego ou o ano letivo devido aos problemas causados pelo álcool;
  • receber conselhos de familiares e amigos sobre diminuir o consumo da bebida;
  • ficar irritado quando seu consumo de álcool é questionado por alguém;
  • afastar-se dos familiares e dos amigos para beber sem ser incomodado;
  • evitar eventos sociais em que não poderá consumir álcool à vontade;
  • perder amigos e parceiros amorosos por beber demais;
  • ficar violento quando bebe;
  • agredir verbal ou fisicamente as pessoas ao seu redor.

3. APRESENTAR ALTERAÇÕES EM EXAMES LABORATORIAIS E CONDIÇÕES DE SAÚDE

O álcool faz mal ao organismo, podendo provocar uma série de doenças.

Por esse motivo, é possível perceber que o consumo da substância está exagerado quando o indivíduo passa a ter alterações em seus exames laboratoriais e condições de saúde, como:

  • ter níveis mais altos de glicose, colesterol e triglicerídeos;
  • sofrer alterações em exames que estudam as enzimas do fígado;
  • apresentar uma elevação da pressão arterial;
  • perder o apetite ou se alimentar mal;
  • apresentar disfunção sexual (homens) e redução da libido;
  • sofrer "apagões" de memória em função do álcool;
  • ter sinais de tolerância ao álcool (necessitar de doses cada vez maiores).

4. APRESENTAR CONFUSÃO MENTAL

Outro indicativo de que uma pessoa é alcoólatra é a lentidão do raciocínio e a confusão mental.

Entretanto, esse sinal não é imediato, mas surge a longo prazo, conforme o alcoólatra continua a ingerir álcool de forma descontrolada.

Esse é um sinal apresentado pela pessoa doente, mesmo quando ela não está bebendo.

Quanto maior o tempo de vício, mais a pessoa fica prejudicada em seu raciocínio.

5. SOFRER MUDANÇAS NO SONO E NA FOME

Uma pessoa alcoólatra também costuma sofrer mudanças no sono, porque o álcool provoca relaxamento e sono.

Dessa forma, ela pode ter dificuldade para dormir sem o ingerir, levando a problemas sérios de insônia.

Além dos distúrbios do sono, o doente também pode sofrer com falta de apetite, substituindo o alimento por bebidas alcoólicas.

Em alguns casos, é possível observar o desenvolvimento de transtornos como anorexia ou bulimia, induzidos pelo uso do álcool.

6. PASSAR POR ALTERAÇÕES FREQUENTES DE HUMOR

Uma pessoa viciada em álcool tem alterações de humor porque sente prazer e relaxamento. Então, quando bebe, se torna mais alegre, desinibida e tem sensações positivas.

São essas reações (entre outros fatores) que fazem com que ela busque o álcool cada vez mais.

Entretanto, quando ela já não bebe há tempo suficiente para não haver mais álcool no seu organismo, o oposto acontece. Ou seja, ela começa a sentir irritabilidade, estresse e sentimentos negativos.

Se a bebida provoca essas variações de humor, é fundamental procurar o auxílio de um profissional da saúde, como o psiquiatra, para o diagnóstico.

7. TER A PERCEPÇÃO DE QUE O ÁLCOOL ESTÁ TRAZENDO PREJUÍZOS

É possível perceber que uma pessoa é alcoólatra quando ela mesma nota que o álcool está trazendo prejuízos, como:

  • perceber que o álcool está atrapalhando a vida em família e o trabalho;
  • notar que os prejuízos relacionados ao álcool se agravaram nos últimos meses;
  • ter a sensação de que aproveitaria mais a vida sem beber;
  • Se sentir culpada pelo próprio padrão de consumo de álcool.

8. APRESENTAR SINTOMAS DE SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA

Um outro aspecto que pode indicar alcoolismo é se a pessoa tem sintomas de abstinência quando fica sem ingerir álcool, como:

  • náuseas, vômitos, sudorese excessiva, tremores, taquicardia, delírios e alucinações ao ficar sem beber;
  • ficar ansiosa, irritada, depressiva ou violenta quando não pode ingerir álcool;
  • continuar bebendo para evitar a manifestação desses sintomas.

QUANDO É HORA DE BUSCAR AJUDA?

Ao se identificar com alguns dos sinais listados acima ou acreditar que um familiar esteja enfrentando problemas com o álcool, é necessário buscar ajuda médica para lidar com essa dependência, preferencialmente de um psiquiatra.

O alcoolismo é uma doença crônica e que não tem cura, mas o tratamento com medicamentos, auxílio de um psicólogo e internação (quando necessário) possibilita que a pessoa se afaste do álcool e recupere sua qualidade de vida.

Frequentar grupos de apoio, fazer exercícios físicos e criar novas rotinas também são medidas importantes.

FAQ (PERGUNTAS FREQUENTES)

Exagerar na bebida pode ser considerado alcoolismo?

O exagero ao consumir álcool pode ser um dos sinais do alcoolismo, mas não indica, isoladamente, que alguém é alcoólatra.

Quando a pessoa pode ser considerada alcoólatra?

É possível considerar uma pessoa alcoólatra quando o consumo de álcool está afetando diversos aspectos de sua vida, quando relacionamentos estão sendo desfeitos e o emprego está em risco, por exemplo.

Como se inicia o alcoolismo?

A doença se inicia gradualmente, conforme a necessidade de ingerir o álcool aumenta.

Mas é possível dizer que o alcoolismo se instalou quando a pessoa não consegue mais evitar o consumo de bebida alcoólica.

Quais são as principais causas do alcoolismo?

Não há apenas uma causa para o vício em álcool, podendo ele ser motivado por fatores ambientais, familiares, psicológicos e até genéticos.

Quem bebe uma vez por semana pode ser alcoólatra?

Não necessariamente, porém, beber toda semana é um fator de risco para o alcoolismo e pode levar à dependência de álcool a longo prazo.

O que é depressão alcoólica?

A depressão alcoólica se trata de um transtorno mental, que está relacionado ao consumo desenfreado de álcool.

Ela pode acontecer quando uma pessoa que já sofre com depressão tem os seus sintomas piorados pelo abuso do álcool.

Também pode surgir quando uma pessoa já recuperada de um quadro depressivo volta a manifestar seus sintomas, devido à ingestão descontrolada da substância.

É possível parar de beber sozinho?

Dificilmente uma pessoa alcoólatra conseguirá parar de beber sozinha, uma vez que o alcoolismo se trata de uma doença.

Isso significa que não basta a força de vontade da pessoa viciada, o acompanhamento profissional é essencial.

Como parar de beber de vez?

A forma como cada pessoa parará de beber e vencerá o vício é muito particular, uma vez que há diversos tratamentos que podem ajudar nesses casos.

Entretanto, buscar auxílio médico e psicológico é fundamental para acabar com ele.

CONCLUSÃO

Como mostrado neste post "Como saber se sou alcoólatra?", esta é uma doença muito séria, que pode prejudicar a saúde mental e física, além de interferir na relação com outras pessoas.

Se houver suspeita de que alguém é dependente do álcool, é fundamental buscar auxílio de profissionais de saúde que possam ajudar a lidar com o quadro.

O médico (preferencialmente um psiquiatra) pode ajudar no alívio desses sintomas, para reduzir as chances de o alcoólatra sentir necessidade de beber novamente.

25/04/2025   •   há 14 dias