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LER: o que é lesão por esforço repetitivo, qual é o tratamento e como prevenir

Revisado pela Equipe de Redação da Medprev

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A impressão de que cada vez mais pessoas têm LER, ou lesão por esforço repetitivo, é correta: de acordo com um estudo do Ministério da Saúde finalizado em 2018, os casos de LER e DORT aumentaram 184% em dez anos entre os trabalhadores brasileiros.

Embora seja uma condição muito frequente, ainda há confusão sobre a LER, começando pelo fato desta condição não ser uma doença.

Você quer saber mais sobre a LER: o que é lesão por esforço repetitivo, qual é o tratamento e como prevenir? Confira o conteúdo a seguir!

O que é LER?

LER é a sigla de lesão por esforço repetitivo, um termo que designa várias condições que atingem o sistema musculoesquelético (formado por estruturas como tendões, nervos, músculos, ossos e articulações) devido a uma sobrecarga mecânica.

O que é DORT?

DORT é a sigla de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. É importante conhecer esse termo porque ele foi criado no intuito de substituir a sigla LER, justamente devido à confusão sobre a origem das doenças estar ou não relacionada ao ambiente profissional.

Além disso, existem ainda dois motivos que justificariam o uso do termo DORT em vez de LER:

  • Ausência de lesão - em grande parte dos casos, as pessoas diagnosticadas com sintomas de LER não apresentam uma lesão propriamente dita no sistema musculoesquelético, de forma que o termo "lesão por esforço repetitivo" não seria correto;
  • Natureza da sobrecarga - além da sobrecarga por esforço repetitivo (sobrecarga mecânica), que caracteriza a LER, há outros tipos de sobrecarga em um ambiente de trabalho que podem prejudicar o sistema musculoesquelético, incluindo vibração contínua, postura inadequada e tarefas que exigem força excessiva para serem executadas.

Assim, o termo DORT seria específico para as condições musculoesqueléticas originadas no trabalho e poderia ser utilizado em quadros causados por diversos tipos de sobrecarga, com ou sem evidências de lesão em qualquer estrutura anatômica.

Entretanto, a sigla DORT não é utilizada oficialmente na medicina e ainda existe muita controvérsia sobre quando usar LER ou DORT. Por isso, no dia a dia, os dois termos são aplicados como sinônimos.

Fatores de risco

A LER é especialmente causada por atividades ocupacionais, ainda que elas não sejam a única origem.

Entre seus principais fatores de risco estão:

  • automatização do trabalho;
  • não realizar pausas nas atividades;
  • trabalhar sob alta pressão;
  • trabalhar em ritmo acelerado regularmente;
  • trabalhar em ambientes frios, ruidosos ou mal ventilados.

Contudo, há determinadas profissões com propensão maior ao aparecimento de doenças, segundo o Ministério da Saúde, como:

  • auxiliares de contabilidade;
  • auxiliares de odontologia;
  • auxiliares e técnicos administrativos;
  • bancários;
  • cozinheiros e auxiliares de cozinha;
  • copeiros;
  • costureiros;
  • cortadores de cana;
  • digitadores;
  • eletricistas;
  • escriturários;
  • montadores de pequenas peças e componentes;
  • operadores de caixas;
  • operadores de máquinas e de terminais de computador;
  • passadeiras;
  • pedreiros;
  • profissionais de controle de qualidade;
  • secretários;
  • telefonistas;
  • trabalhadores da indústria;
  • trabalhadores de confecção de calçados;
  • trabalhadores de limpeza;
  • trabalhadores de teleatendimento.

Sintomas

A LER inclui uma série de doenças, por exemplo:

  • tendinite (especialmente de punho, cotovelo e ombro);
  • cotovelo de tenista (epicondilite lateral);
  • bursite;
  • síndrome do túnel do carpo;
  • dedo em gatilho;
  • lombalgia (dor na região lombar);
  • mialgia (dores musculares).

Em função disso, os sintomas de LER variam bastante de uma pessoa para outra, podendo incluir:

  • dor;
  • dormência;
  • formigamento nas extremidades;
  • sensação choque, agulhadas ou queimação;
  • perda da sensibilidade local ou sensibilidade exacerbada ao toque;
  • fraqueza para segurar objetos;
  • fadiga muscular;
  • dificuldade de movimentar os dedos das mãos;
  • inflamação ou inchaço local;
  • entre outros.

Os sintomas tendem a ficar mais intensos quando a pessoa está trabalhando e se encontra no final de seu expediente, quando está trabalhando sem pausas ou fazendo horas extras.

Embora possam afetar o corpo todo, esses sintomas aparecem principalmente nos membros superiores.

Por progredirem de forma lenta, muitas vezes a pessoa já está com sintomas da LER, mas demora para perceber.

Há casos em que a falta de observância dos sintomas contribui para o seu agravamento, gerando comprometimento significativo da região afetada.

Algumas vezes, os sintomas podem reduzir com o repouso, mas a insistência na realização da atividade que provocou a LER pode fazer com que eles voltem e permaneçam por horas.

Causas

A LER pode atingir qualquer pessoa que execute determinado movimento repetidamente, sem pausas para recuperação dos esforços empreendidos, como:

  • digitar no computador;
  • manter postura estática ou inadequada por longos períodos;
  • usar o celular;
  • limpar a casa;
  • escrever na lousa;
  • carregar peso;
  • fazer atividades manuais como tricô e crochê;
  • jogar videogame, etc.

Além disso, ela pode surgir do uso de mobiliário não ergonômico e da convivência com ruídos elevados.

Apesar de ter diversas causas, no Brasil a LER quase sempre está relacionada a condições originadas no ambiente de trabalho.

Contudo, muitas vezes o fator desencadeante não está exclusivamente ligado às atividades profissionais, de forma que ela não pode ser entendida apenas como uma doença ocupacional.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico e acontece após a determinação da causa dos sintomas, assim como da análise do histórico médico do paciente.

O médico responsável pelo caso também pode solicitar exames de imagem, como:

  • tomografia computadorizada;
  • ressonância magnética;
  • ultrassom;
  • raio-x.

Contudo, a LER pode não ser diagnosticada facilmente, porque seus sintomas acabam sendo comuns a diversas outras condições de saúde, como distúrbios reumáticos, ortopédicos ou neurológicos.

Assim, muitas vezes, é preciso envolver médicos de mais de uma especialidade para confirmar o problema.

Tratamento de LER

O tratamento para as condições caracterizadas com LER e DORT varia de acordo com a origem e a natureza dos sintomas.

Para a melhora dos sintomas, podem ser aplicadas várias medidas terapêuticas, como:

  • correção e adaptação do ambiente de trabalho;
  • repouso da região afetada;
  • uso de medicamentos por via oral, como anti-inflamatórios e corticoides;
  • aplicação de corticoides injetáveis no local da lesão;
  • imobilização com o uso de órteses como talas, coletes e cintas;
  • sessões de fisioterapia;
  • cirurgia.

É importante saber que os sintomas de LER também podem ser causados por:

  • infecções;
  • alterações hormonais;
  • problemas reumáticos;
  • transtornos emocionais.

Cada um desses casos tem um tratamento específico, portanto é essencial buscar orientação do médico reumatologista ou ortopedista para obter diagnóstico e tratamento individualizado.

Estágios da LER

É possível definir a LER em 4 estágios, cada um caracterizado conforme os sintomas e sua intensidade. São eles:

  • Estágio 1 - caracteriza-se pela lesão em seu estado inicial, quando a dor no membro afetado ainda é leve, ainda que provoque sensações de peso e desconforto;
  • Estágio 2 - as dores que antes eram leves passam a ser mais incômodas e começam a demorar mais tempo para melhorar. Outros sintomas são notados, como formigamentos no membro e calores locais. Algumas pessoas podem apresentar sensibilidade ao toque na região afetada, assim como a presença de nódulos no local. Contudo, a pessoa ainda não se sente impedida de realizar suas tarefas, já que consegue tolerar a dor neste nível;
  • Estágio 3 - conviver com a dor se torna muito incômodo porque ela não melhora enquanto a pessoa não faz repouso. A região afetada, além de ficar dolorida, incha e se torna extremamente sensível a toques, que passam a doer;
  • Estágio 4 - aguentar a dor é praticamente impossível porque ela é extremamente intensa e não melhora nem com repouso ou imobilização. Algumas vezes, os membros atrofiam. Nesse estágio, a pessoa não consegue realizar atividades comuns do seu cotidiano e pode sofrer psicologicamente por isso.

A percepção da LER em qualquer dos seus estágios é motivo para procurar um médico especialista, como um ortopedista, para a realização de tratamento, sob pena de agravamento da condição.

Prevenção de LER

A prevenção de LER depende tanto de ações individuais quanto de medidas adotadas pelas empresas para garantir o bem-estar dos trabalhadores.

As principais recomendações para evitar essas condições incluem:

  • ao trabalhar sentado, manter as costas eretas e bem apoiadas no encosto da cadeira, que deve ser apropriada para a pessoa e a atividade que ela exerce;
  • utilizar apoios ergonômicos para os punhos durante o uso do computador;
  • deixar o monitor na altura dos olhos para não ter que forçar o pescoço para baixo;
  • levantar-se, caminhar um pouco e fazer alongamentos a cada 60 minutos;
  • ao executar movimentos repetitivos, fazer pausas de 5 minutos a cada 25 minutos de trabalho;
  • participar de sessões de ginástica laboral;
  • realizar as tarefas de acordo com as orientações fornecidas pela empresa;
  • dobrar os joelhos para erguer objetos pesados do chão;
  • utilizar cintas e outros acessórios de proteção fornecidos pela empresa ao executar tarefas que exigem força física;
  • respeitar os limites do corpo e da mente;
  • intercalar o uso de eletrônicos como celular e videogame com outras atividades;
  • praticar exercícios físicos regulares;
  • procurar ter um estilo de vida saudável.

Além de todas essas ações, para evitar a LER, o ideal é sempre manter a coluna completamente apoiada no encosto da cadeira ao se sentar, e os ombros relaxados.

Ainda, é importante garantir a qualidade do assento para que ele seja ideal para a realização de determinadas atividades.

Também é muito importante observar os sintomas em todas as áreas do corpo, porque a LER pode manifestar-se em qualquer região.

Identificando o problema no seu início, o tratamento é menos complexo e é possível ter qualidade de vida novamente em menor tempo.

FAQ (Perguntas Frequentes)

Como identificar a doença LER?

Identifica-se pela presença de sintomas como dor, formigamento, dormência e dificuldade de movimentação em áreas do corpo que realizam movimentos repetitivos.

Onde é a dor de LER?

A dor se localiza principalmente nos membros superiores, como braços, punhos, ombros e pescoço, mas pode afetar outras regiões do corpo.

O que causa LER?

A LER é causada por movimentos repetitivos, posturas inadequadas, falta de pausas, uso de mobiliário não ergonômico e sobrecarga mecânica no sistema musculoesquelético.

Qual remédio é bom para LER?

Anti-inflamatórios, corticoides e analgésicos são frequentemente usados para aliviar os sintomas, além de medicamentos específicos receitados pelo médico, conforme a gravidade.

Qual a diferença entre LER e tendinite?

LER é um termo genérico para várias condições musculoesqueléticas, enquanto a tendinite é uma inflamação específica de tendões causada por esforço repetitivo.

Como aliviar a dor causada por LER?

A dor pode ser aliviada com repouso, fisioterapia, medicamentos anti-inflamatórios e a correção do ambiente de trabalho ou postura.

Quais são os órgãos afetados pela LER?

A LER afeta principalmente músculos, tendões, nervos e articulações, podendo causar danos ao sistema musculoesquelético.

Quem tem LER tem direito à aposentadoria?

Se comprovada a incapacidade permanente para o trabalho, a pessoa com LER pode ter direito à aposentadoria por invalidez.

O que pode ser feito para evitar a LER?

Evitar LER envolve práticas como pausas regulares, postura correta, uso de equipamentos ergonômicos, alongamentos e atividades físicas.

Qual médico ou profissional da saúde cuida da doença LER?

Especialistas como ortopedistas, reumatologistas e fisioterapeutas, dependendo da gravidade e dos sintomas.

Como é a dor de LER?

A dor pode variar de leve a intensa, com sensações de queimação, formigamento, choque ou fraqueza nas áreas afetadas.

Quais são as doenças de LER?

Tendinite, bursite, síndrome do túnel do carpo, epicondilite lateral, dedo em gatilho, lombalgia e mialgia são exemplos de doenças associadas à LER.

O que fazer em caso de LER?

Procurar um especialista, fazer repouso, adaptar o ambiente de trabalho e realizar tratamento medicamentoso ou fisioterapêutico.

O que acontece se não tratar LER?

Sem tratamento, a LER pode piorar, levando à intensificação da dor, perda de mobilidade e, em casos graves, à incapacidade funcional.

Quais os sintomas de LER nas mãos?

Os sintomas incluem dor, formigamento, fraqueza, dificuldade de segurar objetos e inflamação na região afetada.

Qual a causa da LER?

A LER surge principalmente devido a movimentos repetitivos, posturas inadequadas e falta de pausas em atividades manuais.

Como é feito o diagnóstico de LER?

O diagnóstico é clínico, com análise do histórico médico e, se necessário, exames de imagem como ressonância magnética e ultrassom.

Quais são os fatores de risco para o surgimento de LER?

Os principais fatores de risco incluem ritmo acelerado de trabalho, falta de pausas, alta pressão no trabalho, ambientes frios e mal ventilados.

Quem tem LER pode fazer musculação?

Dependendo da gravidade, pode ser permitido, desde que supervisionado e adaptado por profissionais para evitar piora da condição.

Quem tem LER pode trabalhar?

Se os sintomas forem controlados e as condições de trabalho forem adequadas, a pessoa pode continuar a trabalhar, com adaptações ergonômicas.

Qual o tratamento para a LER?

Inclui repouso, correção do ambiente de trabalho, uso de medicamentos, fisioterapia e, em casos mais graves, cirurgia.

Que tipo de exercícios pode ser feito para evitar LER?

Exercícios de alongamento, fortalecimento muscular e ginástica laboral são recomendados.

Quais as consequências da LER?

A LER pode levar à incapacidade funcional, redução da mobilidade e, se não tratada, à necessidade de afastamento do trabalho.

Qual exame identifica a LER?

Exames de imagem como ressonância magnética, tomografia computadorizada e ultrassonografia podem auxiliar na identificação da LER.

Conclusão

Como mostrado neste post "LER: o que é lesão por esforço repetitivo, qual é o tratamento e como prevenir", esta é uma condição que pode afetar diversas regiões do corpo e causar diferentes níveis de dor.

Atentar-se aos sintomas e identificá-los o mais cedo possível é essencial para uma melhor recuperação, prevenção de problemas mais graves e manutenção da saúde.

A suspeita da LER deve ser avaliada e confirmada por um reumatologista ou um ortopedista, por meio de avaliação clínica e exames que eles julgarem pertinentes, para que o tratamento comece, promovendo alívio dos sintomas.

11/04/2025   •   há um mês