Como saber se tenho lúpus?
Revisado pela Equipe de Redação da Medprev
O lúpus é uma doença inflamatória autoimune que atinge diversos órgãos e tecidos no corpo, podendo surgir em qualquer idade (embora seja comum em mulheres entre 15 e 45 anos).
Estima-se que, no Brasil, existam cerca de 65 mil pessoas com lúpus eritematoso sistêmico (LES).
A doença não é tão rara, por essa razão, é importante estar atento aos seus sintomas e buscar atendimento médico ao suspeitar da condição.
A manifestação da doença varia para cada pessoa, porém o lúpus pode ter um impacto significativo na qualidade de vida, exigindo cuidados contínuos e tratamentos específicos.
Se você já se perguntou “Como saber se tenho lúpus?” ou quer aprender mais sobre esse tema, confira o conteúdo a seguir.
O que é o lúpus?
O lúpus é uma doença do tipo autoimune que faz com que o sistema imunológico do paciente não reconheça as células do próprio organismo.
Como consequência, há ataques ao tecido conjuntivo, provocando inflamações e danos teciduais.
As causas do lúpus não são completamente conhecidas, mas há medidas que podem ser tomadas para ajudar a evitar as crises e controlar os sintomas em pessoas diagnosticadas.
Inclusive, é importante citar que qualquer parte do corpo pode ser acometida pela doença, contudo, na maioria dos casos, os sintomas costumam afetar áreas ou órgãos específicos, não se propagando por todo o corpo de forma simultânea.
Existem diferentes tipos de lúpus, sendo o mais preocupante o lúpus eritematoso sistêmico (LES), que pode afetar múltiplos órgãos e apresenta sintomas como fadiga extrema, dores articulares, erupções cutâneas e febre.
O diagnóstico do lúpus ocorre principalmente por meio de análise dos sintomas e de exames laboratoriais.
Tipos de lúpus
Existem 4 formas (tipos) do lúpus:
- lúpus eritematoso sistêmico (LES);
- lúpus cutâneo;
- lúpus induzido por medicamentos;
- lúpus neonatal.
1. Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é a forma mais comum e também a mais grave da doença, podendo afetar diversas partes do corpo, como:
- pele;
- articulações;
- rins;
- coração;
- pulmões;
- cérebro.
Este tipo pode desencadear uma grande variedade de sintomas, como:
- fadiga;
- dores articulares;
- febre;
- erupções cutâneas;
- problemas renais.
O LES também pode causar problemas neurológicos, como convulsões e mudanças de comportamento, além de complicações cardiovasculares, como inflamação do coração (pericardite) e aumento do risco de doenças cardíacas.
A gravidade do LES varia muito de paciente para paciente.
Isto quer dizer que alguns podem ter apenas sintomas leves, como dores articulares e fadiga, enquanto outros podem enfrentar sérias complicações, como insuficiência renal ou comprometimento do sistema nervoso central.
Como o LES tende a ter períodos de crises e remissões, o monitoramento contínuo por um reumatologista é essencial para o manejo da doença.
2. Lúpus cutâneo
O lúpus cutâneo afeta predominantemente a pele, e suas manifestações podem variar em gravidade e aparência.
O tipo mais comum é o lúpus eritematoso discoide (LED), caracterizado por lesões em forma de disco que geralmente aparecem no rosto, couro cabeludo e orelhas.
Essas lesões podem deixar cicatrizes e, em alguns casos, resultar em perda de cabelo nas áreas afetadas.
As erupções podem ser agravadas pela exposição ao sol, já que pessoas com lúpus cutâneo tendem a ser altamente sensíveis à luz solar (fotossensibilidade).
Existem outras formas de lúpus cutâneo, como o lúpus cutâneo subagudo, que apresenta lesões disseminadas pelo corpo.
Embora o lúpus cutâneo afete principalmente a pele, este tipo pode indicar a possibilidade de o paciente também desenvolver LES.
O tratamento inclui o uso de protetores solares, medicamentos tópicos, anti-inflamatórios e, em casos mais graves, imunossupressores para controlar as erupções.
3. Lúpus Induzido por medicamentos
O lúpus induzido por medicamentos é uma forma temporária da doença que surge como reação ao uso de certos medicamentos, como hidralazina, procainamida e alguns medicamentos usados no tratamento de pressão alta ou arritmias.
Os sintomas são semelhantes aos do lúpus eritematoso sistêmico, como:
- febre;
- dores articulares;
- dores musculares;
- erupções cutâneas.
Contudo, geralmente não afetam órgãos internos como rins ou cérebro, o que o diferencia do LES.
Neste tipo, todos os sintomas desaparecem quando o uso do medicamento é interrompido, contudo, pode levar semanas e até meses para que isso aconteça.
4. Lúpus neonatal
O lúpus neonatal é uma condição rara que afeta bebês recém-nascidos de mães que possuem autoanticorpos específicos associados ao lúpus.
Esses anticorpos podem atravessar a placenta e afetar o feto, resultando em sintomas, como:
- erupções cutâneas;
- problemas hepáticos;
- anemia;
- bloqueio cardíaco congênito (em casos mais graves).
As erupções cutâneas geralmente desaparecem sozinhas nos primeiros meses de vida, à medida que os anticorpos maternos são eliminados do sistema do bebê.
Embora o lúpus neonatal possa causar preocupações imediatas, a maioria dos casos não leva a complicações de longo prazo, exceto no caso de bloqueio cardíaco congênito, que pode exigir intervenção médica mais séria, como a implantação de um marca-passo.
Mulheres com lúpus ou que possuem os anticorpos associados devem ser monitoradas de perto durante a gravidez (além do acompanhamento pelo obstetra) para minimizar os riscos e garantir uma intervenção precoce, se necessário.
Como saber se tenho lúpus (sintomas)?
O desequilíbrio no sistema imunológico causado pelo lúpus resulta em diversos sintomas, que variam de acordo com os órgãos e as regiões do corpo afetadas.
Cada pessoa “sente” a doença de forma diferente, tanto em tipo, quanto em intensidade.
A princípio, um dos sinais mais comuns é a fadiga extrema, que interfere diretamente nas atividades diárias. Ela deixa o paciente exausto, mesmo após longos períodos de descanso.
Além da fadiga, pessoas com lúpus também sofrem com dores articulares e musculares, especialmente nas mãos, pulsos e joelhos (que geralmente vêm acompanhadas de inchaço, rigidez, o que dificulta o movimento).
A pele também pode ser afetada, com erupções cutâneas, como a característica "asa de borboleta" que aparece no rosto, cobrindo o nariz e as bochechas.
Outro sintoma frequente são as sensibilidades ao sol (fotossensibilidade), que podem provocar erupções ou piorar as já existentes. O lúpus também pode causar febre sem causa aparente e queda de cabelo, além de feridas na boca e no nariz.
Em muitos casos, há variações no estado de saúde, com períodos de crises intensas, chamadas de "flares", seguidos por remissões, onde os sintomas diminuem ou desaparecem temporariamente.
Considerando a complexidade da doença e a variedade de seus sintomas, é possível descobrir o diagnóstico somente consultando-se com o médico e realizando os exames solicitados.
É importante lembrar que, isoladamente, os sintomas do lúpus não indicam a presença da doença, mas é preciso buscar orientação médica ao notar a presença de um ou mais deles de forma simultânea.
Entre os sinais de lúpus mais comuns, estão:
- fraqueza;
- febre e mal-estar frequente;
- dores nas articulações;
- rigidez articular e inchaços;
- rash cutâneo (vermelhidão na face em forma de “borboleta” sobre as bochechas e a ponta do nariz);
- queda de cabelo acentuada;
- lesões na pele que surgem ou pioram quando expostas ao sol;
- dificuldade para respirar;
- sensibilidade à luz do sol;
- dor de cabeça;
- problemas de memória;
- confusão mental;
- linfonodos aumentados (ínguas ou caroços);
- feridas na boca e no nariz.
Casos mais graves
Nos casos mais graves, o lúpus pode afetar órgãos internos, como rins (causando nefrite lúpica), coração, pulmões e até o cérebro, levando a complicações como inflamação dos tecidos, problemas respiratórios, insuficiência renal ou alterações neurológicas.
Esses sintomas mais severos podem comprometer a vida do paciente. Por esse motivo, o acompanhamento médico e o tratamento contínuo são essenciais para evitar danos permanentes e melhorar a qualidade de vida.
Diagnóstico do lúpus
O diagnóstico do lúpus pode ser desafiador devido à grande variedade de sintomas que a doença causa e ao fato de que muitos deles podem se assemelhar a outras condições.
Não há um exame único que possa diagnosticar o lúpus de forma definitiva. Porém, a doença pode ser indicada a partir da combinação de exames laboratoriais, histórico médico, avaliação dos sintomas e exames físicos específicos.
Existem alguns exames que são mais utilizados para o diagnóstico da doença, conheça alguns deles abaixo.
Exames de sangue e urina
Exames de sangue e urina são ferramentas importantes no diagnóstico do lúpus.
Um dos testes mais comuns é o exame de anticorpos antinucleares (FAN), que detecta a presença de anticorpos que atacam o núcleo das células, um indicativo de doenças autoimunes.
Outros exames incluem a dosagem de anticorpos anti-DNA e anti-Smith, que são bem específicos para o LES.
Além disso, os exames de função renal e hepática são usados para avaliar se existe comprometimento dos órgãos.
O exame de urina detecta proteínas ou células anormais que indicam problemas nos rins.
Exame clínico
O lúpus é uma doença caracterizada por períodos de crises e remissões, e os sintomas podem variar de erupções cutâneas, fadiga e dores articulares a problemas mais graves, como inflamação nos órgãos internos.
Como auxílio para o diagnóstico, podem ser considerados alguns critérios classificatórios, como os descritos pela American College of Rheumatology (ACR) e pela Liga Europeia contra o Reumatismo (EULAR), que listam 11 sinais e sintomas comuns do lúpus.
Assim, se no exame clínico o paciente apresentar pelo menos 4 desses critérios (que incluem erupção em "asa de borboleta", fotossensibilidade, alterações sanguíneas e problemas renais, entre outros), é provável que o diagnóstico de lúpus seja confirmado.
Biópsia renal
A biópsia renal é um procedimento importante no diagnóstico e manejo de complicações renais associadas ao lúpus, especificamente na identificação da nefrite lúpica, uma inflamação dos rins que pode ocorrer em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES).
Geralmente, este tipo de exame é indicado quando os exames de sangue e de urina mostram sinais de comprometimento renal, como a presença de proteína ou sangue na urina.
Durante a biópsia renal, um pequeno pedaço de tecido do rim é removido para ser examinado ao microscópio.
O objetivo é identificar o grau de inflamação, danos e cicatrizes nos rins, o que ajuda os médicos a determinar o tipo e a gravidade da nefrite lúpica.
Os resultados da biópsia renal são fundamentais para guiar o tratamento, já que o lúpus pode afetar os rins de maneiras muito variadas.
Radiografia do tórax
Assim como a biópsia renal, a radiografia do tórax é um exame de imagem frequentemente utilizado no acompanhamento de pacientes com lúpus, especialmente para identificar possíveis complicações pulmonares e cardíacas.
Embora a radiografia do tórax não seja usada para diagnosticar o lúpus diretamente, ela é uma ferramenta importante para monitorar as consequências da doença nos pulmões e na cavidade torácica.
Durante o tratamento do lúpus, a radiografia do tórax é usada para avaliar a presença de inflamação ou acúmulo de líquido ao redor dos pulmões, que podem causar sintomas como dor no peito, dificuldade para respirar ou tosse.
Além disso, a radiografia pode ajudar a detectar problemas cardíacos, como a pericardite (inflamação do pericárdio, a membrana que envolve o coração), outra complicação comum em pessoas com lúpus.
Tratamento do lúpus
Não há cura definitiva para o lúpus, mas existem diversas formas de tratamento que podem auxiliar a reduzir os sintomas.
Encontrar os gatilhos que podem desencadear essa condição, como exposição à luz solar, infecções ou uso de certos tipos de medicamentos, é o primeiro passo.
Baseado nos níveis de intensidade dos sintomas e nas condições de desenvolvimento da doença, o médico pode sugerir o uso de anti-inflamatórios, uso de protetor solar com maior frequência ou aplicação de corticoides tópicos.
Casos mais graves podem necessitar de imunossupressores ou medicamentos citotóxicos (que reduzem a atividade do sistema imunológico).
Pessoas consideradas do grupo de risco da doença devem ter atenção redobrada aos sintomas.
É o caso das mulheres, especialmente aquelas com idade entre 15 e 45 anos.
Dados mostram que o lúpus tem maior incidência em pessoas de etnia afro-americana, hispânica e asiática.
Outras precauções incluem ainda repouso, prática de exercícios físicos, adotar uma alimentação balanceada e rica em cálcio.
FAQ (Perguntas e respostas)
1. Quais são os primeiros sinais de lúpus?
Os primeiros sinais de lúpus podem variar, mas os mais comuns incluem fadiga extrema, dores articulares e musculares, erupções cutâneas (particularmente no rosto, em forma de “asa de borboleta”), febre inexplicada e sensibilidade ao sol.
Outros sintomas iniciais podem incluir queda de cabelo e feridas na boca.
2. Como o lúpus é diagnosticado?
O diagnóstico de lúpus é feito com base em uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e avaliação de sintomas.
Os médicos, comumente, solicitam exames de sangue, como o anticorpo antinuclear (FAN), além de exames de hemograma, urina e testes de função renal.
A análise dos sintomas e o histórico médico também são fundamentais para o diagnóstico.
3. Existe um exame específico para detectar o lúpus?
Não existe um exame único que diagnostique o lúpus de forma definitiva.
O diagnóstico é feito por meio de uma combinação do histórico de saúde, exame físico e de testes, incluindo exames de sangue (FAN, anti-DNA, anti-Smith), exames de urina e, em alguns casos, biópsias de órgãos afetados, como rins ou pele.
4. Quais exames são necessários para confirmar o lúpus?
Os exames mais comuns incluem o FAN, que detecta anticorpos antinucleares, e exames mais específicos, como os anticorpos anti-DNA e anti-Smith.
Exames de função renal e hepática, além de análises de urina, ajudam a identificar complicações nos órgãos.
Em alguns casos, pode ser necessária uma biópsia renal ou de pele para confirmação.
5. Quais são os órgãos mais afetados pelo lúpus?
O lúpus pode afetar múltiplos órgãos, incluindo a pele, articulações, rins, coração, pulmões e até o sistema nervoso.
A nefrite lúpica, que envolve inflamação nos rins, é uma das complicações mais graves.
Problemas cardíacos (como a pericardite) e pulmonares (como a pleurite) também são comuns.
6. O lúpus tem cura?
Atualmente, o lúpus não tem cura, mas os sintomas podem ser controlados com tratamento adequado.
O uso de medicamentos, como imunomoduladores, imunossupressores e corticosteroides, faz parte do tratamento e pode ajudar a controlar a inflamação e a prevenir complicações graves.
O acompanhamento médico regular é essencial para manter a qualidade de vida do paciente.
Conclusão
Como visto no post “Como saber se tenho lúpus?”, esta é uma doença autoimune complexa e desafiadora de diagnosticar, devido à variedade de sintomas que pode apresentar e à sua semelhança com outras condições.
Para saber se uma pessoa tem lúpus, é essencial observar atentamente os sinais do corpo, como fadiga, dores articulares e erupções cutâneas, além de realizar uma avaliação médica completa.
Embora o lúpus não tenha cura, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem ajudar a controlar a doença.
O acompanhamento regular com o reumatologista é fundamental para o monitoramento da condição.
20/05/2025 • há 23 dias