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Qual é a importância da doação de órgãos?

Revisado pela Equipe de Redação da Medprev

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Ainda que o Brasil seja considerado um especialista em transplantes, o número de doadores no país está abaixo da média mundial. Enquanto a taxa de não-autorização por parte dos familiares é de 25% no mundo, no Brasil esse índice chega a 43%. Entenda a importância da doação de órgãos.

Apesar disso, ainda que de forma tímida, os números vêm crescendo. Em 2018 houve um crescimento de 2,4% no número de doadores. O índice ainda está abaixo do esperado pelas autoridades, mas reforça a ideia de que campanhas de conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos são fundamentais para melhorar esse cenário.

Ainda há mais pacientes na fila do que doadores

Vamos tomar como exemplo os números de 2018. Há dois anos o Brasil realizou 23.534 transplantes, quando a necessidade seria de 39.663. Além disso, outros 30.604 pacientes ingressaram na lista de espera ao longo do ano. Pelo menos 2.851 pessoas morreram esperando um transplante, número que poderia ser menor se eles tivessem tido alguma chance.

O maior empecilho para aumentar esses números ainda está na falta de informação. De acordo com a legislação brasileira, ainda que um paciente tenha morte encefálica declarada e tenha deixado instruções em vida para que os órgãos fossem doados, é necessário ter autorização formal dos familiares para realizar esse procedimento.

Muitas vezes, por conceitos equivocados, falta de informação ou desconhecimento das vontades dos familiares a doação não é autorizada. Perde o paciente, que deixa de fazer um gesto nobre para salvar vidas, e perde quem está na lista de espera, que vê suas chances de melhorar a qualidade de vida diminuírem à medida que o tempo passa.

Morte encefálica: completa e irreversível

O conceito de morte encefálica é um exemplo de condição que, se melhor entendida, poderia aumentar o número de doadores de órgãos e tecidos. Para que a doação possa ser autorizada, o paciente deve ter declarada a “morte cerebral”, conforme um procedimento rígido orientado pelo Conselho Federal de Medicina.

Por morte encefálica entende-se a “ausência de todas as funções neurológicas”, um processo irreversível. Essa confirmação deve ser feita por dois médicos não relacionados às equipes de transplante e são feitos exames clínicos para se atestar essa condição. Exames como como eletroencefalograma, ultrassom com doppler transcraniano e arteriografia cerebral estão entre eles.

Vale lembrar ainda que essa condição é diferente do estado de coma – no qual há possibilidade de reversão. Porém, esse procedimento deve ser realizado em tempo hábil para que a integridade dos órgãos seja preservada. No caso de um rim a espera pode ser de até 48 horas pós-isquemia, enquanto o coração não resiste a mais do que 4 horas.

Importante: após a retirada dos órgãos, o corpo fica como antes, sem qualquer deformidade. Não há necessidade de sepultamentos especiais. O doador poderá ser velado e sepultado normalmente, sem nenhum dano estético.

Doar órgãos é fazer com que uma parte sua permaneça viva

A simples compreensão desses dois pontos já poderia ser suficiente para aumentar o número de doadores. Ainda que muitos se sintam desconfortáveis de falar abertamente sobre o futuro pós-morte, esse é um tema que deve ser debatido com as pessoas mais próximas do seu convívio.

Lembre-se de que, ainda que seja seu desejo ser um doador, somente os seus familiares é que poderão chancelar essa decisão. Por isso, é importante que eles tenham ciência das suas vontades e que você possa esclarecer qualquer mal entendido que ainda exista relacionado ao tema.

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Doar órgãos é um gesto que ajuda a salvar vidas. Se você tem vontade de ajudar, mas ainda está inseguro com relação aos procedimentos, nós recomendamos que você converse com um médico para tirar todas as suas dúvidas. Você pode localizar a unidade do Medprev mais próxima para agendar uma consulta com um profissional de saúde.

É muito importante que você tire suas dúvidas e, posteriormente, esclareça também seus familiares, conscientizando-os com relação a essa atitude nobre.

24/02/2022   •   há 2 anos