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Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): como lidar e tratar?

Revisado pela Equipe de Redação da Medprev

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O transtorno obsessivo-compulsivo, conhecido como TOC, é uma condição de saúde mental que afeta cerca de 1 a 2,5% da população mundial, tornando-se uma das 10 principais causas de incapacitação, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, estima-se que afete aproximadamente 4 milhões de pessoas, mas esse número pode ser ainda maior devido à falta de diagnóstico e conhecimento sobre a patologia. No entanto, aproximadamente 30% daqueles que têm TOC se recusam a buscar tratamento.

Neste artigo, aprenda mais sobre o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): como lidar e tratar, sintomas, tipos, causas, diagnóstico e principais características.

O que é transtorno obsessivo-compulsivo?

O transtorno obsessivo-compulsivo, ou TOC, é uma condição de saúde mental caracterizada por crises repetidas de obsessões e compulsões.

As obsessões mentais são tão intrusivas e repetitivas que o indivíduo não consegue controlar. Elas podem se manifestar de várias formas, como preocupações excessivas com a simetria de objetos, questões de limpeza e higiene, medos irracionais, entre outros.

Para aliviar a ansiedade de quem lida com o TOC, é preciso executar rituais específicos, conhecidos como compulsões, que seguem regras preestabelecidas.

O ato de realizar as compulsões ajuda temporariamente a pessoa a lidar com esses pensamentos intrusivos, mas com o tempo, pode tornar-se prejudicial tanto para a pessoa quanto para sua família e círculo social.

É importante entender que as compulsões são comportamentos físicos repetitivos que surgem como uma resposta às obsessões.

As pessoas com TOC podem, por exemplo, verificar repetidamente se as portas estão trancadas, se o fogão está desligado ou se todas as luzes estão apagadas.

Outro comportamento comum é a necessidade de organização extrema, o que pode ter como consequência gastar horas organizando objetos de forma simétrica ou de forma repetitiva.

Quando realizados de forma exagerada, os comportamentos repetitivos podem prejudicar a qualidade de vida do indivíduo, suas relações com outras pessoas, além de intensificar a ansiedade relacionada à obsessão e compulsão.

Qual a diferença entre TOC e mania?

As manias são, em essência, rituais repetitivos que as pessoas frequentemente realizam com base em superstições ou crenças pessoais.

Esses rituais podem variar significativamente de pessoa para pessoa e podem abranger uma ampla gama de atividades, desde tocar objetos específicos até executar ações específicas em momentos específicos.

Por outro lado, o transtorno obsessivo-compulsivo é uma condição psiquiátrica que envolve obsessões e compulsões, que são muito mais intrusivas e perturbadoras para uma pessoa.

As obsessões são pensamentos, ideias ou impulsos recorrentes e indesejados que causam ansiedade, medo ou desconforto. As compulsões são comportamentos repetitivos que uma pessoa executa em resposta às obsessões para aliviar uma ansiedade ou uma angústia.

Além disso, o TOC está frequentemente associado a sentimentos intensos de medo, culpa e ansiedade, o que não é uma característica comum das manias. O TOC pode ser debilitante e interferir significativamente nas atividades diárias, nos relacionamentos e na qualidade de vida da pessoa afetada.

Sintomas do TOC

Os sintomas do TOC podem variar muito de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:

  • Pensamentos obsessivos - pensamentos indesejados, como medo de contaminação, pensamentos violentos ou sexuais, preocupações com a ordem e simetria;

  • Compulsões - comportamentos repetitivos, como lavagem excessiva das mãos, verificação constante de travas ou contagem repetitiva;

  • Ansiedade - a presença constante de pensamentos obsessivos causa ansiedade significativa, levando uma pessoa a realizar compulsões para aliviar essa ansiedade.

  • Preocupação excessiva com detalhes - as pessoas com TOC tendem a ter apego aos detalhes de forma intensa;

  • Impacto na vida diária - o TOC pode interferir nas atividades diárias, nas relações interpessoais e no trabalho ou na escola.

Comumente, o TOC começa entre os 19 e 20 anos, porém mais de 25% dos casos começam antes dos 14 anos.

Tipos de Transtorno Obsessivo-Compulsivo

Existem dois tipos de TOC: clínico e subclínico. No caso do transtorno obsessivo-compulsivo subclínico, as obsessões e compulsões são frequentes, mas não causam um impacto significativo na vida da pessoa. Já no clínico as obsessões persistem até que a compulsão seja realizada para aliviar a ansiedade.

Causas do transtorno obsessivo-compulsivo

As causas exatas do TOC ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que seja uma combinação de fatores que podem ser divididos em fatores biológicos e psicológicos.

Fatores Biológicos

Entre os fatores biológicos que podem estar relacionados à causa do TOC, estão:

  • traumatismo cranioencefálico;
  • derrame;
  • acidentes cerebrais;
  • encefalites;
  • mal de Parkinson;
  • síndrome de Tourette;
  • mudanças na fisiologia cerebral;
  • predisposição genética.

Fatores Psicológicos

Entre os fatores psicológicos que podem estar relacionados ao TOC, estão:

  • a forma como o paciente lida com medos e ansiedades;
  • eficácia de tratamentos sem intervenção medicamentosa, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC);
  • fatores sociais e efeitos de outras doenças.

Diagnóstico e tratamento de transtorno obsessivo-compulsivo

Identificar o TOC é fundamental para buscar ajuda e tratamento adequado. Geralmente, levam alguns anos após o início dos primeiros sintomas para que um diagnóstico definitivo de TOC seja feito.

Portanto, a maioria dos casos é identificada em adultos, embora o transtorno obsessivo-compulsivo possa afetar crianças a partir dos 3 ou 4 anos de idade.

Na infância, o distúrbio é mais comum em meninos, mas, na adolescência tardia, a proporção de casos é semelhante entre os sexos.

O TOC também pode ocorrer em conjunto com outras condições psicológicas, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e depressão.

O diagnóstico precoce é crucial, especialmente porque cerca de 50% das pessoas com TOC têm pensamentos suicidas e 25% delas já desejaram o suicídio.

Para obter um diagnóstico e tratamento adequados, é essencial que a pessoa procure a ajuda de um profissional de saúde mental como o psiquiatra e o psicólogo.

O tratamento geralmente envolve medicamentos e terapia, que tem como objetivo modificar e reduzir os comportamentos repetitivos e obsessivos.

A psicoterapia desempenha um papel fundamental para a melhora do quadro de saúde, ajudando o paciente a compreender que o TOC é uma condição tratável, assim como qualquer doença física.

Terapia cognitivo-comportamental (TCC)

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem terapêutica que ajuda o paciente a identificar e modificar pensamentos disfuncionais e comportamentos compulsivos. Assim, é possível reduzir a ansiedade, além dos rituais presentes no TOC.

Medicação

Os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) são frequentemente prescritos para tratar os sintomas do TOC.

Esses medicamentos ajudam a regular os níveis de serotonina no cérebro, um neurotransmissor associado ao humor e ao bem-estar emocional.

Ao aumentar a disponibilidade de serotonina no cérebro, os ISRS podem reduzir a intensidade das obsessões e compulsões, assim como a ansiedade associada a elas.

No entanto, os resultados podem variar de acordo com a pessoa e o tratamento com medicamentos necessita de acompanhamento médico regular para monitorar os efeitos colaterais e ajustar a dosagem conforme necessário.

Terapia de exposição e prevenção de resposta (ERP)

A terapia de exposição e prevenção de resposta (ERP) envolve a exposição gradual do paciente a situações, objetos ou pensamentos que desencadeiam suas obsessões, enquanto simultaneamente desencoraja o uso de compulsões como resposta a essas obsessões.

O objetivo é ajudar o paciente a enfrentar seus medos e ansiedades de forma controlada, permitindo que eles desenvolvam uma maior tolerância às obsessões ao longo do tempo.

O ERP é conduzido por um terapeuta especializado que define o tratamento de acordo com as necessidades específicas do paciente.

Suporte psicológico

O apoio de um terapeuta ou psicólogo pode oferecer um ambiente seguro para o paciente expressar seus pensamentos, medos e preocupações relacionados ao TOC.

Os profissionais de saúde mental podem ajudar o paciente a aprender estratégias de enfrentamento, desenvolver habilidades para gerenciar o TOC no dia a dia e oferecer suporte emocional durante o processo de tratamento.

Ter um sistema de suporte adequado pode ser essencial para o sucesso em longo prazo no gerenciamento do TOC.

Conclusão

Como visto no post "Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): como lidar e tratar?", essa é uma condição desafiadora, mas tratável.

Com tratamento, que pode incluir terapia cognitivo-comportamental, medicação e terapia de exposição, pessoas com TOC podem reduzir os sintomas e melhorar sua qualidade de vida.

Ao notar os sintomas, é indicado procurar ajuda de um médico especializado no transtorno, como um psiquiatra ou psicólogo.

É importante ressaltar que o TOC é uma condição mental séria que precisa de cuidado e tratamento adequado.

25/01/2024   •   há 3 meses