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Tricotilomania

Tricotilomania: o que é, sintomas e tratamento

Revisado pela Equipe de Redação da Medprev

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A tricotilomania é um transtorno caracterizado pelo impulso incontrolável de arrancar os próprios cabelos. Essa condição pode levar à perda de cabelo significativa e ter um impacto substancial na qualidade de vida dos afetados.

Embora a tricotilomania seja frequentemente relacionada a um transtorno de ansiedade, suas causas, sintomas e tratamentos específicos são complexos e exigem uma abordagem multidisciplinar para o diagnóstico e intervenção adequados.

Neste artigo, descubra mais sobre a tricotilomania: o que é, sintomas e tratamento!

O que é tricotilomania?

A tricotilomania é uma desordem comportamental crônica descrita pelo impulso recorrente e incontrolável de arrancar fios ou tufos de cabelos do couro cabeludo e sobrancelhas.

Também pode ocorrer, em menor frequência, a partir da remoção de pelos de qualquer outra região do corpo (braços, pernas, barba, nervosismo, púbis, etc.), o que resulta no aparecimento de uma falha capilar na região do corpo que sofreu a intervenção.

Essa ação compulsiva pode começar levemente, com a retirada de alguns fios, mas em casos mais graves, pode progredir para a remoção de mechas inteiras de cabelo.

Há casos em que o ato é consciente e, de certo modo, segue um ritual. A pessoa seleciona os fios que pretende arrancar de acordo com uma escolha preestabelecida (cabelos brancos, rebeldes, crespos, muito finos ou grossos demais, por exemplo) e passa a puxá-los com as mãos ou utilizando objetos que facilitam o processo.

Esse comportamento não é motivado por preocupações com a aparência, mas muitas vezes é precedido por uma sensação de tensão ou ansiedade, que é aliviada pelo ato de arrancar os cabelos, muitas vezes seguida por uma sensação de gratificação.

É comum encontrar pessoas que, depois de arrancarem o cabelo, tocam os lábios com ele, mordem a raiz, enrolam o fio nos dedos. Esses gestos prolongam a sensação de intervalo e conforto.

O paciente também pode apresentar tricotilofagia, que é a ação de mastigar e engolir os cabelos arrancados.

Estudos clínicos sugerem que aproximadamente 40% dos pacientes desenvolvem o hábito de engolir os fios, distúrbio que caracteriza a tricofagia.

Como o estômago não tem a capacidade de digerir queratina, eles se acumulam no sistema digestório, chegando ao ponto de formar um bolo compacto, denominado tricobezoar.

Esse acúmulo de cabelo bloqueia o trânsito gastrointestinal, trazendo consequências graves para a saúde e, inclusive, podendo levar ao óbito.

Sintomas

O sintoma característico da tricotilomania é o impulso incontrolável para arrancar os cabelos, prática precedida por nível crescente de ansiedade enquanto não realiza a ação.

Quando o fio é arrancado, há uma sensação de relaxamento e prazer.

Como o efeito é passageiro, a pessoa é levada a repetir o comportamento compulsivamente, o que resulta em perdas capilares extensas e evidentes, podendo trazer sofrimento e prejuízo para a pessoa em diferentes situações.

Além do arrancar dos cabelos, outros sintomas e comportamentos associados à tricotilomania podem incluir:

  • sensação de tensão ou ansiedade antes de arrancar os cabelo;
  • falhas capilares que variam de tamanho (desde bem pequenas até extensas áreas de calvície). Em geral, são lesões de formato irregular que ocorrem em mais de um lado;
  • comportamentos repetitivos, como morder, mastigar e engolir os fios arrancados;
  • hábitos automutilantes associados, como roer as unhas, cutucar a pele (picking), morder os lábios;
  • lesões dermatológicas e infecções nas áreas em que os pelos e cabelos são arrancados;
  • tentativas frustradas de parar ou diminuir o comportamento;
  • alívio e satisfação imediata após o ato de arrancar os cabelos.

Em casos graves, os pacientes podem até puxar e engolir cabelos de outras pessoas, de animais de estimação e fios retirados de brinquedos ou de roupas de uso pessoal ou doméstico.

Os pacientes apresentam padrões variados de perda de cabelo, desde áreas pequenas até alopecia completa em algumas regiões.

Além disso, muitos pacientes desenvolvem comportamentos repetitivos, como rituais para selecionar o cabelo a ser arrancado, enrolar os cabelos entre os dedos, morder os fios arrancados e, em alguns casos, até mesmo engolir os cabelos.

Quando a ingestão de cabelos é frequente, isso pode levar à formação de tricobezoares, que são acúmulos de fios de cabelo no estômago, com consequências graves para a saúde.

Muitos pacientes com tricotilomania também sentem vergonha em relação à sua aparência devido à perda de cabelo e podem tentar esconder as áreas sem pelos com perucas, lençóis ou evitar situações sociais em que a perda de cabelo possa ser percebida por outras pessoas.

Além da tricotilomania, muitos pacientes também apresentam outros comportamentos repetitivos relacionados ao corpo, como dermatilomania (arrancar a pele) e onicofagia (roer as unhas).

Causas

Não existe uma causa única para a tricotilomania. Estudos sugerem que a combinação de fatores genéticos, neurobiológicos e comportamentais desempenha um papel importante no desenvolvimento da desordem.

A hereditariedade pode ser um fator, já que foi observado em estudos um aumento no número de casos dentro da mesma família.

Além disso, pesquisas indicam que deficiências em neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e dopamina, que estão associadas à impulsividade, podem estar envolvidas na tricotilomania.

Outros fatores que contribuem para o desenvolvimento da tricotilomania incluem traumas na infância, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, ansiedade e estresse.

Além disso, a tricotilomania é mais comum em crianças entre 9 e 13 anos, embora possa afetar pessoas de todas as idades.

No entanto, é importante destacar que as causas exatas da condição ainda estão sendo pesquisadas e não foram completamente esclarecidas.

É essencial observar que a tricotilomania não é motivada por preocupações com a aparência, como ocorre em transtornos dismórficos corporais, mas sim por um impulso interno que leva ao rompimento após o ato de arrancar cabelos.

Diagnóstico

O diagnóstico geralmente é feito por psiquiatras com o apoio de psicólogos, que podem observar o comportamento do paciente, a falta de cabelo em áreas específicas e, em alguns casos, identificar sintomas como dor abdominal, náuseas e vômitos decorrentes da ingestão de pelos.

O diagnóstico baseia-se principalmente na avaliação clínica do paciente, levando em consideração critérios como:

  • comportamento recorrente de arrancar os cabelos, resultando em perda capilar transparente;
  • sensação de tensão crescente imediatamente antes de arrancar os cabelos ou ao tentar resistir ao impulso;
  • prazer, satisfação ou rompimento após arrancar os cabelos.

É importante também diferenciar a tricotilomania de outros transtornos mentais e possíveis condições dermatológicas que podem causar a queda de cabelo.

Em geral, as áreas de perda de cabelo na tricotilomania são irregulares e ocorrem mais no lado da mão dominante do paciente.

Tratamento

O tratamento da tricotilomania é multidisciplinar e pode envolver dermatologistas, psicólogos, psiquiatras e clínicos gerais.

Saiba a seguir algumas das abordagens de tratamento comuns para essa condição de saúde.

1) Terapia cognitivo-comportamental (TCC)

A terapia cognitivo-comportamental é amplamente reconhecida como uma das abordagens terapêuticas mais indicadas para tratar a tricotilomania.

Essa terapia busca desvendar os padrões de pensamentos negativos e distorcidos que desencadeiam o comportamento de arrancar cabelos. Através do diálogo e da identificação desses pensamentos prejudiciais, os pacientes podem compreender melhor as raízes de seu impulso.

Além disso, a TCC emprega uma técnica de "reversão de hábitos". Essa estratégia tem como objetivo auxiliar os pacientes a substituir o comportamento destrutivo de arrancar cabelos por hábitos mais saudáveis.

Isso inclui aprender a reconhecer as situações de gatilho que desencadeiam o impulso.

O processo da TCC pode ser demorado, mas é essencial para transformar o relacionamento do paciente com a tricotilomania.

2) Medicamentos

Em determinados casos, os profissionais de saúde podem optar por prescrever medicamentos como parte do tratamento da tricotilomania.

Os medicamentos comumente utilizados incluem antidepressivos, em especial os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e estabilizadores de humor.

Esses medicamentos podem ajudar a controlar os impulsos e aliviar os sintomas da tricotilomania, tornando o tratamento mais eficaz.

É importante salientar que o uso de medicamentos deve ser supervisionado por um médico psiquiatra e ser parte integrante de um plano de tratamento abrangente, que frequentemente inclui a terapia cognitivo-comportamental.

3) Grupos de apoio

A participação em grupos de apoio pode ser uma parte valiosa do tratamento da tricotilomania.

Nestes grupos, os pacientes podem compartilhar suas experiências, desafios e estratégias de enfrentamento com outras pessoas que enfrentam a mesma condição. Essa comunidade de apoio proporciona um ambiente seguro para a expressão de preocupações e a troca de dicas úteis.

Participar de grupos de apoio não apenas ajuda os pacientes a se sentirem compreendidos, mas também oferece um espaço onde podem aprender com as experiências de seus pares e obter orientação de pessoas que passaram pelos mesmos desafios.

Conclusão

Como mostrado no post "Tricotilomania: o que é, sintomas e tratamento", este é um transtorno psicológico que afeta a qualidade de vida de muitas pessoas, levando à perda de cabelo e impactando significativamente seu bem-estar.

Embora as causas desse transtorno ainda não sejam totalmente definidas, uma combinação de fatores genéticos, neurobiológicos e comportamentais desempenha um papel importante no seu desenvolvimento.

O diagnóstico e tratamento da tricotilomania requer uma abordagem multidisciplinar envolvendo vários profissionais de saúde.

A terapia cognitivo-comportamental, juntamente com outros tratamentos e medicamentos (quando necessáro), tem se mostrado positiva no controle dos impulsos e na melhoria dos sintomas.

No entanto, o comprometimento e a persistência no tratamento por parte dos pacientes são essenciais para sua recuperação e melhora da qualidade de vida.

26/03/2024   •   há um mês


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