Problema de concentração e memória: como resolver?
Revisado pela Equipe de Redação da Medprev
Cada vez mais pessoas relatam dificuldades para manter a concentração e lidar com lapsos de memória frequentes.
Situações, como esquecer compromissos, perder o foco durante uma leitura ou não conseguir concluir tarefas simples, tornaram-se comuns na rotina moderna, marcada por excesso de estímulos, demandas constantes e sono de má qualidade.
Embora muitas dessas alterações sejam passageiras e associadas ao estilo de vida, também podem sinalizar desequilíbrios clínicos, emocionais e/ou hormonais que exigem investigação.
Por isso, é importante entender as possíveis causas desses sintomas e quando é melhor procurar ajuda.
Saiba mais sobre o problema de concentração e memória: como resolver e quais profissionais procurar, a seguir.
Tratamento para problema de concentração e memória
Melhorar a concentração e a memória exige uma estratégia multidisciplinar, envolvendo ajustes comportamentais, suporte clínico e medidas para a cognição.
1. Mudanças comportamentais
- Organização da rotina - estabelecer objetivos específicos, dividir tarefas por prioridade e manter um espaço de trabalho limpo e silencioso favorecem o foco e a eficiência mental;
- Redução de estímulos digitais - o uso constante de dispositivos móveis prejudica o processo de memorização. Técnicas como o modo "não perturbe" e bloqueadores de aplicativos podem auxiliar na recuperação do foco;
- Mindfulness e respiração - a meditação e os exercícios de respiração profunda são ferramentas eficazes para reduzir a hiperatividade mental causada pelo estresse e pela ansiedade. Esses métodos aumentam a autorregulação emocional e melhoram a capacidade de concentração;
- Higiene do sono - dormir bem é fundamental para consolidar memórias e manter o desempenho cognitivo. O ideal é repousar de 7 a 9 horas por noite, evitando luz intensa e o uso de aparelhos eletrônicos antes de dormir. A insônia impacta diretamente a retenção de informações e o raciocínio lógico;
- Atividade física regular - caminhadas, natação ou musculação favorecem a oxigenação cerebral, regulam hormônios do estresse e promovem a neuroplasticidade.
2. Suporte nutricional e clínico
- Reposição de nutrientes - deficiências em vitaminas do complexo B (especialmente B6, B9 e B12), ferro, ômega-3 e antioxidantes podem comprometer o funcionamento neurológico. A avaliação clínica e laboratorial é essencial antes da suplementação;
- Ajustes medicamentosos com prescrição - alguns medicamentos são indicados em casos de distúrbios cognitivos mais intensos, sempre com prescrição médica. Eles atuam sobre a circulação cerebral, memória e atenção, especialmente em quadros orgânicos;
- Avaliação e tratamento de causas hormonais - distúrbios na tireoide, menopausa e excesso de cortisol estão entre os fatores que mais prejudicam a memória, sobretudo em mulheres a partir dos 40 anos.
3. Apoio psicológico e cognitivo
- Psicoterapia individual - é uma aliada contra fatores emocionais que afetam a memória, como ansiedade, depressão e burnout. Ao trabalhar emoções e padrões de pensamento, há melhora tanto no bem-estar quanto na clareza cognitiva;
- Técnicas de reabilitação cognitiva - incluem atividades como quebra-cabeças, palavras-cruzadas, xadrez, sudoku e cálculos mentais. Esses exercícios estimulam o hipocampo, promovem novas conexões neuronais e fortalecem a memória de longo prazo;
- Jogos mentais, leitura e técnicas de memorização - atividades como reler informações, aprender idiomas, tocar instrumentos ou revisitar memórias por meio de fotos antigas são práticas simples que mantêm o cérebro ativo e treinado para o desempenho diário.
O que é problema de concentração e memória?
Problemas de memória e concentração ocorrem quando há falhas recorrentes nas funções cerebrais responsáveis por armazenar, recuperar e processar informações. A dificuldade de concentração pode se manifestar na atenção:
- Sustentada - manter o foco ao longo do tempo;
- Seletiva - filtrar estímulos irrelevantes;
- Dividida - lidar com múltiplas tarefas simultaneamente.
Os déficits de memória envolvem falhas em diferentes tipos, como na memória de curto e longo prazo, episódica (eventos pessoais), semântica (conhecimento geral) ou operacional (manutenção temporária da informação para tarefas cognitivas).
Embora essas alterações sejam mais comuns com o envelhecimento, também podem surgir em fases anteriores da vida, como na perimenopausa (transição para a menopausa), devido a flutuações hormonais e sobrecarga mental.
É importante destacar que essas dificuldades cognitivas não significam necessariamente uma doença neurológica.
Estresse, ansiedade, privação de sono, má alimentação, sedentarismo, uso excessivo de tecnologia e ambiente desorganizado são fatores externos que influenciam fortemente essas funções cognitivas.
Assim, problemas de atenção e memória devem ser analisados com cautela, observando o contexto em que ocorrem.
É comum ter lapsos esporádicos, esquecer onde colocou as chaves ou não lembrar de um nome conhecido.
No entanto, quando os sintomas se tornam persistentes, interferem na vida profissional, social ou emocional e se associam a dificuldades mais graves, como desorientação ou confusão, pode estar em curso um transtorno cognitivo leve ou até uma doença neurodegenerativa que exige investigação médica.
Sintomas de alteração de memória e concentração
É comum que os sintomas se desenvolvam de forma sutil, confundindo-se com o estresse ou a rotina acelerada. Mas, com o tempo, eles podem se tornar persistentes e impactar o desempenho cotidiano.
Dificuldade para se concentrar em tarefas simples ou longas
A pessoa pode se sentir incapaz de manter a atenção por tempo suficiente para terminar uma tarefa rotineira, como ler um texto, assistir a uma palestra ou realizar atividades profissionais.
A mente tende a se desviar de uma atividade para outra, dificultando a sua continuidade.
Esquecimento de compromissos, nomes ou atividades rotineiras
Esquecer informações como compromissos ou nomes pode indicar problemas de memória de curto prazo ou episódica. Isso costuma se intensificar quando há cansaço ou estresse emocional.
Troca de palavras ou perda da linha de raciocínio em conversas
Muitas pessoas trocam palavras no meio de uma frase ou relatam interromper falas porque "perderam a linha de raciocínio".
Essa desorganização pode estar relacionada à sobrecarga mental, distúrbios do sono ou alterações hormonais, especialmente durante a menopausa.
Sensação de "mente vazia" mesmo em momentos de atenção
Há pessoas que relatam que, mesmo tentando focar, não conseguem manter o pensamento fixo em algo por muito tempo.
Essa sensação de mente vazia pode ser decorrente de fadiga cerebral, excesso de estímulos externos ou falta de estímulos adequados.
Dificuldade em ser multitarefa ou em acompanhar explicações
A mente pode apresentar lentidão para alternar entre tarefas ou para compreender uma explicação complexa.
A realização de múltiplas tarefas simultaneamente exige esforço cognitivo maior, o que pode ser desgastante em quadros de estresse ou ansiedade.
Lentidão para lembrar informações aprendidas recentemente
Esse sintoma consiste em ter mais dificuldade para recuperar o que foi aprendido há pouco tempo, como as instruções de uma reunião ou os detalhes de uma conversa recente.
Esse tipo de esquecimento pode ser agravado por noites mal dormidas ou pela má alimentação, afetando a fixação da memória de longo prazo.
Quando esses sintomas se tornam frequentes e interferem na rotina, é essencial buscar a orientação de um neurologista ou psiquiatra.
Uma avaliação especializada pode identificar se há uma condição médica por trás dos lapsos de memória e concentração ou se fatores externos podem ser ajustados com intervenções no estilo de vida.
Causas de problemas de concentração e memória
Ter dificuldade para se concentrar, esquecer de compromissos importantes e ter lapsos frequentes de memória são queixas cada vez mais comuns.
Entender as causas por trás desses problemas é fundamental para buscar o tratamento adequado, preservar a qualidade de vida e, quando necessário, evitar a progressão de quadros mais graves.
Confira a seguir os principais fatores que interferem na concentração e na memória, desde hábitos do dia a dia até condições clínicas que merecem atenção médica.
1. Estresse e ansiedade
O estresse e a ansiedade têm impacto direto sobre as funções cognitivas, especialmente sobre a memória e a concentração.
Sobrecargas emocionais contínuas ativam de forma excessiva o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, resultando em aumento do cortisol, hormônio associado ao estresse.
Níveis elevados de cortisol interferem diretamente na formação de novas memórias e prejudicam a capacidade de concentração, gerando frequentes lapsos e sensação de confusão mental.
Além disso, o estado de alerta constante associado à ansiedade fragmenta a atenção, dificultando tarefas que exigem foco prolongado.
2. Privação ou má qualidade do sono
Dormir pouco ou com pouca qualidade é uma das principais causas de problemas cognitivos, incluindo memória e concentração.
Durante as fases profundas do sono, ocorre a consolidação das memórias adquiridas durante o dia.
Privação de sono ou interrupções frequentes durante a noite prejudicam esse processo, resultando em menor capacidade de retenção e lembrança das informações.
Inclusive, indivíduos privados de sono apresentam dificuldades evidentes em manter o foco, afetando o desempenho nas atividades diárias e aumentando a ocorrência de erros e distrações.
3. Alimentação inadequada e falta de nutrientes
Uma alimentação desequilibrada, com falta de uma quantidade ideal de nutrientes essenciais como ferro, vitamina B12 e ômega-3, impacta significativamente a saúde cerebral e as funções cognitivas.
A vitamina B12, por exemplo, é essencial para a manutenção das funções neuronais, e sua deficiência está diretamente associada a problemas de memória e concentração.
Já o ômega-3 participa da integridade das membranas celulares dos neurônios, sendo fundamental para a comunicação neuronal eficaz.
Deficiências nutricionais podem levar à deterioração das habilidades cognitivas, gerando problemas de atenção e memória.
4. Uso de medicamentos
Medicamentos específicos têm efeitos colaterais que impactam diretamente a capacidade de concentração e memória.
Antidepressivos, benzodiazepínicos, anti-hipertensivos e alguns antialérgicos são conhecidos por causarem sedação, confusão mental e prejuízos na atenção.
Esses efeitos colaterais geralmente estão relacionados à dosagem e sensibilidade individual, sendo importante um acompanhamento médico adequado para ajustar ou substituir medicações que estejam interferindo na qualidade cognitiva.
5. Doenças psiquiátricas
Diversas condições psiquiátricas, como depressão, transtornos ansiosos, transtornos de humor e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) em adultos, são reconhecidamente prejudiciais à memória e atenção.
A depressão reduz a capacidade cognitiva, prejudicando a memória de trabalho e a concentração devido ao déficit de neurotransmissores essenciais para a manutenção dessas funções.
Já o TDAH provoca dificuldades crônicas em manter a atenção e organizar tarefas, resultando em esquecimentos e baixa produtividade.
6. Menopausa e alterações hormonais
Durante a perimenopausa e menopausa, ocorrem alterações significativas nos níveis hormonais, especialmente a redução do estrogênio.
O estrogênio tem papel protetor sobre a função cognitiva, e sua diminuição nos níveis hormonais pode levar a lapsos de memória e problemas de concentração em mulheres nesse período.
A falta desse hormônio afeta negativamente áreas cerebrais ligadas à memória verbal e atenção sustentada, resultando em dificuldades cognitivas significativas que influenciam diretamente a qualidade de vida.
7. Doenças neurológicas (menos comuns)
Embora menos frequentes, doenças neurológicas, como Alzheimer, demência frontotemporal e sequelas de acidente vascular cerebral (AVC), devem ser consideradas em casos de problemas persistentes e progressivos de memória e concentração.
Essas condições provocam degeneração neuronal ou danos cerebrais específicos, resultando em déficits cognitivos permanentes e progressivos.
Diante de suspeitas clínicas, é essencial a avaliação médica especializada para diagnóstico precoce e definição do manejo terapêutico adequado.
Diagnóstico do problema de memória e concentração
A dificuldade persistente de memória e concentração exige atenção clínica quando interfere nas atividades do dia a dia, compromete a autonomia ou vem acompanhada de outros sintomas, como confusão mental, alterações de humor, sono desregulado ou dificuldade para realizar tarefas simples.
Nesses casos, é essencial buscar avaliação especializada para descartar causas orgânicas ou cognitivas mais sérias, como demência, depressão, TDAH ou doenças neurológicas.
Para o diagnóstico, em consultório, o especialista pode aplicar testes cognitivos padronizados, como o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), que ajuda a identificar possíveis déficits de memória de curto e longo prazo, atenção, orientação espacial e linguagem.
Essa triagem é útil tanto para rastrear síndromes neurológicas quanto para monitorar a progressão de quadros leves.
Além disso, são recomendados exames laboratoriais para investigar causas reversíveis de prejuízo cognitivo, como deficiência de vitamina B12, distúrbios da tireoide, alterações glicêmicas, disfunção hepática ou até infecções.
Quadros como anemia, hipotireoidismo e até desidratação podem estar por trás da falta de foco e memória.
Com base nos exames, o médico pode realizar o encaminhamento para outras especialidades, como neurologia (para investigar distúrbios neurológicos, como demências ou epilepsias), psiquiatria (quando há suspeita de transtornos como depressão, ansiedade ou TDAH) ou geriatria (em pacientes mais idosos com risco aumentado de declínio cognitivo).
É importante lembrar que o diagnóstico precoce e individualizado permite não apenas tratar, mas em muitos casos reverter ou retardar a progressão do quadro, especialmente quando associado a intervenções comportamentais e nutricionais.
FAQ (Perguntas Frequentes)
1. É normal ter lapsos de memória de vez em quando?
Sim. Esquecer onde deixou as chaves ou não lembrar de um nome conhecido é comum, especialmente em momentos de estresse ou cansaço.
No entanto, se os esquecimentos se tornarem frequentes e interferirem na rotina, é recomendada avaliação médica.
2. A falta de sono pode afetar a memória?
Sim. O sono é essencial para consolidar memórias e manter o desempenho cognitivo. A privação do sono está entre as principais causas de lapsos de memória e dificuldade de concentração.
3. Quais exames ajudam a diagnosticar problemas de concentração e memória?
O diagnóstico pode envolver avaliação clínica, testes cognitivos como o Mini Exame do Estado Mental e exames laboratoriais que investigam níveis hormonais, glicemia, vitamina B12, função hepática e tireoidiana.
4. Estresse e ansiedade podem causar confusão mental?
Sim. O estresse crônico e a ansiedade mantêm o cérebro em alerta constante, dificultando a concentração e prejudicando a formação de novas memórias. Técnicas de respiração, meditação e psicoterapia ajudam a controlar esses fatores.
5. Suplementos e medicamentos funcionam?
Em alguns casos, sim. Quando há deficiência comprovada de vitaminas (como B12 ou ômega-3) ou quando o quadro clínico exige indicação. A prescrição, no entanto, deve ser feita por um médico após avaliação individualizada.
6. Quem devo procurar quando percebo esses sintomas?
Você pode começar com um clínico geral. Em casos mais complexos, neurologistas, psiquiatras ou geriatras (para idosos) podem ser indicados para diagnóstico e acompanhamento.
Conclusão
Conforme visto no post "Problema de concentração e memória: como resolver?", ter lapsos de memória ou dificuldade de concentração é comum, especialmente em contextos de estresse, sono irregular ou excesso de estímulos digitais.
Porém, quando esses sintomas se tornam persistentes e começam a afetar a produtividade, as relações e a qualidade de vida, é hora de investigar detalhadamente o quadro.
Mudanças no estilo de vida, ajustes nutricionais e suporte psicológico podem trazer grandes benefícios em muitos casos.
E para prevenir condições que possam ser mais graves, é essencial ter o suporte especializado de um profissional de saúde.
12/08/2025 • há 5 dias