Transformações que ocorrem no corpo da mãe após o parto e durante a amamentação
Revisado pela Equipe de Redação da Medprev
Ter uma nova pessoa crescendo dentro de você e dar à luz uma criança já são eventos que modificam intensamente o corpo da mulher. Porém, as mudanças não terminam no momento do parto, e elas continuam se manifestando durante a amamentação.
Conheça as principais transformações que ocorrem no corpo da mulher depois de dar à luz:
1. A mulher sangra por até seis semanas depois do parto
Não basta dar à luz o bebê e expelir a placenta: o corpo da mulher ainda precisa eliminar o que restou de muco, sangue e tecido dentro do útero. Por isso, por até seis semanas depois do parto, seja ele via vaginal ou cesárea, é normal apresentar um sangramento conhecido como lóquio, que não se trata de hemorragia nem de menstruação.
No primeiro dia, a mulher pode eliminar grandes coágulos e vai precisar trocar de absorvente a cada duas horas em média. A intensidade do lóquio diminui com o passar do tempo, e o sangue vermelho-vivo ou vermelho-escuro vai dando lugar a um sangramento mais claro.
Se o sangramento persistir por mais de seis semanas ou 40 dias, recomenda-se buscar orientação médica. Se ele desaparecer por algumas semanas e depois voltar com cor vermelho-viva, pode ser o retorno da menstruação.
2. O útero retorna ao seu tamanho normal
Assim que o bebê nasce, o útero da mãe continua distendido, levando algum tempo para voltar ao tamanho que tinha antes. Contudo, a própria natureza contribui para que ele volte ao normal, pois um dos fatores que mais ajudam nesse processo é a amamentação.
A liberação do leite pelo seio acontece devido à ação da ocitocina, conhecida como “hormônio do amor”. É esse mesmo hormônio que possibilita o progresso do trabalho de parto, pois ele estimula as contrações uterinas.
Como esse efeito permanece durante a amamentação, as contrações ajudam o útero a eliminar o lóquio e a retornar ao tamanho que ele tinha antes da gravidez.
3. A mulher pode deixar de menstruar por até um ano
Enquanto a ocitocina estimula os jatos de leite pelo mamilo, é a prolactina que dá o comando para a produção do leite durante a amamentação do bebê. Contudo, esse hormônio tem outros efeitos no organismo da mulher: como a prolactina inibe a ovulação, ela também suprime a menstruação (que só ocorre se o ovário tiver liberado um óvulo e ele não tiver sido fecundado).
Essa ausência de menstruação durante a amamentação no peito é chamada de amenorreia lactacional. Sua duração varia de acordo com o esquema de mamadas:
- Para mulheres que não amamentam: 2 meses depois do parto;
- Para mulheres que amamentam e dão mamadeira: de 3 a 4 meses depois do parto;
- Para mulheres que amamentam exclusivamente: de 6 meses a 1 ano depois do parto.
Além disso, a duração da amenorreia lactacional varia conforme a frequência das mamadas, a força de sucção do bebê e o volume de leite extraído. Ou seja, de forma resumida, quanto mais o bebê mamar no peito, mais tempo a mãe permanecerá sem menstruar.
Entretanto, há outros fatores envolvidos no retorno da menstruação, por isso a amenorreia lactacional pode ter durações diferentes nas gestações de uma mesma mulher. Como regra geral, é indicado falar com o médico quando ela dura mais de um ano.
4. A fertilidade da mulher pode ser reduzida por algum tempo
Além de suprimir a menstruação, outra consequência da ação da prolactina sobre os ovários é a infertilidade temporária. Afinal de contas, se a mulher não ovular, não haverá óvulo disponível para ser fertilizado, impossibilitando uma nova gestação – pelo menos por algum tempo.
Contudo, é importante ter em mente a redução da fertilidade causada pela amamentação só existirá enquanto ela for contínua e exclusiva. Assim que o bebê começar a mamar menos devido à introdução de outros alimentos ou porque ele passou a dormir mais durante a noite, o nível de prolactina vai diminuir e a mulher voltará a ovular.
Além disso, como nosso corpo não funciona como uma máquina, a ovulação pode acontecer mesmo durante a amamentação exclusiva, de forma que uma nova gestação pode ocorrer mesmo duas ou três semanas depois do parto.
Por isso, mesmo que algumas mulheres só voltem a ovular e a ficar férteis seis meses depois do nascimento do bebê, não é aconselhável utilizar a amamentação como método contraceptivo.
5. A libido permanece baixa por algumas semanas
Há várias causas para a redução temporária do desejo sexual nas mulheres que deram à luz recentemente. A mais óbvia delas é o cansaço natural decorrente da adaptação da rotina à chegada do bebê e às noites mal dormidas, mas existem outros fatores.
Outro ponto importante é que os tecidos da região genital ainda estarão sensibilizados, o que poderia tornar as relações sexuais dolorosas. Além disso, as mudanças hormonais podem fazer com que a mulher se sinta menos atraente, o que interfere negativamente na libido.
A própria prolactina também reduz o desejo sexual da mulher e bloqueia a produção dos fluidos que lubrificam o canal vaginal. Por isso, é normal que a libido permaneça baixa até que o bebê se torne um pouco menos dependente da mãe, o que costuma acontecer de 4 a 6 meses depois do parto.
6. O organismo gasta mais calorias que o normal
Outro efeito da amamentação sobre o corpo da mulher é que, por algum tempo, será mais fácil perder peso. Isso acontece porque a produção de leite gasta muita energia do organismo materno, queimando cerca de 200 a 500 calorias a mais por dia.
Isso, porém, não significa que a mulher deva “aproveitar a ajuda” e iniciar uma dieta para emagrecer – nem que ela deva deixar a alimentação saudável de lado pensando que não vai engordar.
Nessa fase, é essencial continuar seguindo as recomendações médicas para que a alimentação da mãe ofereça todos os nutrientes necessários para manter a sua própria saúde e garantir a produção de leite para o bebê.
Lembre-se de que cada mulher é única e que seu corpo segue um ritmo próprio. Se você tiver qualquer dúvida sobre a amamentação, o desenvolvimento do bebê ou as transformações depois do parto, utilize o site ou o aplicativo do MEDPREV para agendar uma consulta com o pediatra ou o ginecologista.
Fonte(s): Scielo, Revista Crescer [1] e [2], Tua Saúde, Delas e Bebê Mamãe
06/04/2022 • há 2 anos