Qual é a relação entre refluxo e gastrite com a ansiedade?
Revisado pelo(a) Dra. Bárbara Serafini Breda, CRM/RS 57350 , Médico Generalista Não possui RQE para Médico Generalista
A ansiedade é uma condição emocional que pode afetar diversos aspectos da saúde, inclusive o sistema digestivo.
O refluxo gastroesofágico e a gastrite, por exemplo, são problemas gastrointestinais comumente relacionados à ansiedade.
Saber mais sobre a conexão entre essas condições, além de aprender sobre como elas se influenciam mutuamente, pode ajudar na busca por orientação profissional (como a do clínico geral).
Veja a seguir qual é a relação entre refluxo e gastrite com a ansiedade!
O que é ansiedade?
A ansiedade é uma condição emocional caracterizada por sentimentos de apreensão, nervosismo e preocupação intensa.
Ela pode se manifestar por meio de uma grande variedade de sintomas:
- Físicos - tensão muscular, aperto no peito, pulsos cardíacos acelerados, falta de ar, tremores, sudorese excessiva, dores de estômago, náuseas e problemas de sono;
- Cognitivos - dificuldade de concentração, preocupação excessiva, pensamentos intrusivos e medo intenso;
- Psicológicos - irritabilidade, inquietação, sensação de nervosismo constante, sensibilidade emocional aumentada e dificuldade em relaxar;
- Comportamentais - isolamento social, dificuldade em lidar com tarefas cotidianas, inquietação motora e comportamento compulsivo.
O que é refluxo gastroesofágico e como é afetado pela ansiedade?
O refluxo gastroesofágico é uma condição na qual o conteúdo ácido do estômago retorna para o esôfago.
Essa condição ocorre devido ao mau funcionamento do esfíncter esofágico inferior, uma válvula muscular localizada entre o esôfago e o estômago, que causa sintomas, como:
- Azia - sensação de queimação ou desconforto no peito que pode se estender até a garganta;
- Regurgitação ácida - retorno do conteúdo do estômago para o esôfago, causando um gosto ácido na boca;
- Dor no peito - sensação de aperto ou dor no peito, que pode ser confundida com sintomas cardíacos;
- Dificuldade na deglutição - que consiste na dificuldade ao engolir;
- Tosse crônica - tosse persistente que não está relacionada a uma condição respiratória;
- Rouquidão - alteração na voz, tornando-se áspera, rouca e cansada;
- Sintomas respiratórios - alguns indivíduos com refluxo gastroesofágico podem apresentar sintomas asmáticos, como falta de ar e chiado no peito;
- Dor de garganta;
- Erosão do esmalte - o ácido do estômago pode causar desgaste do esmalte dos dentes, levando à sensibilidade e cáries.
A relação entre refluxo gastroesofágico e ansiedade tem sido objeto de estudos e pesquisas, pois essa condição pode desempenhar um papel significativo no desenvolvimento ou agravamento do refluxo.
Quando surgem sintomas de ansiedade, o sistema nervoso autônomo (responsável pelo controle das funções involuntárias do corpo), pode sofrer alterações, como o relaxamento do esfíncter esofágico inferior (que se torna menos eficiente em manter o ácido gástrico no estômago).
É importante ressaltar que a relação entre ansiedade e refluxo é complexa e varia para cada pessoa.
Nem todos os indivíduos ansiosos desenvolvem refluxo gastroesofágico, assim como quem lida com refluxo não necessariamente tem a ansiedade como potencializador dessa condição.
Como a ansiedade é afetada pelo refluxo gastroesofágico?
O refluxo gastroesofágico também pode aumentar os níveis de ansiedade.
A sensação desconfortável do refluxo pode causar preocupação e estresse, desencadeando respostas de ansiedade.
Quando uma pessoa experimenta episódios frequentes de refluxo, é comum que ela se preocupe com os impactos negativos que essa ocorrência pode ter em sua saúde.
Além disso, o estresse e a ansiedade podem levar ao consumo excessivo de alimentos gordurosos, picantes e cafeína, que são conhecidos por piorar o refluxo gastroesofágico.
Esses hábitos alimentares inadequados podem criar um ciclo vicioso, onde a ansiedade contribui para o refluxo e vice-versa.
O que é gastrite e como pode ser afetada pela ansiedade?
A gastrite ocorre quando há uma inflamação na região interna do estômago (há dois tipos principais: aguda e crônica).
Embora a ansiedade não seja uma causa direta da gastrite, a relação entre ambas é complexa.
A ansiedade é uma resposta do corpo ao estresse e pode desenvolver uma série de alterações fisiológicas, incluindo um aumento na produção de ácido clorídrico no estômago.
Além disso, essa reação pode encadear sintomas, como:
- Dor abdominal - sensação de dor ou desconforto na região do estômago;
- Queimação no estômago - sensação desconfortável na parte superior do abdômen;
- Náuseas e vômito - sensação de enjoo e possibilidade de vômito;
- Perda de apetite - diminuição do interesse ou falta de vontade de comer;
- Sensação de saciedade precoce - sentir-se cheio mesmo após ingerir pequenas quantidades de comida;
- Indigestão - desconforto após as refeições, sensação de peso no estômago e estufamento;
- Refluxo ácido - retorno do ácido do estômago para o esôfago, causando sintomas semelhantes aos do refluxo gastroesofágico;
- Sangramento gastrointestinal - em casos mais graves de gastrite, pode ocorrer sangramento, que pode ser identificado através de vômitos com sangue ou fezes escuras.
O aumento do ácido estomacal pode irritar a mucosa gástrica, que é responsável pela proteção do estômago.
Quando a mucosa gástrica está danificada ou enfraquecida, o revestimento do estômago torna-se mais vulnerável à inflamação, podendo evoluir para a gastrite.
É fundamental destacar que a ansiedade não é a única causa da gastrite.
Outros fatores, como infecção por Helicobacter pylori, uso prolongado de medicamentos anti-inflamatórios não esteróides (AINEs), consumo excessivo de álcool e tabagismo, também podem contribuir para o desenvolvimento dessa inflamação.
Portanto, o tratamento adequado deve abordar não apenas o tratamento dos sintomas físicos, mas também das questões emocionais do indivíduo.
Como a ansiedade é afetada pela gastrite?
A inflamação causada pela gastrite pode afetar a saúde mental.
Acredita-se que a inflamação crônica no corpo, incluindo a inflamação presente na gastrite, pode causar alterações químicas no cérebro e afetar os neurotransmissores compatíveis relacionados ao equilíbrio emocional.
Assim, pode levar ao aumento dos sintomas de ansiedade em pessoas com gastrite.
Como tratar a ansiedade e os problemas digestivos?
É fundamental abordar tanto a ansiedade quanto os problemas digestivos para promover o bem-estar geral.
Veja algumas práticas para tratar os sintomas de ambas as condições a seguir.
1. Busque ajuda de profissionais de saúde
Os psicólogos e psiquiatras têm um papel fundamental no tratamento dos problemas digestivos relacionados à ansiedade.
Profissionais como esses ajudam a identificar fatores psicológicos e emocionais que dão origem aos sintomas.
Por meio de terapias como a TCC (terapia cognitivo-comportamental), o psicólogo ajuda o paciente a desenvolver habilidades de gerenciamento do estresse.
Além disso, também contribui no processamento das emoções e nas mudanças de padrões de pensamento do paciente.
Os psiquiatras são médicos especializados em saúde mental e ajudam a prescrever medicamentos no tratamento da ansiedade.
Eles atuam na avaliação dos sintomas, fazem o diagnóstico da condição, além de prescrever e acompanhar o uso da medicação.
2. Adote um estilo de vida saudável
Ter uma vida mais saudável é fundamental no tratamento da ansiedade e na melhora da saúde digestiva, por isso é indicado adotar práticas, como:
- uma dieta rica em frutas, legumes, grãos integrais, proteínas e vitaminas. Recomenda-se evitar alimentos processados, ricos em açúcares e vitaminas saturadas, pois podem irritar o sistema digestivo. Também é importante fazer refeições regulares, mastigar bem os alimentos e evitar comer em excesso;
- beber água suficiente ao longo do dia. A água ajuda na digestão adequada dos alimentos, prevenindo a constipação e ajudando a manter a mucosa gástrica saudável;
- praticar exercícios físicos regulares. A atividade física ajuda a reduzir o estresse, promovendo uma circulação sanguínea adequada, fortalecendo os músculos abdominais e melhorando o trânsito intestinal. É preciso que a prática seja realizada de acordo com o condicionamento físico do indivíduo e sempre com acompanhamento médico;
- manter o peso saudável. O excesso de peso pode aumentar a pressão sobre o estômago, levando ao refluxo ácido. É preciso conversar com um profissional de saúde para estabelecer metas realistas de perda de peso e de acordo com as condições de saúde;
- evitar fumar e reduzir o consumo de álcool, pois esses hábitos podem irritar o revestimento do estômago e agravar os sintomas de refluxo e gastrite. Além disso, é indicado evitar refeições tardias antes de dormir, pois a posição horizontal pode facilitar o refluxo ácido.
É preciso lembrar-se de que a mudança de hábitos leva tempo e paciência.
Além disso, é importante buscar orientação profissional, como a do nutricionista, para obter um plano alimentar adequado às necessidades individuais.
3. Evite a automedicação
O uso de medicamentos de forma indiscriminada para refluxo ou gastrite, e sem qualquer orientação médica, pode causar sintomas graves e interferir no tratamento de ambos os problemas de saúde.
Por isso, é essencial consultar um médico como clínico geral para ter diagnóstico completo e tratamento individualizado.
Conclusão
Saber qual é a relação entre refluxo e gastrite com a ansiedade pode ser um desafio.
Quando os sintomas dessas condições de saúde não são tratados, podem resultar em um ciclo prejudicial para a saúde física e emocional.
A ansiedade pode contribuir para o surgimento ou agravamento desses problemas digestivos, enquanto o refluxo e a gastrite podem aumentar os níveis de ansiedade.
Ao identificar os sintomas de ansiedade, refluxo gastroesofágico ou gastrite, é preciso procurar orientação profissional, além de adotar um estilo de vida mais saudável.
28/11/2024 • há 12 dias