Falta de ar: o que pode ser?
Revisado pela Equipe de Redação da Medprev
A falta de ar, também conhecida como dispneia, é um sintoma muito comum em pessoas de diferentes idades. Trata-se de uma sensação desconfortável de dificuldade para respirar, que pode surgir de forma súbita ou progressiva.
Em muitos casos, está relacionada a causas pontuais como esforço físico intenso ou sensação de ansiedade; no entanto, quando é persistente ou está associada a outros sinais, pode indicar doenças mais graves, como insuficiência cardíaca, embolia pulmonar ou infecções respiratórias.
Diante da ampla variedade de possíveis origens, é fundamental compreender os mecanismos que levam à falta de ar, os sintomas que frequentemente a acompanham e os sinais de alerta que exigem atenção imediata.
Saiba mais sobre a falta de ar: o que pode ser, como identificar a gravidade do sintoma e quando procurar ajuda médica, a seguir.
O que é falta de ar?
Clinicamente chamada de dispneia, a falta de ar é definida como a sensação de dificuldade para respirar, podendo se manifestar de forma leve, moderada ou intensa.
Ela é descrita como um esforço maior que o habitual para respirar, como se o ar não fosse suficiente ou como se houvesse um obstáculo à sua entrada ou saída.
Pode surgir em repouso, durante atividades leves ou em situações de estresse. Vale destacar que essa percepção varia entre os pacientes.
A dispneia não é uma doença, mas um sintoma clínico importante, que pode estar associado a condições respiratórias, cardíacas, neurológicas ou até metabólicas.
Causas comuns de falta de ar
A falta de ar pode surgir por diferentes motivos, desde alterações benignas e passageiras até condições clínicas graves que exigem avaliação urgente.
A seguir, veja as causas mais comuns e os principais sinais de alerta.
1. Asma
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias, caracterizada por uma hiper-responsividade dos brônquios a diversos estímulos, como alérgenos, poluentes, exercício físico ou mudanças de temperatura.
Os principais sintomas incluem falta de ar (dispneia), chiado no peito (sibilância), tosse seca persistente e sensação de aperto no tórax, que costumam piorar à noite, nas primeiras horas da manhã ou após esforço físico.
As crises podem variar de leves a graves, exigindo atenção imediata nos casos mais intensos.
O tratamento da asma pode envolver medidas de controle ambiental, uso de broncodilatadores de alívio rápido e corticosteroides inalatórios para controle a longo prazo.
O acompanhamento médico contínuo pelo médico, como o pneumologista, é essencial para ajustar o plano de tratamento e garantir o controle da doença.
2. Bronquite
A bronquite é a inflamação dos brônquios, canais que conduzem o ar aos pulmões. Essa inflamação pode ser aguda ou crônica.
A bronquite aguda costuma ter origem viral, aparecendo após gripes ou resfriados, com duração de poucos dias a semanas.
Já a bronquite crônica é uma condição persistente, definida pela presença de tosse com expectoração por pelo menos três meses em dois anos consecutivos. Comumente, está associada ao tabagismo, à exposição a poluentes ou a poeiras ocupacionais.
Os sintomas da bronquite incluem:
- tosse produtiva (com catarro);
- chiado no peito;
- fadiga;
- dor torácica;
- dificuldade respiratória.
Na forma crônica, esses sintomas são frequentes e podem se agravar durante infecções respiratórias.
O tratamento da bronquite aguda baseia-se na hidratação adequada, repouso, analgésicos e, se necessário, broncodilatadores. Antibióticos não são indicados, exceto se houver suspeita de infecção bacteriana secundária.
Já na bronquite crônica, é essencial o abandono do tabagismo, o uso regular de broncodilatadores e corticosteroides inalatórios, além de vacinação anual contra gripe e pneumococo.
Casos mais avançados podem evoluir para doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), exigindo tratamento contínuo.
3. Pneumonia
A pneumonia é uma infecção pulmonar que acomete os alvéolos, estruturas responsáveis pelas trocas gasosas.
Quando infectados, os alvéolos se enchem de pus e secreção inflamatória, o que compromete a oxigenação do sangue e a função respiratória.
A doença pode ser causada por bactérias, vírus ou fungos. Os principais sintomas da pneumonia são:
- febre alta;
- calafrios;
- tosse com catarro purulento;
- dor torácica (geralmente localizada e que piora com a respiração profunda);
- falta de ar;
- mal-estar geral.
Em idosos, pode haver confusão mental e fraqueza sem febre evidente. O tratamento depende da gravidade e do agente causador.
No caso das pneumonias bacterianas, geralmente é necessário utilizar antibióticos específicos, enquanto em casos virais pode ser preciso suporte clínico (cuidado e acompanhamento contínuo para tratamento e prevenção da doença).
Também podem ser recomendadas medidas como repouso, hidratação, controle da febre e, em casos graves, internação hospitalar com suporte de oxigênio ou antibióticos intravenosos.
A vacinação contra gripe e pneumococo é uma medida importante de prevenção, especialmente em crianças, idosos e imunossuprimidos.
4. Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma condição respiratória progressiva e irreversível que inclui duas manifestações principais: a bronquite crônica e o enfisema pulmonar.
A bronquite crônica é caracterizada por inflamação persistente dos brônquios, com produção excessiva de muco e tosse produtiva por pelo menos três meses em dois anos consecutivos.
Já o enfisema é a destruição dos alvéolos, o que reduz a superfície disponível para trocas gasosas e provoca hiperinsuflação pulmonar.
Os principais sintomas da DPOC são:
- falta de ar progressiva (dispneia);
- tosse crônica;
- chiado no peito;
- fadiga;
- intolerância ao exercício físico;
- sensação de sufocamento, que se agrava com o tempo.
Em estágios avançados, a dispneia pode estar presente mesmo em repouso, comprometendo atividades simples do dia a dia.
O tratamento visa melhorar a qualidade de vida, controlar os sintomas e retardar a progressão da doença.
As principais medidas para melhora do paciente incluem cessação do tabagismo, uso de broncodilatadores de longa duração, corticosteroides inalatórios (dependendo do caso) e reabilitação pulmonar.
Em casos graves, pode ser necessário o uso contínuo de oxigenoterapia domiciliar.
Inclusive, é importante ressaltar que a vacinação contra gripe e pneumococo é essencial para evitar infecções que podem desequilibrar o quadro.
5. Embolia pulmonar
A embolia pulmonar é uma emergência médica que ocorre quando um coágulo sanguíneo (geralmente originado nas veias profundas das pernas) se desloca pela corrente sanguínea e obstrui uma ou mais artérias dos pulmões.
Essa obstrução compromete a circulação pulmonar e a oxigenação do sangue, podendo causar lesões cardíacas e até levar à morte, se não tratada rapidamente.
Os sintomas da embolia pulmonar aparecem de forma súbita e incluem:
- falta de ar intensa;
- dor torácica aguda (que piora com a respiração);
- tosse seca ou com sangue (hemoptise);
- taquicardia;
- ansiedade;
- sensação de desmaio.
Em casos graves, pode haver cianose (coloração azulada dos lábios e extremidades), queda da pressão arterial e síncope.
Assim que é realizado o diagnóstico, o tratamento da embolia deve ser iniciado o mais rápido possível.
Ele envolve a anticoagulação com heparina ou varfarina, uso de trombolíticos e, eventualmente, procedimentos intervencionistas ou cirúrgicos para remoção do trombo (coágulo).
A prevenção é fundamental em pacientes de risco, com uso de anticoagulantes profiláticos após cirurgias, viagens prolongadas ou imobilidade prolongada.
6. COVID-19 e sequelas
A COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2 (coronavírus), é uma doença infecciosa respiratória que pode variar de quadros leves a graves, com comprometimento pulmonar extenso.
Nos casos moderados a graves, a infecção afeta os alvéolos pulmonares, gerando inflamação intensa, acúmulo de líquido e alterações na troca gasosa, o que leva à dispneia e à necessidade de ventilação mecânica.
Os principais sintomas da COVID-19 incluem:
- febre;
- tosse seca;
- dor torácica;
- fadiga;
- falta de ar progressiva.
Mesmo após a fase aguda, muitos pacientes desenvolvem sequelas respiratórias, como dispneia persistente, fadiga crônica, diminuição da capacidade pulmonar e, em alguns casos, fibrose pulmonar, resultante da cicatrização anormal do tecido pulmonar.
O tratamento da fase aguda depende da gravidade, podendo incluir suporte respiratório, oxigenoterapia, corticoterapia e antivirais, conforme protocolos atualizados.
Já as sequelas são manejadas por meio de reabilitação pulmonar, fisioterapia respiratória, acompanhamento pneumológico e exames periódicos para monitoramento da função pulmonar.
A vacinação contra COVID-19 continua sendo uma das principais formas de prevenção contra as formas graves da doença e suas consequências a longo prazo.
7. Insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica em que o coração perde a capacidade de bombear sangue de forma eficiente para suprir as necessidades do organismo, o que leva ao acúmulo da substância nos pulmões e em outros tecidos.
Essa condição pode ser causada por infarto, hipertensão arterial descontrolada, cardiomiopatias ou valvopatias.
O sintoma mais característico é a dispneia progressiva, que piora com esforço e também ao deitar-se (ortopneia), devido ao retorno venoso aumentado e à congestão pulmonar.
Em caso de sintomas persistentes ou agravamento da dispneia, é essencial procurar um cardiologista.
Outros sinais da insuficiência cardíaca são:
- cansaço fácil;
- edemas nos pés e tornozelos;
- ganho rápido de peso;
- tosse seca;
- palpitações;
- dificuldade para dormir devido à falta de ar (dispneia paroxística noturna).
O tratamento envolve mudanças no estilo de vida, como controle do consumo de sal na dieta, restrição hídrica, perda de peso de forma saudável e cessação do tabagismo, além do uso de medicamentos como diuréticos, inibidores da ECA, betabloqueadores e antagonistas da aldosterona.
Em casos graves, pode haver indicação de dispositivos cardíacos ou transplante, sempre com acompanhamento especializado.
8. Arritmias
As arritmias são alterações no ritmo dos batimentos cardíacos, que podem ficar acelerados (taquicardias), lentos (bradicardias) ou irregulares (fibrilação atrial).
Essas alterações comprometem a eficiência do bombeamento sanguíneo, o que pode reduzir a oxigenação do corpo e sobrecarregar o coração.
Os sintomas da arritmia variam conforme o tipo e a gravidade, mas podem incluir:
- falta de ar (dispneia);
- palpitações;
- tontura;
- sensação de desmaio iminente (pré-síncope);
- síncope (desmaio) e risco de parada cardíaca súbita.
A arritmia pode ser desencadeada por doenças cardíacas, distúrbios eletrolíticos, uso de estimulantes ou problemas na condução elétrica do coração.
O tratamento depende da causa e da frequência dos episódios. Pode incluir uso de antiarrítmicos, betabloqueadores, anticoagulantes (em casos de fibrilação atrial) e, em algumas situações, cardioversão elétrica, ablação por cateter ou implantação de marcapasso ou desfibrilador cardíaco implantável (CDI).
A avaliação cardiológica é essencial para o diagnóstico e conduta adequada.
9. Pericardite
A pericardite é a inflamação do pericárdio, a membrana que envolve o coração, podendo ser causada por infecções virais, doenças autoimunes, insuficiência renal ou traumas. Em alguns casos, não tem causa identificável (idiopática).
A inflamação pode gerar acúmulo de líquido no espaço pericárdico (derrame pericárdico), o que dificulta a movimentação do coração e compromete sua função.
Os sintomas mais comuns da pericardite são:
- dor torácica aguda que piora ao inspirar profundamente, melhora ao se sentar e se inclinar para frente;
- sensação de sufocamento;
- dispneia leve a moderada;
- palpitações;
- febre baixa.
Pode evoluir para tamponamento cardíaco (quando há o aumento da pressão no coração, feito pelo líquido ao redor do órgão), quadro grave que causa queda da pressão arterial, distensão de veias do pescoço e choque cardiogênico.
O tratamento depende da causa e da gravidade. Nos casos leves, são utilizados principalmente anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), colchicina e repouso.
Em situações mais críticas, pode ser necessário drenar o líquido acumulado (pericardiocentese) e instituir tratamento específico para infecções ou doenças autoimunes.
O acompanhamento cardiológico é indispensável para evitar o retorno da condição e complicações.
10. Outras causas relevantes
Outras causas que podem estar relacionadas à falta de ar, são:
- Ansiedade e ataques de pânico - causam hiperventilação (respiração rápida e superficial), que reduz o nível de CO₂ no sangue, gerando tontura, sensação de sufocamento e aperto no peito;
- Anemia grave - a redução de hemoglobina compromete o transporte de oxigênio, fazendo com que o corpo "sinta" falta de ar mesmo que os pulmões estejam funcionando adequadamente;
- Obesidade - o excesso de peso dificulta a expansão do pulmão, principalmente ao deitar. Pode estar associada à apneia do sono e à respiração curta;
- Gravidez (dispneia fisiológica) - no terceiro trimestre, o útero comprime o diafragma e limita a capacidade pulmonar e, em conjunto com alterações hormonais durante o período, pode causar a falta de ar. O sintoma geralmente não vem acompanhado de dor ou chiado;
- Sedentarismo - a falta de condicionamento leva à sensação de cansaço e dificuldade para respirar durante esforços simples, como subir escadas;
- Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) - o ácido gástrico pode atingir as vias aéreas e causar irritação, provocando tosse, sensação de sufocamento ou aperto no peito.
Quando procurar ajuda médica?
Consulte um profissional com urgência se a falta de ar vier acompanhada de:
- dor no peito;
- lábios ou dedos azulados (cianose);
- tontura ou desmaio;
- tosse com sangue;
- febre persistente;
- agravamento progressivo da respiração.
O diagnóstico precoce pode salvar vidas e evitar complicações graves, como insuficiência respiratória ou cardíaca.
Diagnóstico da falta de ar
A investigação (diagnóstico) da dispneia começa com uma anamnese completa e exame físico, nos quais o profissional avalia a história clínica do paciente, presença de doenças prévias, uso de medicamentos, estilo de vida e período do início dos sintomas.
A depender da suspeita clínica, são solicitados exames complementares. Entre os principais estão:
- Raio-X de tórax - avalia alterações pulmonares, como pneumonias, derrames pleurais e edema pulmonar;
- Eletrocardiograma (ECG) - útil para identificar arritmias e isquemia cardíaca
- Exames de sangue - como hemograma (detecta anemia ou infecção), gasometria arterial (mede oxigênio e CO₂ no sangue) e marcadores cardíacos;
- Espirometria - avalia a função pulmonar, sendo indicada para diagnóstico de asma, bronquite crônica e DPOC;
- Teste de esforço - indicado em suspeitas de causas cardíacas ou limitações funcionais respiratórias;
- Tomografia de tórax - fornece imagens detalhadas para identificar embolias, fibroses ou neoplasias;
- Ecocardiograma e ressonância magnética - podem ser usados para avaliação cardíaca aprofundada, principalmente em casos de insuficiência cardíaca, cardiomiopatia ou hipertensão pulmonar.
A escolha dos exames deve sempre ser individualizada, considerando o quadro clínico e a gravidade dos sintomas.
Apenas um médico, como clínico geral, pneumologista ou cardiologista, pode definir a necessidade de cada teste e iniciar o tratamento adequado.
FAQ (Perguntas Frequentes)
1. Como aliviar a falta de ar à noite?
Mantenha o ambiente bem ventilado, evite se deitar logo após as refeições e use travesseiros para manter a cabeça elevada.
Se a falta de ar for recorrente, procure um médico, pois pode indicar insuficiência cardíaca ou apneia do sono.
2. O que causa falta de ar com tosse seca?
Asma, bronquite, infecção viral e COVID-19 estão entre as principais causas. A combinação de tosse seca e dispneia pode indicar inflamação nas vias aéreas ou complicações pulmonares.
3. Como saber se a falta de ar é ansiedade ou problema físico?
A falta de ar por ansiedade geralmente surge em momentos de estresse, sem esforço físico, e vem com respiração acelerada e sensação de sufocamento.
Já a origem física costuma piorar com atividades e pode vir com outros sintomas, como dor no peito, chiado ou febre.
4. Quando a falta de ar é considerada grave?
A falta de ar é considerada grave quando surge de forma súbita, piora rapidamente ou está associada a sintomas como dor no peito, cianose (lábios ou dedos azulados), tosse com sangue, tontura ou perda de consciência. Nestes casos, é fundamental buscar atendimento médico de urgência.
5. Como é a falta de ar provocada por refluxo?
O refluxo gastroesofágico (DRGE) pode irritar as vias aéreas ao permitir que o conteúdo ácido do estômago atinja a garganta ou os brônquios.
Isso gera sensação de sufocamento, tosse seca, pigarro e aperto no peito, especialmente ao se deitar.
6. Sentir falta de ar "do nada" pode ser normal?
Raramente. Mesmo em pessoas saudáveis, a sensação repentina de sufocamento deve ser investigada.
Pode indicar desde crises de ansiedade até condições como embolia pulmonar, arritmias ou alergias graves. A avaliação médica é essencial nesses casos.
Conclusão
Conforme visto neste post "Falta de ar: o que pode ser?", a dispneia é um sintoma relevante que não deve ser subestimado.
Embora possa estar ligada a causas passageiras, como ansiedade ou esforço físico, também pode sinalizar doenças sérias que exigem tratamento imediato.
O reconhecimento dos sinais de alerta, como dor no peito, febre, desmaios, chiado ou cianose, é fundamental para buscar ajuda médica com agilidade.
O diagnóstico correto só pode ser feito por meio de avaliação clínica e, quando necessário, exames complementares realizados por profissionais capacitados.
25/07/2025 • há 4 dias