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Tripofobia: o que é, sintomas e tratamento

Revisado pela Equipe de Redação da Medprev

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A tripofobia é o nome dado a uma condição que faz com que determinadas pessoas sintam aversão ao serem expostas a imagens ou objetos que apresentam padrões de buracos, reentrâncias ou saliências aglomeradas.

Uma pessoa com essa condição pode ter uma reação de aversão a favos de mel, agrupamento de buracos na pele, plástico-bolha, plantas ou esponjas, por exemplo.

Assim, quem tem essa fobia sente mal-estar e repulsa e, em alguns casos, pode manifestar sintomas físicos, como coceiras e tonturas.

Quer saber mais sobre o assunto? Conheça sobre a tripofobia: o que é, sintomas e tratamento a seguir.

O que é tripofobia?

A tripofobia (do grego trýpa, que significa buraco, e phobos, fobia) é caracterizada como um medo irracional ou repulsa a imagens ou objetos que possuem buracos ou padrões irregulares, tais como favos de mel, corais, escumadeiras, romãs, pingos de água ou até mesmo buracos causados por doenças de pele.

Assim, pessoas que apresentam tripofobia sentem mal-estar ao ter contato com estes padrões, podendo apresentar sintomas físicos, tais como:

  • coceiras;
  • tremores;
  • formigamento;
  • repulsa.

Em situações mais graves, podem ter enjoos, alteração na frequência cardíaca e até mesmo crises de pânico.

Apesar de ser popularmente conhecida, a tripofobia não é considerada uma fobia específica, visto que não foi classificada pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais (DSM-V) da Associação Americana de Psiquiatria, o qual é um manual de categorização dos transtornos mentais mais utilizado no mundo todo.

Pessoas que apresentam tripofobia, na maioria das vezes, não se descontrolam ou apresentam sensação de pânico ao verem um conjunto de pequenos buracos em uma superfície, ao contrário do que acontece em casos de fobias específicas, como no medo de altura ou de lugares fechados, por exemplo.

Segundo a psicóloga Stella Lourenc, em um estudo publicado pela revista Brain and Cognition, em janeiro de 2018, a tripofobia não é desencadeada pelo medo, como ocorre em uma fobia específica, mas sim pelo nojo.

Tal explicação científica foi embasada em um teste realizado com 85 indivíduos, em que foram submetidos a 60 imagens que foram mostradas sequencialmente, medindo-se o tamanho das pupilas.

Esse foi um aspecto considerado porque o tamanho da pupila pode resultar no que está acontecendo com o corpo humano, se é medo ou nojo, por exemplo, sendo que o medo está relacionado à dilatação da pupila, e o nojo, à contração.

Assim, no experimento, as pupilas dos voluntários foram observadas quando eles viam imagens de animais perigosos, tais como aranhas e cobras.

Aqueles que apresentam tripofobia tiveram suas pupilas contraídas, mostrando um sinal de nojo e não de medo.

Dessa maneira, segundo a pesquisadora Stella, a tripofobia está mais relacionada a uma repulsa muito intensa, e não ao medo característico, ou seja, uma fobia.

Sintomas da tripofobia

Há uma grande variedade de sinais e sintomas da tripofobia, podendo variar em relação a sua gravidade e manifestações (psicológicas ou físicas).

As pessoas que apresentam esta condição, além de possuir um desconforto aversivo, nojo e medo, podem ser acometidas por:

  • angústia;
  • arrepios;
  • calafrios;
  • choro;
  • coceiras;
  • formigamentos pelo corpo;
  • náuseas;
  • suor;
  • taquicardia (aumento da frequência cardíaca);
  • tremores.

Em situações mais graves, os sintomas também podem ser mais intensos, como ansiedade, vômitos, ataques de pânico e desmaios.

Causas da tripofobia

Os pesquisadores Arnold Wilkins e Geoff Cole, da Universidade de Essex, na Inglaterra, foram um dos pioneiros, em 2013, a descrever e realizar uma pesquisa científica, publicada pela revista Psychological Science, acerca da tripofobia e suas causas.

De acordo com esses pesquisadores, essa condição pode ser uma característica herdada pela evolução, estando relacionada a mecanismos de sobrevivência ou até mesmo de defesa.

Isso porque os indivíduos que possuem tripofobia podem associar de forma inconsciente esses conjuntos de buracos ou padrões irregulares a possíveis situações de perigo.

Nesse sentido, esse conjunto de buracos apresenta características visuais semelhantes àquelas encontradas em animais peçonhentos, os quais foram encontrados e apreendidos a evitar pelos ancestrais, sendo assim uma adaptação evolutiva ligada à preservação do ser humano.

Tal hipótese dos cientistas Wilkins e Cole foi justificada com o fato de que um dos entrevistados disse que um dos seus medos era o polvo-de-anéis-azuis, o qual possui um dos venenos mais mortais no mundo.

Assim, os pesquisadores buscaram diversas imagens de animais mais tóxicos conhecidos e perceberam que eles apresentavam características similares responsáveis por ativar mal-estar nas pessoas que possuem tripofobia.

Assim, para o cientista Cole, tal situação pode ser uma forma de alertar o cérebro de que o indivíduo está em uma situação de perigo, levando-o a fugir de forma inconsciente.

Além disso, em 2017, um estudo realizado pelos psicólogos An Trong Dinh Le e Tom Kupfer, publicado pelo Jornal Cognition e Emotion, apresentou uma outra teoria sobre essa condição.

Acredita-se que esses conjuntos de buracos ou padrões irregulares podem lembrar doenças contagiosas ou parasitárias, como a varíola, sarampo e catapora, que podem desenvolver feridas principalmente na pele com pus ou com aspectos arredondados.

Por essa razão, uma resposta negativa do corpo humano seria um mecanismo de defesa contra possíveis traumas na pele.

Além disso, é importante ressaltar que o sentimento gerado nas pessoas que possuem tripofobia não é de medo, mas de repugnância.

Diagnóstico da tripofobia

É importante ressaltar que, por não ser uma doença reconhecida oficialmente pela comunidade médica, não há um diagnóstico específico para a tripofobia.

Contudo, o diagnóstico é realizado por um profissional de saúde, em geral um psicólogo ou um psiquiatra, que realiza diversos procedimentos multidisciplinares, tais como análise clínica, levantamento do histórico médico, psiquiátrico e social, observação dos sintomas frequentes e testes de tripofobia.

Esses testes de tripofobia consistem em expor o paciente a imagens de aglomerados de buracos para avaliar a intensidade da reação.

Além disso, é importante salientar que, em alguns casos, a tripofobia pode estar relacionada a patologias, como a ansiedade, as quais devem também ser levadas em consideração na análise médica.

Tratamento da tripofobia

Por se tratar de uma condição ainda não reconhecida pela comunidade médica, não há um tratamento específico para a tripofobia. No entanto, há alguns métodos que podem auxiliar no controle dessa situação.

É importante ressaltar que cada tratamento é individualizado, exigindo o completo envolvimento do paciente para alcançar o resultado esperado. As possíveis abordagens de tratamentos comuns são:

Terapia cognitivo-comportamental (TCC)

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das abordagens psicológicas mais utilizadas no tratamento de diversos transtornos mentais, tais como a depressão, ansiedade e fobias, além de ter outras aplicações para a melhora da saúde mental.

Nesse sentido, o especialista que recomenda a TCC no tratamento da tripofobia é responsável por entender como a pessoa percebe e também reage às situações que apresentam um aglomerado de buracos ou padrões irregulares, não se preocupando com a situação em si.

Assim, nessa abordagem, são observados os padrões de comportamento, pensamentos, crenças e hábitos que são responsáveis pela desordem emocional.

A partir deles, são aplicados métodos para transformar estas ideias e lidar com elas de forma mais saudável.

Terapia de exposição

Um dos métodos mais utilizados pela TCC é a terapia de exposição, na qual o indivíduo é exposto à causa do problema como uma forma de tratamento.

Nesse sentido, ocorre a aproximação progressiva e segura do objeto temido ao indivíduo em um ambiente seguro que irá apresentar diferentes níveis a partir do mais leve (imagens ou vídeos) até os mais intensos (exposição ao vivo ou realidade virtual).

É importante ressaltar que deve ser realizada com o auxílio de um psicólogo, o qual irá ajudar o paciente a ter essa exposição gradual ao estímulo que provoca a tripofobia.

Além disso, a terapia pode empregar uma combinação de tratamentos, que ajudam a reduzir os sintomas da condição.

Conclusão

Como mostrado no post “Tripofobia: o que é, sintomas e tratamentos”, esta é uma condição que desencadeia aversão a padrões de buracos ou saliências, o que acaba se manifestando através de desconforto, repulsa e sintomas físicos, tais como coceira, e, em casos extremos, ansiedade, taquicardia e crises de pânico.

Apesar de não ser oficialmente reconhecida como uma fobia específica pela comunidade médica, estudos sugerem que sua origem pode estar relacionada aos mecanismos evolutivos de sobrevivência e de defesa, associando padrões de buraco a perigos potenciais.

O diagnóstico da tripofobia é complexo, dependendo da avaliação de profissionais da saúde, os quais irão realizar diversos procedimentos multidisciplinares.

Embora não haja um tratamento específico, terapias cognitivo-comportamentais e de exposição, combinadas com abordagens multidisciplinares, auxiliam no controle dos sintomas.

20/01/2025   •   há 16 dias


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