4 transtornos do neurodesenvolvimento
Revisado pela Equipe de Redação da Medprev
Os transtornos do neurodesenvolvimento são condições de base neurológica que ocorrem devido a alterações do desenvolvimento cerebral, afetando o funcionamento do cérebro, o que interfere na maneira como uma pessoa cresce, aprende e interage com o mundo ao seu redor.
De modo geral, podem ser manifestados antes que a criança comece a etapa escolar, mas podem ser diagnosticados na adolescência ou na idade adulta.
Esses transtornos podem causar dificuldades significativas em várias áreas da vida, incluindo socialização, linguagem, percepção, comunicação, comportamento e habilidades acadêmicas e profissionais.
Saiba mais sobre 4 transtornos do neurodesenvolvimento a seguir.
4 principais tipos
Veja a seguir os principais transtornos do neurodesenvolvimento e as suas principais formas de tratamento.
1. Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5), o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é caracterizado como um distúrbio de neurodesenvolvimento que afeta a capacidade de um indivíduo de prestar atenção, controlar impulsos e moderar o comportamento hiperativo.
Suas principais manifestações são:
- desatenção;
- hiperatividade;
- impulsividade.
A desatenção é apresentada nos momentos em que a pessoa possui dificuldade em manter a atenção em tarefas, não seguindo instruções e tendo dificuldade em organizar as atividades.
A hiperatividade é demonstrada, por exemplo, em momentos em que o indivíduo possui dificuldade em se manter estático. Assim, pode se mover excessivamente, apresentando excesso de energia, fala, além de gesticular demasiadamente.
A impulsividade é apresentada , principalmente, nos momentos em que o indivíduo possui dificuldade em esperar, interrompendo ou interferindo nas atividades de outras pessoas.
É importante ressaltar que os sintomas do TDAH podem ser tanto leves quanto graves. Por isso, é essencial procurar um médico como o psiquiatra ou neurologista para o diagnóstico.
Comumente, este transtorno se apresenta no início da primeira infância, mas também pode ter seus sinais identificados na adolescência ou na vida adulta.
Tratamento para transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)
O tratamento apresenta uma abordagem multidisciplinar, envolvendo uma combinação de psicoterapia, medicamentos e mudanças no estilo de vida.
A psicoterapia, sobretudo a terapia cognitivo-comportamental (TCC), com o acompanhamento de um psicólogo, pode ajudar a entender melhor a condição do paciente e a desenvolver uma técnica específica para melhorar as habilidades cognitivas, emocionais e sociais.
Além disso, o uso de medicamentos pode ser um tratamento complementar à terapia, dependendo das necessidades e características do paciente, que deve ser avaliado por um profissional específico da saúde, como o psiquiatra.
A mudança no estilo de vida também é essencial, visto que a alimentação balanceada, a prática regular de exercícios físicos e o sono adequado são fundamentais para uma melhora do humor do indivíduo, melhorando a sua autoestima e bem-estar.
2. Transtorno do espectro autista (TEA)
O transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição neurológica caracterizada por déficits persistentes na comunicação e interação social, padrões de comportamento repetitivos e restritos, dificuldade em se expressar, além de desenvolvimento intelectual irregular.
Utiliza-se o termo “espectro”, porque apresenta há diversidade e variabilidade de apresentações dos déficits, de maneira que as manifestações dessa condição variam muito para cada pessoa.
Assim, há diferentes níveis de gravidade (graus de autismo), síndromes genéticas relacionadas e também a presença de outros transtornos do neurodesenvolvimento.
Entre os principais sintomas de uma pessoa que apresenta TEA, estão:
- adotar rotinas rígidas (comer a mesma comida, seguir o mesmo percurso de carro para ir aos lugares);
- fazer movimentos repetidos;
- apresentar interação social deficitária;
- apresentar pouca ou nenhuma expressão comunicativa.
Tratamentos para transtorno do espectro autista (TEA)
O tratamento possui uma abordagem multidisciplinar, incluindo uma equipe composta por pediatra, psicólogo, psiquiatra, pedagogo, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional.
Por essa razão, não há um padrão de tratamento, visto que os cuidados necessários dependem da necessidade e perfil do paciente.
Os principais tratamentos utilizados são a terapia comportamental, a fonoterapia e o uso de medicamentos.
A terapia comportamental possui o objetivo de diminuir os problemas comportamentais e desenvolver habilidades sociais de linguagem e também de autocuidado.
A fonoterapia pode ajudar a estimular a fala, o desenvolvimento de frases e também melhorar a modulação da voz, sendo orientada por um fonoaudiólogo.
Em relação ao uso de medicamentos, é importante ressaltar que são indicados quando surgem complicações ou comorbidades.
É orientado por um psiquiatra, o qual irá prescrever um tratamento medicamentoso específico e individualizado para ajudar a atenuar os sintomas.
3. Transtorno específico de aprendizagem
O transtorno específico de aprendizagem é uma condição neurológica que envolve a dificuldade de adquirir, reter ou usar habilidades ou informações gerais, o que afeta o processo de aprendizagem e o processamento de informações.
É importante diferenciá-lo da dificuldade de aprendizagem, a qual é uma condição passageira em que um indivíduo apresenta dificuldade para ler, escrever ou realizar outras tarefas associadas à aprendizagem em algum momento do período escolar.
Assim, uma pessoa que apresenta esse transtorno possui dificuldade de compreender ou utilizar a linguagem falada e escrita, números, raciocínios e até mesmo de coordenar movimentos e focar a atenção em uma tarefa.
Os transtornos específicos de aprendizagem mais comuns são:
- Dislexia - problemas com a leitura;
- Dislexia fonológica - problemas com a análise do som e a memória;
- Dislexia superficial - problemas com o reconhecimento de imagens, formas e estruturas das palavras;
- Disgrafia - comprometimento da expressão escrita ou grafia;
- Discalculia - dificuldade em matemática.
Tratamentos para transtorno específico de aprendizagem
O tratamento depende substancialmente do transtorno de aprendizagem que o paciente possui.
De modo geral, consiste em um tratamento multimodal, que envolve a abordagem educacional, terapia comportamental e, ocasionalmente, uso de medicamentos.
É fundamental que as escolas ofereçam uma educação adequada, incluindo estratégias de ensino, adaptações curriculares e suporte individualizado para ajudar a superar as dificuldades de aprendizagem.
O uso de medicamentos deve ser prescrito e acompanhado por um profissional específico da saúde, sobretudo um psiquiatra, o qual irá recomendar um medicamento que seja individualizado e específico para aquela pessoa, com o objetivo de diminuir o impacto dessa condição nas habilidades de aprendizagem.
4. Transtorno do desenvolvimento intelectual
O transtorno do desenvolvimento intelectual, também conhecido como deficiência intelectual, é uma condição neurológica caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo.
Sendo assim, uma pessoa que apresenta esse transtorno possui dificuldade para realizar atividades diárias simples e adequadas para sua idade e condição sociocultural, além de ter déficits no desenvolvimento do raciocínio, planejamento e resolução de problemas, o que afeta a aprendizagem.
Pode ser percebido pelas famílias ou pela equipe de professores na escola, já que as principais manifestações desse transtorno estão relacionadas à aprendizagem.
Além dessa característica, há a dificuldade de adaptação a qualquer ambiente, falta de interesse nas atividades do dia a dia, isolamento da família e dos colegas e dificuldades na coordenação e concentração.
Tratamentos para transtorno do desenvolvimento intelectual
O tratamento possui uma abordagem multidisciplinar, podendo envolver pediatras, assistentes sociais, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos, professores e família, visto que é preciso haver um programa abrangente e individualizado para a criança com deficiência intelectual.
O tratamento precoce na infância, em conjunto com o suporte familiar, pode ajudar a reduzir os seus impactos na qualidade de vida e até mesmo diminuir a gravidade dessa condição.
Assim, o tratamento envolve uma intervenção educacional especializada em que as crianças que apresentam o transtorno possam ter programas educacionais adaptados às suas necessidades individuais, como aulas e suportes individualizados.
Enquanto fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais podem atender as comorbidades das crianças com déficit motores, fonoaudiólogos podem ajudar no atraso da linguagem ou perdas auditivas caso o indivíduo tenha essa necessidade.
O que são os transtornos do neurodesenvolvimento?
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), os transtornos do neurodesenvolvimento podem ser entendidos como um grupo de condições de base neurológica, manifestadas, principalmente, durante a etapa de desenvolvimento da criança.
São caracterizados pela dificuldade em habilidades cognitivas e motoras que afetam o desenvolvimento pessoal, social, acadêmico e profissional.
Podem ser manifestados, com uma maior frequência, durante a infância, antes do início da etapa escolar, mas também podem ser diagnosticados na adolescência ou na idade adulta.
Por isso, é importante que os familiares ou responsáveis legais fiquem atentos aos comportamentos dos pequenos para que tomem as medidas e cuidados necessários assim que possível.
Inclusive, é importante ressaltar que os transtornos do neurodesenvolvimento podem afetar o indivíduo de forma leve, média ou intensa.
Ou seja, podem haver limitações específicas na aprendizagem ou no controle das funções motoras, como o planejamento e a execução de tarefas, déficit na memória e no raciocínio, assim como dificuldades na interação social.
As causas dos transtornos do neurodesenvolvimento podem estar relacionadas não apenas a fatores genéticos, mas também a fatores biológicos, ambientais e socioculturais.
Dentre esses fatores, estão inclusas a exposição ao estresse, a toxinas e a determinados medicamentos.
Além disso, complicações durante o período gestacional, baixo peso ao nascer e prematuridade também podem contribuir para o desenvolvimento de transtornos do neurodesenvolvimento.
Conclusão
Como visto no post “4 transtornos do neurodesenvolvimento”, estas são condições que afetam o desenvolvimento do cérebro, resultando em dificuldades significativas em áreas do funcionamento neurológico, cognitivo e comportamental.
De modo geral, esses transtornos se manifestam durante a primeira infância, mas também podem ser percebidos na adolescência ou idade adulta.
Há uma variedade de transtornos, como transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno do espectro autista (TEA), transtorno específico de aprendizagem e transtorno do desenvolvimento intelectual.
Além disso, os sintomas e sinais podem variar para cada pessoa, incluindo dificuldades no aprendizado, na comunicação, nas habilidades sociais, no comportamento adaptativo e em outras áreas da vida diária.
O tratamento também deve ser multidisciplinar e individualizado, levando em consideração todo o contexto sociocultural e socioeconômico em que o paciente está inserido.
11/02/2025 • há um mês