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Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): como lidar e tratar?

Revisado pelo(a) Dra. Isabela Messias Rocha, CRM/MG 96131 , Psiquiatria Não possui RQE para Psiquiatria

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O transtorno obsessivo-compulsivo, conhecido como TOC, é uma condição de saúde mental que afeta cerca de 1 a 2,5% da população mundial, tornando-se uma das 10 principais causas de incapacitação, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, estima-se que afete aproximadamente 4 milhões de pessoas, mas esse número pode ser ainda maior devido à falta de diagnóstico e conhecimento sobre a patologia.

No entanto, aproximadamente 30% daqueles que têm TOC se recusam a buscar tratamento.

Comumente, o TOC começa entre os 19 e 20 anos, com parte dos casos iniciando antes dos 14 anos.

Neste artigo, aprenda mais sobre o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): como lidar e tratar, sintomas, tipos, causas, diagnóstico e principais características.

O que é transtorno obsessivo-compulsivo?

O transtorno obsessivo-compulsivo, ou TOC, é uma condição de saúde mental caracterizada por crises repetidas de obsessões e compulsões.

As obsessões mentais são tão intrusivas e repetitivas que o indivíduo não consegue controlar.

Estas obsessões podem se manifestar de várias formas, como preocupações excessivas com a simetria de objetos, questões de limpeza e higiene, medos irracionais, entre outros.

Para aliviar a ansiedade de quem lida com o TOC, o paciente executa rituais específicos recorrentes denominados compulsões, que seguem regras preestabelecidas por seus pensamentos vistos como repetitivos e desnecessários.

O ato de realizar as compulsões ajuda temporariamente a pessoa a lidar com esses pensamentos intrusivos, mas com o tempo, pode tornar-se prejudicial tanto para a pessoa quanto para sua família e círculo social.

Estas repetições atrapalham o paciente no seu dia a dia em seus atos mais simples, como fazer uma refeição, tomar um banho ou mesmo ler um livro.

As pessoas com TOC podem, por exemplo, verificar repetidamente se as portas estão trancadas, se o fogão está desligado ou se todas as luzes estão apagadas fisicamente.

Inclusive, tendem a lavar as mãos seguidas vezes, pentear o cabelo várias vezes e até tomar vários banhos por dia.

Outro comportamento comum é a necessidade de organização extrema, o que pode ter como consequência gastar horas organizando objetos de forma simétrica ou repetitiva.

Esta organização extrema pode fazer com que o doente deixe de fazer determinadas ações por não concordar com a organização presente.

Um exemplo é o paciente deixar de se alimentar por entender que os talheres não estão necessariamente alinhados conforme deseja que estejam.

Quando realizados de forma exagerada, os comportamentos repetitivos podem prejudicar a qualidade de vida do indivíduo, suas relações com outras pessoas, o trabalho, além de intensificar a ansiedade relacionada à obsessão e compulsão.

Sintomas do TOC

Os sintomas do TOC podem variar muito de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:

  • Pensamentos obsessivos - pensamentos indesejados, como medo de contaminação, preocupações com a ordem e simetria;

  • Compulsões - comportamentos repetitivos, como lavagem excessiva das mãos, verificação constante de travas ou contagem repetitiva;

  • Ansiedade - a presença constante de pensamentos obsessivos causa ansiedade significativa, levando uma pessoa a realizar compulsões para aliviar essa ansiedade;

  • Preocupação excessiva com detalhes - as pessoas com TOC tendem a ter apego aos detalhes de forma intensa;

  • Impacto na vida diária - o TOC pode interferir nas atividades diárias, nas relações interpessoais e no trabalho ou na escola.

Tipos de transtorno obsessivo-compulsivo

Existem diversos tipos de manifestações de sintomas para o TOC, podendo se apresentar como transtorno de acumulação, tricotilomania (transtorno de arrancar o cabelo), transtorno de escoriação (skin-picking), entre outros.

Também é possível separar os transtornos relacionados ao TOC em clínico e subclínico.

No caso do transtorno obsessivo-compulsivo subclínico, as obsessões e compulsões são frequentes, mas não causam um impacto significativo na vida da pessoa.

Já no clínico, as obsessões persistem até que a compulsão seja realizada para aliviar a ansiedade.

Causas do transtorno obsessivo-compulsivo

As causas exatas do TOC ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que seja uma combinação de fatores que podem ser divididos em:

  • biológicos;
  • psicológicos.

Fatores biológicos

Entre os fatores biológicos que podem estar relacionados à causa do TOC, estão:

  • traumatismo cranioencefálico;
  • derrame;
  • acidentes cerebrais;
  • encefalites;
  • mal de Parkinson;
  • síndrome de Tourette;
  • mudanças na fisiologia cerebral;
  • predisposição genética.

Fatores psicológicos

Entre os fatores psicológicos que podem estar relacionados ao TOC, estão:

  • a forma como o paciente lida com medos e ansiedades;
  • fatores sociais;
  • efeitos de outras doenças.

Diagnóstico do transtorno obsessivo-compulsivo

Identificar o TOC é fundamental para buscar ajuda e tratamento adequado.

Geralmente, levam alguns anos após o início dos primeiros sintomas para que um diagnóstico definitivo de TOC seja feito, principalmente devido aos sintomas se agravarem com o passar do tempo, se tornando cada vez mais notados.

Portanto, a maioria dos casos é identificada em adultos, embora o transtorno obsessivo-compulsivo possa afetar crianças a partir dos 3 ou 4 anos de idade.

O TOC também pode ocorrer em conjunto com outras condições psicológicas, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e depressão.

O diagnóstico precoce é crucial, especialmente porque cerca de 50% das pessoas com TOC têm pensamentos suicidas, 25% delas já desejaram o suicídio e 10% dos pacientes já tentaram.

Para obter um diagnóstico e tratamento adequados, é essencial que a pessoa procure a ajuda de um profissional de saúde mental, como o psiquiatra e o psicólogo.

Tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo

O tratamento geralmente envolve medicamentos e terapia, que têm como objetivo modificar e reduzir os comportamentos repetitivos e obsessivos.

A psicoterapia desempenha um papel fundamental para a melhora do quadro de saúde, ajudando o paciente a compreender que o TOC é uma condição tratável, assim como qualquer doença física.

Medicação

Os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) são medicamentos antidepressivos também frequentemente prescritos para tratar os sintomas do TOC.

Esses medicamentos ajudam a regular os níveis de serotonina no cérebro, um neurotransmissor associado ao humor e ao bem-estar emocional.

Ao aumentar a disponibilidade de serotonina no cérebro, os ISRS podem reduzir a intensidade das obsessões e compulsões, assim como a ansiedade associada a elas.

No entanto, os resultados podem variar de acordo com a pessoa e o tratamento com medicamentos, que necessita de acompanhamento médico regular para monitorar os efeitos colaterais e ajustar a dosagem conforme necessário.

Suporte psicológico

O apoio de um terapeuta ou psicólogo pode oferecer um ambiente seguro para o paciente expressar seus pensamentos, medos e preocupações relacionados ao TOC.

Os profissionais de saúde mental podem ajudar o paciente a aprender estratégias de enfrentamento, desenvolver habilidades para gerenciar o TOC no dia a dia e oferecer suporte emocional durante o processo de tratamento.

Ter um sistema de suporte adequado pode ser essencial para o sucesso em longo prazo no gerenciamento do TOC.

Acolhimento pessoal e familiar

Outro ponto importante é o apoio familiar, de amigos e no ambiente de trabalho.

Entender a doença e entender que o doente é incapaz de controlar suas manias ou compulsões em determinados momentos é fundamental para evitar julgamentos e percepções equivocadas.

Tratar o paciente com naturalidade, entendimento e paciência é ponto crucial para o bom desempenho do tratamento.

Por vezes, é melhor deixar o paciente fazer ou executar suas compulsões com paciência para depois fazer as outras tarefas de forma tranquila, respeitadora e paciente, sem julgamento.

Conclusão

Como visto no post "Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): como lidar e tratar?", essa é uma condição desafiadora, mas tratável.

Com tratamento, pessoas com TOC podem reduzir os sintomas e melhorar sua qualidade de vida.

Ao notar os sintomas, é indicado procurar ajuda de um profissional de saúde mental, como um psiquiatra ou psicólogo.

03/06/2025   •   há 2 dias


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