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Síndrome de Burnout

10 sintomas da síndrome de burnout

Revisado pelo(a) João Carlos Camolez, CRP/PR 21360 , Psicologia

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A síndrome de burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional e "síndrome da desistência" - através da qual o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho, de forma que nada importa mais e qualquer esforço parece inútil - é um problema de saúde mental que afeta muitas pessoas em diferentes áreas profissionais.

Essa síndrome é caracterizada pela exaustão emocional, despersonalização e falta de envolvimento pessoal no trabalho e/ou atividades (esgotamento físico, mental e emocional), sendo causada pelo estresse crônico, principalmente no ambiente de trabalho, podendo afetar vários aspectos da vida da pessoa.

Neste artigo, saiba mais sobre os 10 sintomas da síndrome de burnout e suas principais características.

PRINCIPAIS SINTOMAS DA SÍNDROME DE BURNOUT

Aprender a identificar alguns dos sinais desse problema de saúde mental é essencial para buscar ajuda profissional, sempre que necessário.

1. Esgotamento físico e emocional

A pessoa afetada pela síndrome pode vivenciar uma sensação intensa de exaustão, tanto no aspecto físico como no emocional.

Esse esgotamento é resultado do acúmulo de estresse crônico relacionado ao trabalho.

No aspecto físico, a pessoa pode sentir-se constantemente cansada, mesmo após uma noite de sono adequada.

A falta de energia e a sensação de fadiga persistente podem dificultar a realização das atividades diárias, interferindo no desempenho profissional e comprometendo a qualidade de vida como um todo.

Além disso, o esgotamento emocional é uma característica marcante da síndrome de burnout.

A pessoa pode sentir-se emocionalmente drenada, com dificuldade em lidar com as demandas e pressões do trabalho, além de manifestar sintomas de ansiedade em uma maior intensidade.

Essa exaustão emocional pode surgir também por meio de:

  • irritabilidade;
  • instabilidade emocional;
  • alterações de humor;
  • sentimentos de apatia;
  • desesperança;
  • desistência;
  • desmotivação, poucos interesses e ideais.

É importante ressaltar que os sinais resultantes da síndrome de burnout não são passageiros, mas um estado persistente e debilitante que pode impactar significativamente a saúde física e mental do indivíduo.

2. Sentimento de despersonalização e cinismo

Além do esgotamento físico e emocional, a síndrome de burnout pode causar despersonalização e cinismo no indivíduo afetado, no qual o vínculo afetivo é substituído por um vínculo racional, desprovido de qualquer sentimento de que se está lidando com outro ser humano.

A despersonalização refere-se à perda de conexão com o próprio trabalho e ao desenvolvimento de uma atitude desapegada em relação às atividades profissionais e às outras pessoas (as relações se tornam "coisas").

A pessoa pode sentir-se à parte de seu propósito no trabalho, perdendo o interesse e a motivação que antes possuía, além de ter a exacerbação (aumento) da crítica ácida em relação a todos e a tudo, prevalecendo a frieza nas relações interpessoais.

Esse sintoma pode levar a um distanciamento emocional, resultando em uma atitude mais fria e indiferente em relação às pessoas ao redor, incluindo colegas de trabalho, clientes e até mesmo amigos e familiares.

O profissional afetado também pode desenvolver uma visão cínica sobre o trabalho e as relações profissionais, tornando-se descrente em relação às intenções e motivações das pessoas.

Essa atitude negativa e desinteresse pelas atividades profissionais pode ter um impacto significativo no ambiente de trabalho, além do aumento das atitudes críticas e negativas em relação ao trabalho, organização e clientes.

A falta de empatia e engajamento pode afetar negativamente o relacionamento com os colegas, dificultando a colaboração e a comunicação efetiva, marcado pela ausência de confiança.

Além disso, a qualidade do serviço prestado pode ser comprometida, uma vez que a pessoa pode não dedicar o mesmo cuidado e atenção como antes.

3. Diminuição da realização profissional

Quando afetado pela síndrome, o indivíduo pode ter a sensação de que o seu trabalho não possui significado ou importância.

Ele pode sentir-se desvalorizado e ter a percepção de que suas contribuições não são reconhecidas.

Essa diminuição da realização profissional pode levar à perda de motivação e satisfação no trabalho.

O indivíduo pode sentir-se desmotivado a buscar novos desafios, apresentando uma sensação de estagnação em sua carreira.

A falta de realização pode levar a um sentimento de ineficácia, onde o profissional questiona suas próprias habilidades e competências.

A autoestima e a confiança do indivíduo também podem ser afetadas pela diminuição da realização profissional.

A falta de motivação e satisfação no trabalho pode gerar dúvidas sobre as próprias capacidades, levando a uma percepção negativa de si mesmo.

Isso pode criar um ciclo negativo, no qual a baixa autoestima alimenta a diminuição da realização e vice-versa.

4. Alterações no sono e apetite

A síndrome de burnout pode desencadear alterações significativas no sono e no apetite do indivíduo afetado.

Essas alterações podem contribuir para a intensificação dos sintomas e dificultar ainda mais a recuperação.

A pessoa com síndrome de burnout pode enfrentar dificuldades para dormir, seja para ter sono ao se deitar ou para manter um sono contínuo ao longo da noite (como no caso da ansiedade noturna, por exemplo).

O estresse e a preocupação relacionados ao trabalho podem ocupar a mente, levando a pensamentos inquietantes que interferem no descanso noturno.

Como resultado, o indivíduo pode acordar várias vezes durante a noite, sentir-se cansado ao acordar e apresentar sonolência diurna excessiva.

Além disso, pesadelos relacionados ao trabalho são uma ocorrência comum, adicionando ainda mais perturbação ao sono.

Inclusive, o apetite do indivíduo pode ser afetado de diferentes maneiras.

Algumas pessoas podem identificar uma diminuição significativa da vontade de comer, resultando em perda de peso e falta de energia.

5. Dores físicas e problemas de saúde

A síndrome de burnout não afeta apenas o bem-estar emocional e mental, mas também pode ter impactos negativos significativos na saúde física do indivíduo.

A sobrecarga de estresse e exaustão emocional causada pela síndrome pode desencadear uma série de sintomas físicos, que variam de pessoa para pessoa.

Dores de cabeça

O estresse crônico e a tensão muscular podem desencadear dores na região da cabeça, muitas vezes na forma de pressão ou aperto.

Essas dores podem ser persistentes e interferir na qualidade de vida do indivíduo.

Dores musculares

A tensão e o estresse constantes podem levar a dores musculares generalizadas ou localizadas.

Os músculos do pescoço, ombros e costas são áreas frequentemente afetadas.

A má postura, associada ao esgotamento físico e emocional, pode contribuir para o surgimento dessas dores musculares.

Problemas gastrointestinais

O estresse crônico pode afetar o sistema gastrointestinal, causando uma série de problemas, como:

  • dores abdominais;
  • distensão abdominal;
  • indigestão;
  • náuseas;
  • vômitos;
  • gastrite nervosa - alterações no hábito intestinal.

Enfraquecimento do sistema imunológico

O estresse prolongado pode levar a uma supressão do sistema imunológico, tornando o indivíduo mais suscetível a infecções e doenças.

A exposição contínua a altos níveis de estresse pode comprometer a resposta imunológica do corpo, deixando-o mais vulnerável a resfriados, gripes e outras doenças infecciosas.

6. Dificuldades de concentração e memória

A síndrome de burnout pode ter um impacto significativo na capacidade de concentração e memória do indivíduo afetado.

O esgotamento emocional e o estresse crônico associados à síndrome podem comprometer a clareza mental e a função cognitiva.

Pessoas que lidam com esse quadro de saúde podem apresentar diversos sinais, como:

  • ter dificuldade em manter o foco e a atenção nas tarefas diárias;
  • ter a mente sobrecarregada com pensamentos relacionados ao trabalho, preocupações e exaustão emocional, o que dificulta a concentração necessária para realizar as atividades profissionais;
  • ter a capacidade de lembrar-se de informações importantes, como prazos, compromissos e detalhes do trabalho, comprometida;
  • ter a memória de curto prazo afetada, levando a esquecimentos frequentes e dificuldades em reter novas informações. Essas dificuldades de concentração e memória podem ter um impacto negativo no desempenho profissional e na qualidade do trabalho realizado;
  • sentir-se frustrado com a falta de produtividade e eficiência, o que pode levar a um ciclo de estresse e preocupação ainda maior.

7. Isolamento social

A síndrome de burnout pode levar à diminuição da disposição para interações sociais, tanto no ambiente de trabalho como fora dele.

O indivíduo com a síndrome pode sentir-se incapaz de lidar com situações sociais, especialmente aquelas que exigem interações significativas.

Além disso, o esgotamento emocional pode levar a uma redução da energia e da motivação para se envolver em conversas, eventos sociais ou atividades de grupo.

Como resultado, a pessoa tende a evitar ou se retirar de encontros sociais, isolando-se dos outros.

O isolamento social também pode se estender aos relacionamentos pessoais.

O indivíduo pode se afastar de amigos próximos e familiares, tanto por não se sentir capaz de compartilhar suas experiências e emoções, mas também devido à falta de energia para participar de encontros sociais.

Vale ressaltar que o isolamento social pode agravar ainda mais o quadro de esgotamento emocional e dificultar a recuperação da síndrome de burnout.

A falta de apoio social pode aumentar a sensação de sobrecarga emocional, uma vez que o indivíduo não tem um espaço seguro para compartilhar suas experiências e buscar suporte.

8. Queda no desempenho profissional

A síndrome de burnout pode ter um impacto significativo no desempenho profissional do indivíduo afetado.

O esgotamento emocional, o estresse crônico e os sintomas físicos associados à síndrome podem afetar diretamente a capacidade de realizar as tarefas do trabalho com eficiência e qualidade.

9. Mudanças de humor e irritabilidade

As mudanças de humor e a irritabilidade são sintomas frequentemente associados à síndrome de burnout.

O indivíduo afetado pode manifestar flutuações emocionais intensas e ter dificuldade em regular suas emoções. A seguir, veja esses aspectos em mais detalhes.

Alterações de humor

A síndrome de burnout pode levar a mudanças de humor significativas, fazendo com que o indivíduo passe rapidamente de estados emocionais de tristeza, desânimo e frustração para momentos de irritabilidade, impaciência ou apatia.

Essas alterações de humor podem ser imprevisíveis e desproporcionais às circunstâncias, dificultando a estabilidade emocional e o equilíbrio.

Irritabilidade e explosões emocionais

A irritabilidade é um sintoma comum da síndrome de burnout.

O indivíduo pode se sentir facilmente provocado, reagindo com respostas exageradas a situações que antes não o afetariam.

Isso pode incluir explosões emocionais, manifestadas através de raiva, frustração, impaciência ou hostilidade.

A irritabilidade pode afetar os relacionamentos interpessoais, causando tensão e conflitos desnecessários.

Essas mudanças de humor e a irritabilidade podem ter várias causas.

O estresse crônico e a exaustão emocional associados à síndrome de burnout podem afetar o equilíbrio dos neurotransmissores no cérebro, levando a alterações no humor e na regulação emocional.

Além disso, a sobrecarga de trabalho e a pressão constante podem aumentar a sensibilidade emocional, tornando o indivíduo mais suscetível a reações emocionais intensas.

10. Sentimentos de fracasso e desesperança

A síndrome de burnout pode desencadear sentimentos profundos de fracasso e desesperança.

O indivíduo afetado pode experimentar uma perda significativa de sua autoestima e confiança em relação às suas habilidades e competências profissionais, sentindo-se incapaz de lidar com as demandas do trabalho.

Esses sentimentos podem ser intensificados pelo esgotamento emocional e pelo estresse crônico vivenciados.

Conclusão

Como mostrado no post "10 sintomas da síndrome de burnout", esse problema de saúde é sério e afeta muitos profissionais em diferentes áreas de atuação, mas também pessoas que possuem sobrecargas físicas e emocionais (como no caso do burnout materno, por exemplo).

Os profissionais de risco em relação ao burnout são os da área da saúde e educação, além de policiais e agentes penitenciários, entre outros.

Isso ocorre, pois essas profissões implicam que o trabalhador reaja a tensões emocionais crônicas geradas a partir do contato direto e excessivo com outros seres humanos disfuncionais (devido às suas preocupações e problemas pessoais).

É importante ressaltar que síndrome de burnout é resultante do estresse crônico diretamente vinculado ao contexto de trabalho, apenas.

Tal síndrome não faz parte do DSM-5, ou seja, não está incluso no manual de transtornos mentais.

Conhecida como síndrome do esgotamento profissional, é contemplada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), presente na Classificação Internacional de Doenças - CID 11.

Os seus sintomas podem variar de pessoa para pessoa, mas é importante reconhecer os sinais precocemente para buscar ajuda e tratamento adequados.

Para diagnosticar e tratar a síndrome, é recomendável procurar um psicólogo ou psiquiatra, que por meio do acompanhamento e orientação, pode auxiliar o paciente a recuperar sua saúde e reduzir ou eliminar os sintomas.

A prevenção e o manejo adequado do estresse no ambiente de trabalho são essenciais para evitar o desenvolvimento da Síndrome de Burnout e promover um ambiente de trabalho saudável e produtivo.

Fonte(s):

Educação: carinho e trabalho/ Wanderley Codo (coordenador). - Petrópolis, RJ: Vozes / Brasília: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação: Universidade de Brasília. Laboratório de Psicologia do Trabalho, 1999.

17/09/2024   •   há 2 meses


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