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Saúde

Quais os riscos de cortar o comprimido pela metade?

Revisado pelo(a) Dr. Anderson Cley Oliveira Mendes, CRM/PR 47441 , Médico Generalista - RQE 47441

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Você sabia que tomar apenas meio comprimido pode envolver vários riscos?

Seja por achar um medicamento “forte” demais ou porque comprou uma caixa com o dobro da dose necessária, muitas pessoas podem acreditar que parti-lo não é um problema, mas essa ação é contraindicada sem a orientação médica.

Para entender melhor sobre o assunto, é preciso conhecer como os medicamentos funcionam no corpo e como eles são produzidos.

Descubra quais os riscos de cortar o comprimido pela metade a seguir.

Como funciona um medicamento no organismo?

O medicamento é produzido para levar para dentro do organismo uma determinada quantidade do princípio ativo (a substância principal, que faz o efeito).

Além disso, os remédios precisam oferecer segurança, ou seja, causar o mínimo possível de efeitos colaterais.

Para que isso seja possível, o princípio ativo é misturado a outras substâncias que não atuam diretamente na melhora da doença, mas que protegem o medicamento de fatores que poderiam reduzir seu efeito, além de evitar seus efeitos colaterais.

Ao ler a bula, é possível encontrar essas substâncias protetoras, chamadas de excipientes.

Assim, depois da ingestão de um comprimido, o princípio ativo é absorvido pelo estômago e/ou pelo intestino, sendo transportado pela corrente sanguínea até o local onde ele deve fazer efeito.

Na sequência, ele é transformado (metabolizado) pelo fígado para que possa ser eliminado pela urina e pelas fezes.

Para que isso ocorra de forma adequada, os medicamentos são desenvolvidos com tecnologias específicas para que eles tenham o resultado esperado, ofereçam menos efeitos colaterais e sejam fáceis de tomar ou usar.

Por isso, existem diferentes formas dos medicamentos, como comprimidos, cápsulas, xaropes, entre outros.

Qual forma do medicamento escolher?

Existem diferentes formas de apresentar um medicamento, pois cada princípio ativo e cada paciente têm requisitos e necessidades diferentes.

Por isso, cada forma farmacêutica é desenvolvida a partir de uma pesquisa densa para torná-la eficiente e segura, de acordo com o seu objetivo de uso.

Conheça algumas dessas apresentações que são utilizadas por via oral:

  • Medicamentos de liberação controlada - são comprimidos revestidos com uma camada protetora que controla a liberação do princípio ativo e a sua distribuição no organismo. Dessa forma, o efeito dele não ocorre de uma vez, o que também diminui os seus efeitos colaterais;
  • Medicamentos gastrorresistentes - são os medicamentos que conseguem passar intactos pelo estômago (sem serem afetados pelos ácidos desse órgão), permitindo que eles tenham sua ação preservada ou sejam absorvidos pelo intestino;
  • Drágeas - são medicamentos que possuem um revestimento de açúcar, o qual tem por objetivo mascarar sabores, cores ou odores desagradáveis, facilitar a deglutição ou ainda preservar o princípio ativo de degradação química ou física;
  • Cápsulas - nesta apresentação, o princípio ativo está envolvido por uma cápsula de amido ou gelatina que pode ser deglutida mais facilmente e oferece proteção contra a luz (que pode destruir alguns princípios ativos).

Além dessas formas, também existem os xaropes, as gotas, as injeções, as pomadas e várias outras apresentações que contêm tecnologias diferentes para poder atender a outras necessidades.

Por esse motivo, ao modificar a apresentação de um medicamento (cortando um comprimido no meio, por exemplo), ele pode não fazer mais o mesmo efeito ou oferecer riscos à saúde.

Riscos de cortar comprimido pela metade

Quando um comprimido é cortado no meio sem ter sido produzido para esse objetivo, as características originais de sua formulação podem ser perdidas, prejudicando seu efeito ou causando efeitos colaterais.

Esses prejuízos para a saúde do paciente também podem ocorrer pelas alterações físicas e químicas que o medicamento pode sofrer devido a uma maior exposição à luz, ao calor, à umidade e à contaminação por microrganismos.

Alguns sinais de que houve uma alteração em sua composição são mudanças na cor, no odor e na textura.

Ao notar qualquer um desses problemas, o remédio não deve ser utilizado. Nesse caso, é indicado levá-lo até uma farmácia para fazer o descarte correto.

Outro risco ligado à divisão de um comprimido é que não há uma garantia de que as duas partes terão exatamente a mesma dose.

Inclusive, em um estudo de pesquisadores da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) sobre as consequências de cortar medicamentos, cientistas analisaram que ao partir o hidroclorotiazida, diurético usado no controle da hipertensão arterial (pressão alta), houve uma diferença de até 15% na quantidade do princípio ativo entre as metades.

Assim, um comprimido que foi partido pode agir de forma mais rápida ou mais lenta, apresentar mais efeitos colaterais, propiciar uma subdosagem da medicação (pelo fato de o princípio ativo não ser repartido igualmente entre as partes) e até mesmo aumentar o risco de intoxicação.

Quando é possível partir o comprimido com segurança?

Segundo os fabricantes, os comprimidos que podem ser cortados ao meio possuem um sulco para direcionar a divisão.

Porém, nem todos os comprimidos que apresentam esse detalhe podem ser divididos.

Por isso, antes de recorrer a essa prática, sempre consulte o médico e leia a bula do medicamento.

Caso seja possível cortar o comprimido, o ideal é utilizar os cortadores específicos para essa função, que são mais fáceis e seguros do que facas ou outras ferramentas, além de minimizarem erros e perdas na divisão.

Após o procedimento, também é importante observar o local de armazenamento da parte restante para que ela seja conservada adequadamente.

Uma alternativa a essa prática de partição é o uso de outras apresentações, como xarope, gotas, adesivos ou medicamentos manipulados, que podem se adequar às necessidades individuais de cada paciente.

CONCLUSÃO

Como mostrado no post “Quais os riscos de cortar o comprimido pela metade?”, essa prática não é segura quando realizada por conta própria.

Ao ter dúvidas sobre a administração do medicamento, é fundamental sempre consultar um médico (como o generalista, o clínico geral ou o especialista para a sua necessidade), uma vez que o profissional é o mais indicado para fazer a prescrição médica de acordo com a necessidade do paciente.

16/09/2024   •   há 2 meses


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