Diferenças entre depressão bipolar e unipolar
Revisado pela Equipe de Redação da Medprev
A depressão é um transtorno mental que acomete cada vez mais pessoas anualmente, impactando nas relações pessoais e profissionais em diversos níveis. Embora o termo seja usado amplamente, há diferentes tipos e características relacionados.
Entre as principais categorias estão a depressão bipolar e a depressão unipolar, que mesmo que compartilhem algumas semelhanças, apresentam diferenças em termos de sintomas, causas e tratamento.
Neste artigo, veja quais são as diferenças entre depressão bipolar e unipolar, suas principais características e sintomas!
O que é depressão bipolar?
A depressão bipolar, também conhecida como transtorno bipolar, é uma condição psiquiátrica complexa que afeta o humor, o pensamento e o comportamento das pessoas. Ela é caracterizada por uma alternância entre dois estados extremos: episódios de depressão profunda e episódios de mania ou hipomania intensa.
Durante os episódios de depressão, os indivíduos experimentam uma sensação avassaladora de tristeza, desesperança e perda de interesse nas atividades cotidianas. Esses períodos podem ser acompanhados por sentimentos de fadiga, falta de energia, distúrbios do sono e do apetite, além de dificuldade de concentração e baixa autoestima.
Os sintomas da depressão podem ser tão debilitantes que interferem significativamente nas áreas de vida da pessoa, incluindo trabalho, relacionamentos e autocuidado.
Por outro lado, os episódios de mania são caracterizados por uma elevação extrema do humor, que pode se manifestar como euforia, grandiosidade ou irritabilidade intensa.
Durante esses períodos, os indivíduos muitas vezes se sentem cheios de energia e criatividade, têm um senso aumentado de autoestima e podem envolver-se em atividades arriscadas ou impulsivas, como gastos excessivos, comportamento sexual desinibido ou projetos grandiosos.
A mania é acompanhada por um aumento significativo na energia, o que pode resultar em uma redução da necessidade de sono, levando a um estado de hiperatividade.
Além dos episódios completos de mania e depressão, existe também o estado de hipomania, que é uma forma mais leve de mania. Durante os episódios de hipomania, os sintomas são semelhantes aos da mania, mas geralmente menos intensos.
As pessoas em estado de hipomania podem sentir-se produtivas, criativas e animadas, porém ainda conseguem manter um certo grau de funcionalidade sem a completa desorganização.
O que é depressão unipolar?
A depressão unipolar, também referida como depressão maior ou depressão clínica, é um transtorno mental que se concentra exclusivamente em episódios de humor deprimido.
Os episódios de depressão unipolar são caracterizados por uma gama de sintomas como:
- humor persistentemente deprimido;
- perda de interesse ou prazer (anedonia);
- fadiga;
- distúrbios do sono;
- alterações no apetite;
- diminuição da energia;
- dificuldades de concentração.
Esses sintomas normalmente persistem ao longo de todo o episódio depressivo, afetando a funcionalidade e a qualidade de vida dos indivíduos afetados.
Quais as principais diferenças entre depressão bipolar e unipolar?
Um fator-chave que diferencia a depressão bipolar da unipolar é a presença de episódios de mania ou hipomania.
Os pacientes bipolares experimentam esses estados, enquanto os pacientes unipolares não. A mania leva a comportamentos arriscados, gastos excessivos e delírios de grandiosidade.
Já a hipomania é uma forma mais branda de mania, caracterizada por sintomas semelhantes, mas de menor gravidade e duração. Além desses fatores, também há algumas características que as tornam diferentes. Confira algumas a seguir.
1. Causas orgânicas
Pesquisas sugerem que há uma predisposição genética para ambos os tipos de depressão, mas a depressão bipolar demonstra ter uma contribuição genética mais forte em comparação à depressão unipolar.
Além disso, fatores biológicos desempenham um papel significativo na origem dessas condições.
No caso da depressão bipolar, desequilíbrios químicos no cérebro, particularmente envolvendo neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, têm sido relacionados à ocorrência de episódios maníacos e depressivos.
Além disso, questões hormonais, como as mudanças hormonais que ocorrem durante certos períodos da vida (durante a puberdade, gravidez e menopausa, por exemplo) podem influenciar a vulnerabilidade à depressão unipolar.
Ambos os tipos de depressão também podem ser influenciados por fatores ambientais, como estresse crônico, traumas, eventos significativos de vida e o ambiente familiar.
No caso da depressão bipolar, o uso de substâncias psicoativas, como álcool e drogas, pode desencadear ou exacerbar episódios maníacos ou depressivos. No entanto, vale ressaltar que os gatilhos ambientais e os fatores de risco podem variar consideravelmente de pessoa para pessoa.
2. Curso e duração
Uma das diferenças marcantes entre as duas formas é o curso do transtorno. A depressão bipolar é caracterizada por oscilações entre episódios de depressão e episódios de mania/hipomania.
Esses episódios podem durar semanas e meses, além de variar em gravidade.
Os episódios de depressão podem ser profundos e debilitantes, enquanto os episódios de mania/hipomania podem ser caracterizados por uma expansão extrema do humor, aumento de energia e comportamento impulsivo.
A transição entre esses estados pode ocorrer de forma abrupta ou gradual, influenciando a montanha-russa emocional que define a depressão bipolar.
Por outro lado, a depressão unipolar tende a ser mais constante em seu estado depressivo, com episódios que duram mais tempo, muitas vezes excedendo os seis meses.
Os episódios de depressão na depressão unipolar podem ser persistentes e crônicos, impactando a vida cotidiana dos indivíduos por longos períodos. Isso pode levar a um ciclo de recorrência, onde os sintomas diminuem em intensidade, mas não desaparecem completamente entre os episódios.
Além disso, a frequência dos episódios também pode diferir entre os dois tipos de depressão.
Na depressão bipolar, os episódios de mania, hipomania e depressão podem ocorrer em intervalos irregulares e imprevisíveis. Já na depressão unipolar, os episódios depressivos podem ser mais previsíveis em termos de duração e recorrência.
O ciclo da depressão bipolar pode exigir abordagens terapêuticas distintas em comparação com a depressão unipolar.
Ter uma visão abrangente da doença ajuda os profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, a adaptar suas estratégias para melhor atender às necessidades individuais dos pacientes.
3. Idade
Outro aspecto importante é a idade de início dos sintomas. A depressão unipolar tende a se manifestar após os 25 anos, enquanto a bipolaridade geralmente começa antes dos 20 anos.
No caso da depressão unipolar, a ocorrência dos primeiros episódios após os 25 anos pode estar relacionada a uma combinação de fatores. Mudanças hormonais, eventos de vida estressantes ou desencadeadores específicos, bem como predisposição genética, podem influenciar o desenvolvimento da depressão unipolar em uma fase posterior da vida.
Essa forma de depressão pode ser desencadeada por uma série de circunstâncias, incluindo estresses relacionados ao trabalho, relacionamentos, saúde e outras situações que tendem a aumentar conforme as pessoas envelhecem.
A compreensão das idades de início dos sintomas é relevante tanto para fins diagnósticos quanto para a escolha do tratamento adequado.
4. Sintomas específicos
Os sintomas específicos são destacados para diferenciar ainda mais os dois tipos de depressão. A depressão unipolar não apresenta crises de ansiedade frequentes e sinais como:
- intolerância do pensamento,
- irritabilidade,
- compulsões,
- euforia,
- hipersexualidade ou comportamento de busca compulsiva de prazer.
Em contrapartida, a bipolaridade traz à tona uma ampla gama de sintomas como parte de seus estados maníacos, incluindo impulsividade, comportamentos de risco e aumento da atividade sexual.
5. Impacto social e pessoal
A depressão unipolar, embora possa levar ao isolamento, pode passar despercebida pela família, amigos e ambiente profissional.
Além disso, a natureza constante dos episódios depressivos na depressão unipolar pode muitas vezes resultar em um impacto social e pessoal mais sutil.
As mudanças de humor menos acentuadas nem sempre são visíveis externamente, o que pode levar a uma subestimação da gravidade dos sintomas.
No entanto, isso não significa que a depressão unipolar seja menos debilitante, pois o sofrimento emocional interno e a interferência nas atividades diárias ainda podem ser intensos.
Já a bipolaridade pode causar uma série de prejuízos recorrentes, como mudanças frequentes de emprego devido às flutuações de energia e motivação, perdas financeiras resultantes de decisões impulsivas tomadas durante os episódios maníacos e impacto nos relacionamentos pessoais.
A instabilidade de humor da bipolaridade pode criar desafios significativos na manutenção de relacionamentos saudáveis, uma vez que os entes queridos podem ter dificuldade em lidar com os extremos da euforia e da depressão.
Também é importante ressaltar que os efeitos dos episódios maníacos podem se estender às responsabilidades parentais, afetando o bem-estar dos filhos e a dinâmica familiar.
Conclusão
Como visto no post Diferenças entre depressão bipolar e unipolar, entender quais são as semelhanças e as diferenças entre esses dois tipos de transtorno depressivo é crucial para a identificação, o diagnóstico e o tratamento adequado de cada.
Enquanto ambos compartilham a característica central de episódios depressivos, a presença de episódios de mania, hipomania e suas características específicas é o ponto distintivo da depressão bipolar.
A depressão unipolar, com seus episódios persistentes de humor deprimido, pode se manifestar em fases mais tardias da vida e apresentar desafios de reconhecimento devido à sua natureza menos extrema.
Por outro lado, a bipolaridade muitas vezes emerge em idades mais jovens, trazendo consigo oscilações dramáticas de humor que podem impactar profundamente todas as esferas da vida.
Com a conscientização sobre os impactos dessas doenças mentais e a busca por acompanhamento médico e psicológico especializados, é possível amenizar os sintomas e ter uma melhor qualidade de vida.
27/09/2023 • há um ano