Dependência emocional: o que é, sintomas e como tratar

Você já teve que lidar com situações de dependência emocional na sua vida? Também conhecida como transtorno de personalidade dependente, a dependência emocional está ligada a sentimentos de submissão, medo da solidão e baixa autoestima.

O ser humano, no íntimo de suas características, é um ser social. Isto significa que ele precisa de outras pessoas para viver e se sentir bem.

Contudo, existem situações em que essa necessidade se torna excessiva e sufocante, atrapalhando a convivência.

Trata-se, na verdade, de um padrão de comportamento prejudicial que afeta relacionamentos, amizades e, principalmente, a saúde mental.

Saiba mais sobre dependência emocional: o que é, sintomas e como tratar, a seguir.

O que é dependência emocional?

A dependência emocional é um tipo de padrão comportamental no qual o indivíduo sente a necessidade constante de aprovação e atenção de outras pessoas, ou seja, depende de alguém emocionalmente para se sentir confortável e viver feliz.

Dessa forma, o dependente emocional não tem a capacidade de pensar por si, tem dificuldades de se expressar e não é capaz de tomar decisões de forma autônoma. Ele necessita da validação e da segurança de outra pessoa constantemente.

Vale salientar que a dependência emocional não está necessariamente ligada a relacionamentos românticos.

Ela pode se manifestar em qualquer vínculo, incluindo amizades, relações profissionais e também familiares.

A dependência emocional ainda não é reconhecida como um transtorno independente no Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM-5), principal classificação utilizada por psiquiatras.

Porém, ela aparece como parte dos sintomas principais, em diversos transtornos independentes.

Sintomas da dependência emocional

Existem diversos sintomas característicos relacionados à dependência emocional e, entre eles, estão:

• Necessidade constante de aprovação - é o sintoma principal e o mais aparente. O dependente emocional busca validação constante de outros para se sentir bem consigo mesmo. Assim, podem desenvolver ansiedade, caso não recebam essa aprovação;
• Medo de ser rejeitado - existe um medo muito grande de ser rejeitado, ou mesmo abandonado. Este medo pode levar a outros problemas, como mudança de personalidade (para se adequar ao ambiente);
• Autoestima baixa ou instável - a autoestima do dependente emocional está interligada com a forma como os outros o enxergam. Eles se sentem realizados perante elogios positivos e arrasados diante de qualquer tipo de crítica;
• Dificuldade em tomar decisões - geralmente, existe uma dependência muito grande da opinião dos outros para a realização de qualquer atividade, desde as mais simples até as mais complexas;
• Comportamentos obsessivos - grande parte dos dependentes emocionais tende a desenvolver um ciúme exagerado por aquelas pessoas de quem dependem emocionalmente. Isto se manifesta, principalmente, em pensamentos intrusivos e tentativas excessivas de manter contato;
• Padrões de relacionamento desequilibrados - grande parte das pessoas com dependência emocional se envolve em relacionamentos pouco saudáveis. Elas toleram abusos físicos e psicológicos, simplesmente por medo de ficarem sozinhos (as).

Causas da dependência emocional

As causas para a dependência emocional costumam ser bastante complexas e envolvem uma combinação de fatores ambientais, sociais e psicológicos.

Grande parte dos quadros é de superação moderada e precisa de ajuda profissional especializada (tanto do psicólogo quanto do psiquiatra), em razão da necessidade de mudar seus padrões de comportamento.

Insegurança excessiva

Pessoas que sofrem com ansiedade ou insegurança podem estar mais propensas a desenvolver dependência emocional.

Ela é expressada através da dedicação cega pela pessoa próxima, sem se preocupar com danos (seja a si mesmo ou a terceiros).

Muitos ainda acreditam que “vão perder a vida” caso não atendam aos pedidos da pessoa amada.

Dessa forma, entram em relacionamentos abusivos e problemáticos, sofrendo tanto danos emocionais quanto psicológicos (e até físicos).

Necessidade excessiva de ser amado e valorizado

Dependentes emocionais precisam recorrer a outras pessoas para preencher o vazio que sentem dentro de si.

Neste sentido, há uma necessidade excessiva de ser amado, reconhecido e valorizado pelos outros.

A pessoa pode se sentir completa somente a partir da satisfação do outro. Quando isso não acontece, geralmente há um apelo emocional muito grande, com perseguições, uso da persuasão e diversas outras práticas não saudáveis.

Traumas emocionais ou abuso na infância

Experiências traumáticas, como abuso físico e emocional na infância, têm impacto direto no desenvolvimento de padrões de dependência emocional.

Este tipo de trauma pode prejudicar, inclusive, a autoestima, levando a comportamentos perigosos.

Além disso, pode ajudar também na incapacidade de estabelecer limites saudáveis nos relacionamentos.

Falta de afeto na infância

A pessoa que teve uma infância com pais ausentes, por exemplo, desenvolve com muita facilidade as principais características da dependência emocional.

E isto envolve também experiências ruins na juventude, que se transformam em traumas na vida adulta.

Assim, como forma de compensar esse amor que não obteve, o dependente emocional busca um parceiro (a) para amar e provar que é capaz de receber esse sentimento.

Tratamento da dependência emocional

O tratamento para a dependência emocional, comumente, é bastante desafiador e exaustivo.

A maioria dos dependentes emocionais não reconhece o problema, uma vez que para eles tudo se trata de uma forma de demonstrar amor.

O primeiro passo para lidar com a dependência emocional, é identificar os gatilhos que levam ao problema, reconhecendo-os.

É preciso sempre analisar como você se sente no relacionamento, e se está sendo você mesmo.

Caso perceba que está “vivendo um personagem” ou se dedicando em excesso ao outro, é muito importante começar a repensar o que há por trás desse comportamento.

Existem algumas abordagens terapêuticas que podem ajudar nesse processo de reconhecimento, capacitando as pessoas a cultivar relacionamentos mais saudáveis e, principalmente, a desenvolver uma maior autonomia social.

Entre as principais abordagens, destacam-se:

• TCC (terapia cognitivo-comportamental) - trata-se de uma das abordagens mais utilizadas no tratamento da dependência emocional. Ela ajuda os indivíduos a reconhecerem que estão dentro da situação, auxiliando no desenvolvimento de formas de lidar com o problema. O terapeuta, ao longo das sessões, orienta o paciente, de modo que ele consiga recuperar a confiança e a autoestima;
• ACT (terapia de aceitação e compromisso) - a ACT é uma abordagem terapêutica centrada na aceitação de experiências emocionais difíceis, e no compromisso com valores pessoais importantes. Em casos de dependência emocional, os pacientes aprendem a tolerar a angústia, sem precisar recorrer à dependência excessiva.

FAQ (Perguntas Frequentes)

1. O que é dependência emocional?

A dependência emocional é um tipo de comportamento onde o indivíduo desenvolve uma necessidade excessiva de receber atenção, validação ou afeto de outra pessoa.

Isto acarreta padrões de relacionamentos problemáticos, além de uma incapacidade de se sentir completo e feliz, sem a aprovação deste pessoa.

2. Quais são os sintomas de dependência emocional?

Os principais sintomas da dependência emocional giram em torno da necessidade constante de aprovação e validação, medo de rejeição e abandono, dificuldade em tomar decisões por si mesmo, autoestima instável, além de comportamentos obsessivos em relação à outra pessoa.

3. Dependência emocional é uma doença?

Não, a dependência emocional não é considerada uma doença pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).

Contudo, ela é reconhecida como uma condição que pode ter impacto significativo na saúde mental e nos relacionamentos.

4. Quais são as causas da dependência emocional?

Entre as principais causas para a dependência emocional, estão traumas emocionais, baixa autoestima, ansiedade, insegurança, padrões de relacionamento disfuncionais, além de ambientes problemáticos.

5. É possível ter um relacionamento saudável com alguém com dependência emocional?

É possível, desde que a pessoa que está lidando com o problema, esteja em terapia e, ativamente, trabalhando em sua superação da dependência emocional.

Isto exige, entre outros pontos, comunicação aberta, compreensão, paciência e apoio mútuo.

Neste sentido, é importante que a pessoa com dependência emocional busque ajuda profissional, e faça esforços para desenvolver padrões de relacionamento saudável.

6. Como superar a dependência emocional?

Superar a dependência emocional pode ser bastante desafiador e, geralmente, envolve terapia, autoconhecimento e autodesenvolvimento.

Terapias em grupo e TCC (terapia cognitivo-comportamental) podem ser muito úteis nestes casos.

Além disso, desenvolver limites saudáveis, explorar as origens do problema e fortalecer a autoestima são cruciais.

7. Como saber se é amor ou dependência emocional?

Ambas as situações envolvem sentimentos intensos e uma forte ligação emocional.

Alguns pontos podem ajudar a discerni-las, como autonomia emocional, respeito pelos limites, comunicação saudável, confiança e autoestima.

Estes são pontos que, geralmente, estão ausentes em uma situação de dependência emocional.

O amor envolve principalmente respeito mútuo, além de crescimento pessoal, enquanto a dependência emocional tende a uma necessidade constante de validação e codependência do outro.

Conclusão

Como visto no post “Dependência emocional: o que é, sintomas e como tratar”, a dependência emocional é uma condição complexa, que pode afetar profundamente a vida de uma pessoa, comprometendo sua vida pessoal e seus relacionamentos.

Apesar de não ser reconhecida como doença (mas poder estar relacionada a transtornos e distúrbios mentais), ela causa diversos problemas emocionais e de relacionamento.

O indivíduo se sente incapaz de agir por conta própria, necessitando sempre da opinião e aprovação de outra pessoa.

Contudo, vale salientar que a condição não é uma sentença permanente. Com apoio adequado, autorreflexão e comprometimento com o tratamento, o indivíduo consegue superar a condição, aprendendo a cultivar relacionamentos saudáveis e gratificantes.

Basicamente, o paciente aprende a se libertar dos padrões de dependência emocional, e a encontrar uma maior autonomia emocional.

Com o suporte profissional de um psicólogo, o indivíduo pode encontrar apoio e ferramentas para lidar com os gatilhos que desencadeiam os comportamentos relacionados a esse tipo de dependência.