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Gastrite nervosa: como aliviar?

Revisado pela Equipe de Redação da Medprev

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Muito comum nos dias atuais, a gastrite nervosa é um tipo de gastrite que manifesta sintomas em períodos de muito estresse e ansiedade. Apesar de não causar inflamações no estômago, como a gastrite clássica, os sintomas são bastante semelhantes.

O Brasil é o país da América Latina que lidera o ranking de pessoas ansiosas, com cerca de 18,6 milhões (segundo dados de 2019 da Organização Mundial de Saúde). E milhares destas, desenvolvem também a gastrite nervosa, além de tantos outros distúrbios gastrointestinais relacionados.

Entenda, neste post, as principais características da gastrite nervosa: como aliviar, formas de combatê-la e aliviar seus sintomas.

O que é gastrite nervosa?

A gastrite nervosa, conhecida cientificamente como dispepsia funcional, é um distúrbio gastrointestinal relacionado a fatores emocionais, que causa grande desconforto e afeta negativamente a qualidade de vida do indivíduo.

Diferentemente da gastrite clássica, que afeta toda a mucosa do estômago, ela não causa inflamações no órgão.

A dispepsia funcional é um quadro que apresenta piora em situações de estresse, ansiedade e também tensão.

Embora existam fatores relacionados a esse problema de saúde, a causa exata para o distúrbio ainda é desconhecida.

Contudo, sabe-se que o sistema digestivo humano está diretamente ligado ao sistema nervoso.

Uma vez entendida essa relação, é possível compreender como influências e alterações emocionais impactam no funcionamento deste sistema.

Basicamente, o funcionamento das glândulas responsáveis por liberar o muco ácido no estômago são diretamente influenciadas pelo estado emocional do indivíduo.

Isto significa, por exemplo, que em momentos de tensão, a digestão ou qualquer outro processo do estômago pode ficar comprometido.

Quais os sintomas da gastrite nervosa?

A gastrite nervosa apresenta sintomas semelhantes à gastrite clássica. Entre os mais comuns, estão:

  • Indigestão;
  • Saciedade sem ter feito refeição alguma;
  • Acúmulo de gases no estômago;
  • Distensões abdominais;
  • Queimação epigástrica (uma sensação de ardor no começo da garganta);
  • Dores na boca do estômago.

Estes sintomas podem se manifestar de forma isolada ou ao mesmo tempo.

Porém, em casos em que dois ou mais deles acontecem de forma contínua por mais de três meses, o diagnóstico tem mais chances de ser de gastrite nervosa.

Fatores de risco para a gastrite nervosa

A gastrite nervosa não possui uma causa específica, mas fatores de risco associados a situações emocionais, o que leva a um aumento na produção do suco gástrico.

Estes fatores de risco incluem:

Uma vez que a gastrite não está relacionada a uma inflamação, não há um risco de evoluir para um quadro como o câncer do estômago, por exemplo.

Diagnóstico

Vale salientar que os sintomas acima relatados também podem ser comuns a outros distúrbios gastrointestinais.

Portanto, cabe ao médico gastroenterologista realizar o descarte de outras condições de saúde, por exemplo, para a obtenção de um diagnóstico preciso.

É importante lembrar que outras doenças do trato digestivo possuem sintomas parecidos, como a infecção causada pela bactéria Helicobacter pylori.

Tratamento

O tratamento para a gastrite nervosa deve ser sempre indicado por um médico gastroenterologista, uma vez que pode envolver uma série de ações, como:

  • mudanças na dieta;
  • remédios;
  • terapias para redução de sintomas emocionais.

O primeiro passo para investigação do quadro de saúde é uma conversa entre o paciente e o médico para mapeamento do histórico clínico, sintomas e possíveis causas .

Uma vez confirmado o diagnóstico, o paciente é encaminhado para uma abordagem multidisciplinar, que pode envolver nutricionista, psicólogo e psiquiatra.

Caso seja necessário algum medicamento, o tipo e a dose devem ser definidas de acordo com o grau de gravidade dos sintomas.

Entre os medicamentos que podem ser indicados estão os antiácidos (em casos de dores intensas) e aqueles que diminuem a produção de ácido gástrico.

Nutrição

Em relação à dieta, é recomendado consumir alimentos que diminuam a produção de ácido estomacal.

Entre os alimentos de fácil digestão que podem ser incluídos na rotina, estão:

  • Cereais e tubérculos;
  • Frutas sem casca;
  • Legumes (de preferência cozidos);
  • Carnes brancas (peixes, frango);
  • Laticínios com baixo teor de gordura (como coalhada light, iogurte natural e leite desnatado).

Outras dicas de nutrição incluem:

  • Evitar se alimentar até 3 horas antes de dormir;
  • Evitar jejum por mais que 4 horas;
  • Comer devagar, sem pressa, priorizando uma boa digestão;
  • Criar um plano alimentar;
  • Priorizar alimentos ou misturas com consistências mais suaves para que o estômago realize a digestão com mais facilidade.

Medicamentos

Os medicamentos para a gastrite nervosa visam aliviar os sintomas da condição, além de promover a diminuição ou mesmo inibição na produção de ácido estomacal. Também podem ser prescritos remédios que neutralizam a acidez do estômago.

Entre aqueles que podem ser utilizados, estão:

  • Antagonistas H2 - reduzem a produção de ácido estomacal;
  • Inibidores da Bomba de Prótons - atuam para aliviar a irritação da mucosa gástrica, reduzindo consequentemente o ácido estomacal;
  • Medicamentos antiácidos - são os medicamentos que fornecem o alívio mais rápido dos sintomas. Em sua composição, na maioria, levam hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio e também carbonato de cálcio;
  • Medicamentos procinéticos - ajudam a melhorar o trânsito do intestino e o esvaziamento do estômago, reduzindo sintomas como náuseas e vômitos;
  • Antidepressivos ou ansiolíticos - caso o estresse e a ansiedade levem a quadros muito severos de gastrite nervosa, o médico pode ainda prescrever medicamentos utilizados para controlar os sintomas de problemas emocionais.

Por fim, vale salientar a importância da abordagem multidisciplinar em casos de gastrite nervosa.

Remédios caseiros

Existem alguns remédios caseiros que podem auxiliar no alívio dos sinais da doença, mas não substituem o tratamento médico. Entre eles, estão:

  • Chá de gengibre - o gengibre possui propriedades anti-inflamatórias, ajudando a aliviar a irritação do estômago. Indica-se o consumo da raiz fresca ou como chá;
  • Chá de camomila, flor de maracujá e alfazema - ajudam a reduzir a ansiedade e o estresse.

Gastrite nervosa e gastrite comum: como diferenciar?

Por apresentarem sintomas iguais e outros muito parecidos, muitas pessoas têm dificuldade em diferenciar a gastrite nervosa de uma gastrite comum (clássica).

Considerando somente os sintomas, pode ser um grande desafio identificar o tipo de gastrite. Portanto, é necessária a realização de exames, ou seja, a orientação de um especialista no assunto.

A principal diferença entre esses dois distúrbios digestivos é a presença de inflamação no estômago. Enquanto na gastrite comum a inflamação é presente (geralmente causada pela presença da bactéria Helicobacter pylori), na gastrite nervosa isso não ocorre.

A gastrite nervosa apresenta alterações no trânsito intestinal e na motilidade gastrointestinal.

O tratamento para ambas é parecido, mas com pontos de ação diferentes.

Para a gastrite comum, o uso de medicamentos é um dos grandes aliados do tratamento, além de atuar em conjunto com mudanças na dieta, além da realização de exercícios físicos.

Já para a gastrite nervosa o tratamento envolve ações relacionadas a fatores emocionais, como a psicoterapia e uma mudança no estilo de vida.

Conclusão

Como visto no post “Gastrite nervosa: como aliviar?”, esse problema de saúde refere-se a uma doença na qual os sintomas são agravados ou desencadeados por condições emocionais como estresse, ansiedade ou extrema tensão.

A relação entre saúde emocional e saúde física é cada vez mais próxima, o que ressalta ainda mais a importância de uma abordagem multidisciplinar no tratamento do problema e manutenção da saúde geral.

O tratamento para a gastrite nervosa inclui diversos aspectos, como mudanças no estilo de vida, prática de atividades relaxantes e adoção de uma dieta saudável e equilibrada. Além disso, é fundamental a busca por apoio emocional.

O campo da psicoterapia é destaque nesse quesito, em especial a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental).

Ao identificar um ou mais sintomas da gastrite nervosa por tempo prolongado, é essencial buscar auxílio médico para diagnóstico e tratamento adequado.

Também é preciso lembrar que cada pessoa possui necessidades específicas, o que torna o auxílio médico especializado e único.

09/11/2023   •   há um ano