Endometriose: o que é, sintomas, causas e tratamentos
Revisado pelo(a) Dra. Raquel Antunes de Moraes , CRM/SP 241516 , Ginecologia e Obstetrícia - RQE 110068
Você sabia que uma em cada dez mulheres em idade fértil desenvolve endometriose no Brasil? A endometriose ocorre quando o endométrio, que é o tecido que reveste o útero internamente, se implanta em outros órgãos (como ovários e peritônio).
Os fatores que levam ao aparecimento desse problema são os mais diversos, entre eles a primeira menstruação precoce (antes dos 12 anos), ciclos menstruais prolongados, obesidade e fatores genéticos.
Aprenda sobre a endometriose: o que é, sintomas, causas e tratamentos a seguir!
O que é o endométrio?
O endométrio é um tecido localizado no interior do útero, sendo produzido e descartado a cada ciclo menstrual devido às alterações hormonais que ocorrem no corpo da mulher.
Além de revestir o útero, o endométrio tem como função abrigar e nutrir o embrião nos primeiros estágios da gestação.
É importante lembrar que a menstruação ocorre quando o óvulo não é fecundado, por isso, há a eliminação do endométrio.
O que é endometriose?
A endometriose é caracterizada pela presença do tecido endometrial fora do útero, acometendo órgãos como ovários, trompas, a bexiga e, até mesmo, o intestino.
A endometriose pode ser a causa de diversos problemas de saúde, como:
- dores abdominais;
- cólicas menstruais;
- TPM (Tensão Pré-Menstrual) intensa;
- infertilidade;
- alterações do hábito intestinal.
Embora a doença se manifeste de diferentes formas, existem tratamentos disponíveis para auxiliar na redução de seus efeitos, além do seu controle.
A endometriose pode afetar outros órgãos?
Sim, mas depende da gravidade e evolução da doença. Entre as áreas que podem ser afetadas, estão:
- cavidade pélvica;
- bexiga;
- intestino;
- ureter.
Uma vez que o diagnóstico da endometriose é confirmado, é preciso buscar a ajuda de um profissional especializado (como o ginecologista) e manter a rotina médica em dia para evitar a progressão e as complicações da doença.
Tipos de endometriose
A endometriose é classificada em três tipos:
- Endometriose superficial - quando existe a presença do endométrio na região do peritônio, membrana que cobre a área do abdome e também a região pélvica;
- Endometriose ovariana - ocorre quando o endométrio acomete o ovário, com a presença de cistos que se formam a partir de células endometriais. São chamados de “endometriomas”;
- Endometriose profunda - considerada a forma mais grave da doença, ocorre quando o endométrio, camada que reveste o interior do útero, está presente fora da cavidade uterina e penetra profundamente nos órgãos da região pélvica.
É importante lembrar que em qualquer tipo de endometriose, é indispensável o diagnóstico correto e um acompanhamento médico.
Sintomas da endometriose
Em alguns casos, a endometriose é silenciosa, ou seja, assintomática.
Porém, na maioria deles, os sintomas se manifestam através de fortes dores, como:
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- Dismenorreia - ocorre durante o período menstrual. É um tipo de dor que se confunde com a cólica menstrual, mas que devido à intensidade, pode gerar vômito e desmaios;
- Dispareunia - um tipo de dor que acontece durante a relação sexual;
- Dor pélvica crônica - um tipo de dor diária e contínua localizada na pelve ou abdome e que não tem relação com o período menstrual.
Além desses tipos de dores, a endometriose pode se manifestar através de outros sinais, como:
- dor para urinar durante o período menstrual;
- presença de sangue nas fezes e na urina durante o período menstrual;
- infecção urinária;
- infertilidade;
- dificuldade para dormir.
Sentir cólicas fortes todo mês pode ser um sintoma da endometriose que deve ser investigado com atenção.
Causas da endometriose
A endometriose e os fatores que desencadeiam o desequilíbrio hormonal que proporciona o surgimento da doença não têm uma causa totalmente definida.
Contudo, algumas teorias sugerem o que pode causar o crescimento de tecido endometrial fora do útero:
- Menstruação retrógrada - condição onde o sangue da menstruação, contendo células do endométrio, volta para a cavidade pélvica por meio das trompas de Falópio ou tubas uterinas. Essa é, inclusive, uma das teorias mais conhecidas e aceitas para explicar o surgimento da endometriose;
- Fator imunológico - nas mulheres com endometriose, já foi demonstrado um aumento da concentração de fatores imunológicos. Esse sistema tem sido muito estudado e pode ajudar a esclarecer a origem da endometriose no futuro;
- Crescimento de células embrionárias - condição no qual as células que revestem o abdome e as cavidades pélvicas se convertem em tecido endometrial, dando origem à doença.
Fatores de risco
A endometriose é uma doença multifatorial e também está ligada ao estilo de vida, já que há aspectos que podem aumentar o risco do aparecimento da doença. Entre eles, estão:
- maternidade tardia;
- histórico familiar;
- primeira menstruação precoce.
Diagnóstico da endometriose
O diagnóstico da endometriose precisa de uma avaliação cuidadosa pelo profissional, que baseia-se, por exemplo, nas queixas da paciente, exame ginecológico clínico (avaliação das condições da vagina, ovários e útero) e análise do histórico de saúde para investigar a suspeita da doença.
Para a confirmação do diagnóstico, podem ser solicitados exames, como:
- Ressonância magnética - realizada para investigar a endometriose profunda;
- Ultrassom transvaginal com preparo intestinal - considerado o melhor exame para diagnóstico do problema;
- Exame de sangue CA-125 - realizado para avaliar a quantidade de proteína CA-125 no sangue. Quando em grande quantidade pode indicar a endometriose;
- Videolaparoscopia - realizado para confirmação do quadro, mediante indicação médica. Uma das possíveis indicações pode ser quadros de infertilidade ou quadros não responsivos ao tratamento clínico.
Tratamento da endometriose
O tratamento da endometriose deve ser orientado pelo ginecologista de acordo com os sintomas e a gravidade da doença:
- Endometriose superficial - o tratamento normalmente é realizado com medicações hormonais para bloqueio do fluxo menstrual e anti-inflamatórios, que controlam os sintomas;
- Endometriose profunda - normalmente o tratamento consiste também em bloqueio da menstruação ou cirurgia para endometriose;
- Endometriose ovariana - depende do tamanho e tipo de acometimento. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico.
É importante lembrar que a avaliação do paciente e diagnóstico da doença são realizados de modo individualizado, uma vez que a endometriose se manifesta de diferentes formas para cada mulher.
Hábitos que ajudam a combater a endometriose
A endometriose é uma condição de saúde que afeta significativamente o bem-estar e a qualidade de vida, além de prejudicar a rotina.
Porém, além dos tratamentos eficazes que ajudam a combater o problema, como medicações e procedimentos cirúrgicos, alguns hábitos podem ajudar os pacientes a viver melhor:
- Praticar regularmente exercícios físicos - com acompanhamento de um profissional e realizado de forma regular, exercitar-se pode ajudar a aliviar os sintomas;
- Ter um sono de qualidade - ajuda a dar energia e combater a ansiedade, que potencializa as dores da endometriose;
- Seguir uma alimentação equilibrada - uma dieta balanceada pode ter ação anti-inflamatória e ajudar a controlar a progressão da doença.
Endometriose e a alimentação
A endometriose é uma doença inflamatória e por essa razão, também está diretamente ligada à alimentação.
Existem alimentos e nutrientes que ajudam a evitar a endometriose e aliviar seus sintomas, como:
- Alimentos ricos em ômega 3 - essa substância atua como anti-inflamatório, amenizando os focos de endometriose no organismo;
- Fibras;
- Frutas que são fonte de vitamina C - ricas em antioxidantes, ajudam a reduzir os radicais livres, com potencial para reduzir a inflamação;
- Alimentos ricos em vitamina B.
Para um plano alimentar personalizado e adequado, é indicado obter a orientação de um profissional da saúde, como de um nutricionista ou nutrólogo.
Endometriose tem cura?
Sim, a endometriose tem cura em quadros específicos (através da cirurgia para retirar todo o tecido endometrial espalhado na região pélvica, por exemplo).
Para controlar a doença e amenizar os sintomas, também existem opções analgésicas e remédios hormonais.
Endometriose causa infertilidade?
Sim, a endometriose é a principal causa de infertilidade feminina. Porém, nem todo paciente com endometriose irá desenvolver infertilidade.
Quando o endométrio começa a crescer em locais como as tubas e o ovário, ocorre a inflamação da região.
Devido ao processo espontâneo de cicatrização, como consequência, há a alteração da anatomia de órgãos como as tubas, o que impacta em seu funcionamento adequado e pleno.
Além disso, as células inflamatórias podem afetar a qualidade do óvulo e do espermatozoide.
Contudo, apesar da endometriose estar diretamente relacionada à infertilidade feminina, receber o diagnóstico da doença não necessariamente inclui o diagnóstico de infertilidade.
Relação entre a dor pélvica crônica e a endometriose
De forma geral, a dor pélvica se refere às dores sentidas na região abaixo do umbigo e acima das pernas.
A dor é considerada crônica quando dura mais do que seis meses, podendo ser um sinal de alerta para endometriose.
É essencial que a mulher com dor pélvica crônica seja avaliada por um ginecologista, pois o diagnóstico correto direciona o tratamento e aumenta muito a taxa de melhora e cura.
Existe relação entre câncer de ovário e endometriose?
Não existe nenhuma relação muito clara entre as duas doenças.
Existe a associação entre a endometriose e o desenvolvimento de cistos ovarianos, chamados de endometrioma, que em casos raros podem evoluir e se tornarem malignos, porém essa evolução geralmente ocorre em mulheres mais velhas e não é comum de ocorrer.
Mas, apesar desses apontamentos, o risco comprovado é relativamente baixo, visto que os tumores nos ovários são bem menos frequentes do que casos de endometriose.
CONCLUSÃO
Como visto no post “Endometriose: o que é, sintomas, causas e tratamentos”, a endometriose pode trazer desafios diários para as portadoras, como as dores intensas.
Porém, além de aliviar os sintomas e controlar o quadro clínico da paciente, o tratamento correto pode melhorar significativamente a qualidade de vida da mulher.
Para isso, é essencial buscar ajuda médica assim que surgirem alterações e/ou sintomas relacionados à doença.
17/09/2024 • há 2 meses