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Como saber se sou alcoólatra?

Revisado pela Equipe de Redação da Medprev

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Você gosta de tomar um aperitivo antes das refeições ou de curtir o happy hour com uma cervejinha? Esses são hábitos que fazem parte da vida de muita gente, mas talvez você já tenha se flagrado pensando que pode estar exagerando na bebida. Se a pergunta “como saber se sou alcoólatra?” está te atormentando, o primeiro passo é se informar.

Desde já, é importante esclarecer que o termo “alcoólatra” é considerado inadequado por muitos especialistas, pois ele significa “adorador do álcool” – uma expressão que reforça o estigma do dependente como uma pessoa “fraca” e “incapaz de resistir aos próprios desejos”.

Como hoje se sabe que o alcoolismo é uma doença, prefere-se utilizar o termo “alcoolista”, indicando que a pessoa sofre de um problema de saúde. Porém, como a expressão “alcoólatra” ainda é a mais conhecida, este artigo optou por adotá-la, após fazer os devidos esclarecimentos, de modo a se tornar mais abrangente entre os leitores.

“Beber socialmente”: o aceitável não está isento de riscos

A expressão “beber socialmente” geralmente é usada para definir o consumo de bebidas alcoólicas dentro de um padrão “aceitável”, em oposição ao consumo visto como problemático.

Este é o caso das bebidas ingeridas dentro de um contexto social, na companhia de outras pessoas e por motivos que não causam estranheza, como uma festa ou comemoração, sem que a pessoa apresente alterações de comportamento. Contudo, mesmo que essa seja uma prática socialmente aceita, ela não está isenta de riscos.

Segundo um estudo global publicado no fim de agosto de 2018, o consumo de duas doses por dia aumenta as chances de desenvolver diversos tipos de câncer em 7% em relação aos abstêmios. Para um consumo de cinco doses diárias, o risco cresce em 37%.

Além disso, por ser um padrão impreciso, o costume de “beber socialmente” pode esconder um comportamento prejudicial, com características de dependência e que ultrapassa o consumo considerado moderado.

O que é um consumo moderado de álcool?

Consumo moderado é um padrão de ingestão de álcool em que os riscos de desenvolver problemas de saúde ou dependência são considerados baixos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, esses riscos se acentuam quando a pessoa consome mais de 2 doses por dia e não fica mais de 2 dias por semana sem beber. Em termos práticos, duas doses equivalem a:

    • 2 latas de cerveja comum com teor alcoólico de 4% (660 ml);
    • 2 taças de vinho ou espumante (200 ml);
    • 2 shots de bebidas destiladas como tequila, vodca ou cachaça (60 ml);
    • 2 taças pequenas de licor ou aperitivo (100 ml).

Apesar disso, a própria organização esclarece que não existe um limite totalmente seguro e que algumas pessoas podem sofrer prejuízos mesmo que sua ingestão de álcool esteja dentro do consumo considerado moderado.

Quando o consumo de álcool se torna um problema

Apesar dos limites estabelecidos pela OMS, o momento em que o álcool se torna um problema está mais relacionado ao padrão de consumo e às consequências que ele traz para a vida pessoal, social e profissional do que às quantidades propriamente ditas. Dessa forma, uma pessoa que ficou embriagada em uma determinada ocasião não será necessariamente dependente do álcool – embora episódios como esse representem risco mais elevado para acidentes e morte. Por outro lado, uma pessoa com uma alta tolerância para as bebidas alcoólicas e que não apresenta sinais de estar embriagada mesmo após um grande consumo pode, na verdade, estar sofrendo com alcoolismo.

Como saber se sou alcoólatra?

Avaliar a própria condição e reconhecer-se como dependente do álcool não é uma tarefa simples. Porém, existem alguns sinais e sintomas que indicam que uma pessoa está se tornando alcoolista ou apresenta um grande risco para essa doença. Conheça os mais comuns:

1. Ter um padrão de consumo prejudicial

    • Beber sozinho, sem que haja motivos como uma comemoração;
    • Beber com objetivo de relaxar ou aliviar um sentimento negativo;
    • Ter dificuldade para parar depois de começar a beber;
    • Sentir necessidade de consumir bebidas alcoólicas pela manhã;
    • Tentar ficar sem beber por uma semana ou alguns dias e não conseguir;
    • Substituir uma bebida por outra na tentativa de controlar a ingestão de álcool;
    • Beber escondido das outras pessoas;
    • Dizer que pode parar de beber quando quiser, mas não conseguir.

2. Vivenciar prejuízos profissionais, familiares e sociais

    • Faltar ao trabalho em função do excesso de bebida;
    • Perder o emprego ou o ano letivo devido aos problemas causados pelo álcool;
    • Receber conselhos de familiares e amigos sobre diminuir o consumo de bebida;
    • Ficar irritado quando seu consumo de álcool é questionado por alguém;
    • Afastar-se dos familiares e dos amigos para beber sem ser incomodado;
    • Evitar eventos sociais em que não poderá consumir álcool à vontade;
    • Perder amigos e parceiros amorosos por beber demais;
    • Ficar violento quando bebe;
    • Agredir verbal ou fisicamente as pessoas ao seu redor.

3. Apresentar alterações em exames laboratoriais e condições de saúde

    • Ter níveis mais altos de glicose, colesterol e triglicerídeos;
    • Sofrer alterações em exames que estudam as enzimas do fígado;
    • Apresentar uma elevação da pressão arterial;
    • Perder o apetite ou alimentar-se mal;
    • Apresentar disfunção sexual (homens) e redução da libido;
    • Sofrer “apagões” de memória em função do álcool;
    • Ter sinais de tolerância ao álcool (necessitar de doses cada vez maiores).

4. Ter a percepção de que o álcool está trazendo prejuízos

    • Dar-se conta de que o álcool está atrapalhando a vida em família e o trabalho;
    • Sentir inveja das pessoas que conseguem controlar o consumo das bebidas;
    • Observar que os prejuízos relacionados ao álcool se agravaram nos últimos meses;
    • Ter a sensação de que aproveitaria mais a vida sem beber;
    • Sentir-se culpado pelo próprio padrão de consumo.

5. Apresentar sintomas de síndrome de abstinência

    • Ter sintomas como náuseas, vômitos, sudorese excessiva, tremores, taquicardia, delírios e alucinações ao ficar sem beber;
    • Ficar ansioso, irritado, depressivo ou violento quando não pode ingerir álcool;
    • Continuar bebendo para evitar a manifestação desses sintomas.

Acho que sou alcoólatra. E agora?

Se você se identificou com alguns dos sinais listados acima ou acredita que um familiar esteja enfrentando problemas com o álcool, é necessário buscar ajuda médica para lidar com essa dependência, preferencialmente com um psiquiatra – especialista que está disponível no MedPrev.

O alcoolismo é uma doença crônica e que não tem cura, mas o tratamento com medicamentos, psicoterapia e internação (quando necessário) possibilita que a pessoa se afaste do álcool e recupere sua qualidade de vida. Frequentar grupos de apoio, fazer exercícios físicos e criar novas rotinas também são medidas importantes.

Tomar uma taça de vinho para harmonizar com um jantar especial ou brindar uma grande conquista com um espumante são situações que provavelmente não indicam uma dependência. Porém, se a pergunta “como saber se sou alcoólatra” já passou pela sua cabeça, não hesite em procurar ajuda profissional.

30/05/2022   •   há 2 anos