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Depressão: pesquisa aponta que homens e jovens precisam de mais informações a respeito dessa doença

Revisado pela Equipe de Redação da Medprev

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com os maiores índices de depressão na América Latina: por aqui, 5,8% da população sofre com essa doença, o que representa 11,5 milhões de pessoas.

Mesmo atingindo tanta gente, mais da metade dos brasileiros não sabe o que é depressão ou não considera que ela seja uma doença. Além disso, o assunto ainda é motivo de vergonha e desconfiança, principalmente entre os jovens e os homens.

Essas informações foram obtidas pela pesquisa intitulada “Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a Saúde Mental”, que foi realizada em 2019 pelo Ibope Conecta com 2 mil brasileiros acima de 13 anos residentes na cidade de São Paulo ou nas regiões metropolitanas do Distrito Federal, Fortaleza, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

A depressão é uma doença, mas nem todo mundo sabe disso

De acordo com a pesquisa do Ibope, apenas 47% dos participantes classificaram a depressão corretamente como um transtorno mental, enquanto os demais afirmaram que ela seria resultado de uma fase difícil da vida ou um estado de espírito.

Os mitos relacionados às causas da depressão se mostraram mais presentes entre a população jovem, pois 26% dos entrevistados de 18 a 24 anos declarou que ela se trata de uma “doença da alma”, demonstrando desconhecimento sobre suas verdadeiras origens. Enquanto isso, apenas 15% dos participantes com mais de 55 anos concordaram com essa afirmação.

A confusão se manteve entre os adolescentes de 13 a 17 anos: na pesquisa, 23% dos participantes dessa faixa etária disseram que a depressão seria “apenas um momento de tristeza”, não uma doença. Em consequência disso, esse grupo não acredita que os sintomas da depressão possam se manifestar fisicamente.

Além do desconhecimento, essa visão equivocada acaba limitando as possibilidades de tratamento. Quando não se admite que a depressão é uma doença tal qual a diabetes ou uma infecção, a pessoa não busca auxílio profissional e, muitas vezes, não acredita que o problema pode e deve ser tratado.

Os jovens sentem vergonha de falar sobre a depressão

Outra conclusão da pesquisa feita pelo Ibope é que a população jovem se sente mais constrangida a falar sobre a depressão com a família, na escola ou no trabalho.

Perguntados sobre como se sentiriam diante de um diagnóstico de depressão, 39% dos entrevistados de 13 a 17 anos declararam que não se sentiriam à vontade para conversar com um familiar. Entre a população em geral, essa taxa foi de 22%. Além disso, 49% dos adolescentes disseram que ficariam constrangidos em falar sobre isso na escola.

Já entre os participantes de 18 a 24 anos, o maior problema seria revelar um diagnóstico de depressão no trabalho, pois 56% deles declararam que se sentiriam envergonhados de falar sobre o assunto nesse ambiente. O principal motivo para isso é a percepção de que os colegas de trabalho não veem a depressão como uma doença verdadeira.

Os homens são os que mais sofrem com a falta de informação

O desconhecimento sobre a depressão leva a opiniões equivocadas sobre a doença entre toda a população, mas com maior destaque entre os homens.

Para 17% das mulheres entrevistadas, a depressão é ou pode ser causada pela “falta de fé”, o que não tem nenhum respaldo científico. Já entre os homens, o cenário foi ainda mais grave, pois 30% dos participantes revelaram que pensam dessa forma.

Essa desinformação é apenas um dos fatores que impedem que os homens busquem tratamento médico, pois 29% deles acreditam que a doença é ou pode ser um sinal de fraqueza ou um resultado da falta de força de vontade.

Além disso, mais da metade (55%) dos entrevistados do sexo masculino acredita que “manter uma atitude positiva” e “ter alegria de viver” seriam suficientes para sair de um quadro de depressão.

Embora esses elementos sejam importantes, eles sozinhos não constituem um tratamento para esse transtorno mental, assim como não podem curar doenças de qualquer outra natureza.

Jovens e homens: a população mais suscetível ao suicídio

Os dados revelados pela pesquisa do Ibope podem explicar parte das tendências do suicídio no Brasil. Embora a faixa etária que mais tire a própria vida seja a dos idosos, o número de adolescentes e jovens que se suicidam no país cresceu 24% de 2006 a 2015, enquanto o restante do mundo apresentou uma queda nesse parâmetro.

Boa parte disso pode estar relacionada à recusa em buscar tratamento, pois 34% dos entrevistados de 13 a 17 anos e 23% dos participantes de 18 a 24 dizem que não aceitariam tomar antidepressivos prescritos pelo médico.

As principais justificativas para isso são conceitos equivocados, como acreditar que esses medicamentos não funcionam, que os antidepressivos mais modernos não são tão eficazes porque causam menos efeitos colaterais ou que eles “viciam”.

Além da idade, o sexo é um fator determinante para o risco de suicídio: embora as taxas de depressão sejam mais elevadas entre as mulheres (5,1% para elas e 3,6% para eles), os homens cometem três vezes mais suicídio.

Esse fato pode estar relacionado às tendências reveladas pela pesquisa, que mostraram que os tabus sobre a depressão estão mais presentes entre os homens, tornando-os mais resistentes a buscar ajuda médica e a aceitar o tratamento medicamentoso (21% entre os homens e 16% entre as mulheres).

Vale mencionar também que o estudo revelou um grande desconhecimento sobre o papel do psiquiatra, o médico responsável por diagnosticar e tratar os transtornos mentais.

Na maior parte dos casos, os participantes disseram acreditar que a depressão não era um transtorno tão grave ou importante quanto os demais, causando uma recusa em buscar a ajuda desse profissional devido ao estigma de “médico de loucos” – que não corresponde à realidade.

Ao apresentar sintomas da depressão como tristeza, apatia ou irritação persistentes, perda de interesse nas atividades, sentimento de culpa ou vazio, dificuldade para tomar decisões, perda da libido e pensamentos autodestrutivos ou suicidas, é essencial passar por uma avaliação médica. Utilize o site ou o aplicativo do MEDPREV para marcar sua consulta com o psiquiatra.

Fonte(s): Jornal USP, Super Abril e UOL

19/08/2022   •   há 2 anos