Quais são os graus de autismo?
Revisado pela Equipe de Redação da Medprev
O autismo já foi considerado uma condição rara, afetando aproximadamente uma em cada 2 mil crianças.
No entanto, pesquisas mais recentes indicam que a prevalência do TEA é maior do que foi inicialmente previsto.
Estudos sugerem que 1 em cada 100 crianças pode ter algum grau de autismo.
O autismo afeta mais os meninos do que as meninas, com uma proporção de cerca de 4 meninos para cada menina afetada.
O transtorno geralmente se manifesta nos primeiros três anos de vida, período crucial para o desenvolvimento de habilidades de comunicação e relacionamentos sociais.
É essencial compreender que esse distúrbio do neurodesenvolvimento se manifesta em diferentes graus, ou seja, apresenta níveis variados e exige acompanhamento profissional de acordo com cada.
A seguir, saiba quais são os graus de autismo com base nas informações do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e como eles influenciam a vida das pessoas no espectro autista.
Os graus de autismo
O transtorno do espectro autista (TEA) abrange uma ampla gama de sinais, severidade e nível de suporte necessário, sendo comumente classificado em três graus principais:
- Nível 1 - autismo leve;
- Nível 2 - autismo moderado;
- Nível 3 - autismo severo.
O diagnóstico e a categorização dos graus de autismo são essenciais para direcionar o tratamento e o apoio adequados às necessidades individuais de cada pessoa no espectro.
No Brasil, os graus são avaliados com base em dois manuais de diagnóstico principais: DSM-5 e CID-11.
Nível 1: grau leve de autismo
No nível 1 (grau leve), as pessoas com autismo têm necessidade mínima de apoio. Elas podem ter dificuldades para iniciar interações sociais e podem demonstrar menos interesse em relacionamentos interpessoais.
Além disso, o comportamento inflexível pode tornar as atividades cotidianas desafiadoras.
Problemas de organização e planejamento podem ser obstáculos à independência, mas são gerenciáveis.
No entanto, em termos de diagnóstico, as pessoas com este nível geralmente apresentam pouco ou nenhum prejuízo na linguagem funcional.
Inclusive, muitos indivíduos autistas de alto funcionamento vivem e trabalham independentemente.
Veja algumas características-chave do autismo leve:
- Dificuldades de comunicação - embora possam enfrentar desafios na comunicação, geralmente podem falar e se comunicar verbalmente;
- Interações sociais - apesar de apresentarem algumas dificuldades nas interações sociais, as pessoas com autismo leve conseguem estabelecer relacionamentos sociais. É comum que se sintam deslocadas em grupos, por exemplo;
- Independência - problemas de organização e planejamento podem ser obstáculos à independência, mas essas dificuldades são gerenciáveis;
- Comportamentos restritos e repetitivos - a inflexibilidade no comportamento interfere significativamente no funcionamento em um ou mais contextos. Uma pessoa pode ter dificuldade em alternar entre atividades e pode enfrentar desafios de organização e planejamento.
É importante salientar que pessoas designadas com a síndrome de Asperger (termo ainda utilizado no CID-10) pertencem a esse grau de autismo.
Nível 2: grau moderado de autismo
O nível 2 (grau moderado) envolve déficits mais significativos nas habilidades de comunicação, tanto verbal quanto não verbal.
Esses déficits são mais pronunciados do que no grau leve, mas não tão intensos quanto no grau severo (nível 3).
Devido a essas dificuldades, as pessoas com grau moderado necessitam de mais apoio para o aprendizado e a interação social.
Confira algumas características do autismo moderado:
- Desafios de comunicação - pessoas com autismo moderado enfrentam dificuldades significativas na comunicação, tanto verbal quanto não verbal. Isso pode incluir atrasos na fala e dificuldades em entender e usar a linguagem;
- Interações sociais - assim como no autismo leve, as interações sociais podem ser um desafio, mas com maior intensidade;
- Apoio necessário - as pessoas com autismo moderado geralmente necessitam de um nível substancial de apoio para o aprendizado e a vida cotidiana;
- Comportamentos restritos e repetitivos - a inflexibilidade comportamental é mais acentuada, e a dificuldade em lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos e repetitivos é evidente e interfere no funcionamento em diversos contextos. Mudar o foco ou as ações pode ser desafiador;
- Funcionamento mental normal ou abaixo do normal - uma pessoa com autismo moderado pode ter algum grau de deficiência intelectual. Para ela, as tarefas de autocuidado podem ser muito desafiadoras.
No nível 2, há a repetição de hábitos, como por exemplo, andar na ponta dos pés ou girar em torno de si ou de outros.
Os comportamentos repetitivos podem causar dificuldades nas configurações sociais, escolares, profissionais e etc.
Inclusive, podem parecer distantes mesmo cercados de pessoas, e evitar interagir, por achar difícil iniciar ou manter uma interação.
Esses indivíduos também podem ser sensíveis a sons, luzes e outros tipos de estímulos em diferentes níveis.
Além disso, podem resistir a qualquer mudança em sua rotina normal.
Nível 3: grau severo de autismo
As pessoas com nível 3 (grau severo) precisam de um nível substancial de suporte.
Apresentam déficits graves na comunicação, juntamente com muitas dificuldades nas interações sociais.
Essas pessoas precisam de apoio significativo nas tarefas do dia a dia, como vestir-se, alimentar-se e fazer a higiene pessoal. Muitas vezes, não são capazes de viver de forma independente.
Aproximadamente 40% das crianças com TEA de nível 3 não aprendem a falar. Aquelas que são verbais têm grande dificuldade em usar as palavras para se comunicar.
Além disso, sua capacidade cognitiva é significativamente prejudicada. Como resultado, tendem ao isolamento social e podem demonstrar alta inflexibilidade de comportamento.
Confira as principais características do autismo severo:
- Comunicação severamente comprometida - as pessoas com autismo severo enfrentam graves deficiências na comunicação, sendo incapazes de se comunicar verbalmente e dependendo de apoio;
- Interações sociais limitadas - as interações sociais são extremamente desafiadoras, e pessoas com autismo severo tendem ao isolamento social;
- Cognição reduzida - além das dificuldades na comunicação e nas interações sociais, o autismo severo também está associado a uma cognição significativamente reduzida;
- Comportamento inflexível - possuem um perfil inflexível de comportamento, tornando difícil lidar com mudanças;
- Funcionamento mental ou cognitivo prejudicado - alguns indivíduos com autismo severo também podem ter outro distúrbio comportamental ou mental, além de funcionamento cognitivo diminuído. Isso repercute em problemas para criar repertórios adaptativos, incluindo o autocuidado e a comunicação.
Uma pessoa com grau severo de autismo tem grande dificuldade em iniciar interações sociais e responder de maneira mínima às tentativas de outros de se conectarem.
A fala pode ser limitada a poucas palavras, geralmente apenas para satisfazer necessidades básicas, e as abordagens sociais são extremamente diretas.
O que é o autismo?
O autismo é um transtorno neurológico complexo que geralmente se manifesta desde o nascimento ou nos primeiros anos de vida.
É caracterizado por deficiências nas áreas de comunicação social, comportamento e interação com a sociedade.
As crianças com autismo, principalmente nos casos de graus mais elevados, apresentam características que variam do padrão típico de desenvolvimento.
Isso pode incluir dificuldades significativas na comunicação verbal e não verbal, assim como comportamentos inflexíveis e restritivos. Portanto, compreender o autismo é fundamental para avaliar os seus graus.
O autismo é um transtorno complexo que afeta as pessoas de maneiras diferentes. Os graus de autismo, conforme definidos no DSM-5, ajudam a classificar a gravidade dos sinais e a orientar o tratamento e o suporte necessários.
No entanto, é fundamental lembrar que os graus de autismo não determinam o valor de uma pessoa nem o seu potencial.
Cada indivíduo com autismo possui talentos e habilidades únicas que podem ser desenvolvidas e celebradas.
É fundamental que a sociedade promova a inclusão e a liberdade das pessoas com autismo, independentemente dos graus do transtorno.
Além disso, o apoio adequado e o diagnóstico precoce desempenham um papel crucial no desenvolvimento de crianças no espectro.
Os pais, cuidadores e profissionais de saúde desempenham um papel fundamental na criação de ambientes inclusivos e de apoio a essas crianças.
Por que identificar o nível ou grau de autismo?
Ter o nível de autismo identificado é muito importante, pois a partir do acompanhamento profissional é possível projetar expectativas, planejar o tratamento e escolher as terapias complementares que melhor contribuem para o alcance de mais autonomia e independência.
Embora o autismo não tenha cura, com o apoio adequado, pessoas com o transtorno têm capacidade de aprender e evoluir.
Lembre-se de que quanto antes as intervenções terapêuticas se iniciarem, melhores os resultados serão.
Se você ou alguém sob sua tutela corresponde a alguns dos critérios de diagnóstico, procure um médico como o neurologista e o psiquiatra.
É importante lembrar que para um cuidado multidisciplinar, também pode ser necessário o apoio de psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas, além das especialidades citadas anteriormente.
Caso o diagnóstico já esteja estabelecido, procure orientação para compreender qual é o nível de autismo.
Ser ativo envolvido no tratamento é a melhor maneira de superar os desafios do TEA, explorar as potencialidades e ter mais qualidade de vida.
O papel do CID e DSM no diagnóstico de autismo
Para identificar e classificar os graus de autismo, profissionais da saúde, como psicólogos e neurologistas, baseiam-se em dois documentos essenciais: o CID (Classificação Internacional de Doenças) e o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).
O CID é uma classificação desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e serve como referência global para profissionais de saúde.
Ele padroniza a comunicação sobre uma ampla variedade de doenças, facilitando a coleta de estatísticas e a identificação de tendências epidemiológicas.
O DSM , por outro lado, é um documento atualizado periodicamente e está atualmente em sua quinta edição (DSM-5).
Ele é reconhecido como um guia para o diagnóstico de transtornos mentais, incluindo o TEA e seus graus de autismo.
Antes do DSM-5, havia separações para diferentes síndromes relacionadas ao autismo, como a síndrome de Asperger.
No entanto, a partir do DSM-5, o diagnóstico do TEA englobou o autismo, a síndrome de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância e o transtorno global do desenvolvimento em uma única categoria.
O DSM-5 fornece três parâmetros essenciais para o diagnóstico do TEA, que ajudam a identificar os graus de autismo.
Esses parâmetros incluem:
- dificuldades na interação social;
- problemas de comunicação social;
- comportamentos repetitivos e restritivos.
São esses sinais e comportamentos que permitem aos profissionais identificar clinicamente se uma pessoa tem autismo.
No entanto, a identificação dos graus requer uma análise das variações na intensidade das dificuldades e dos comportamentos, o que permite uma avaliação mais precisa.
Conclusão
Como mostrado neste post sobre quais são os graus de autismo, o transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição complexa, caracterizada por uma ampla gama de manifestações.
Essas manifestações podem variar desde formas graves, com comprometimento significativo da comunicação e interação social, até formas mais leves em que as pessoas com TEA podem ter um alto desempenho em áreas específicas.
Embora as causas do autismo ainda sejam objeto de pesquisa contínua, é amplamente aceito que fatores genéticos, biológicos e ambientais influenciam em seu surgimento.
Compreender os graus de autismo é fundamental para garantir que as pessoas no espectro recebam o apoio adequado às suas necessidades individuais.
Embora a classificação possa variar de acordo com os sistemas de diagnóstico e as mudanças nas diretrizes, a identificação dos níveis de severidade desempenha um papel fundamental na prestação de cuidados e intervenções adequados.
Para obter um diagnóstico preciso e entender os graus de autismo, é essencial conversar com um médico especialista.
Lembre-se de que o autismo é uma condição complexa e que cada pessoa no espectro é única.
Portanto, o suporte e o tratamento devem ser personalizados para atender às necessidades específicas de cada indivíduo.
03/02/2025 • há 17 horas