Autismo (TEA): o que é, graus, sintomas e tratamento
Revisado pela Equipe de Redação da Medprev
O autismo, também conhecido como transtorno do espectro autista (TEA), é um distúrbio complexo que se manifesta de diversas formas, variando em graus de intensidade e sintomas.
Este transtorno geralmente se manifesta na primeira infância e afeta uma maior prevalência de meninos. Estima-se que aproximadamente 1% da população mundial possa ter autismo, com uma em cada 160 crianças em todo o mundo convivendo com esse diagnóstico (OMS, 2017).
É fundamental entender o que é o autismo, seus graus, sintomas e tratamento, para promover uma maior conscientização sobre o assunto e, assim, reduzir o preconceito e o estigma em relação às pessoas com TEA.
Saiba mais sobre o autismo (TEA): o que é, graus, sintomas e tratamento!
O que é autismo?
O transtorno do espectro autista (TEA) ou autismo é uma condição de neurodesenvolvimento que impacta na capacidade de uma pessoa de se relacionar socialmente e se comunicar de maneira eficaz.
O TEA é chamado de espectro porque engloba uma ampla gama de características e severidades.
A terminologia mudou ao longo dos anos, mas incluía tipos como autismo clássico, síndrome de Asperger e outros (com exceção da síndrome de Rett, atualmente fazem parte do termo TEA).
Os transtornos do espectro autista não devem ser confundidos com a deficiência intelectual, embora essas duas condições possam ocorrer em conjunto.
A natureza do espectro autista significa que as características das pessoas com o transtorno podem variar significativamente de uma pessoa para outra.
O TEA é caracterizado por três aspectos fundamentais que podem aparecer isolados ou em conjunto.
Dificuldade de comunicação
Muitas pessoas com TEA apresentam dificuldades na comunicação, que podem incluir desde a ausência da fala até as limitações na capacidade de interação verbal e não verbal.
Por exemplo, uma criança com autismo pode desenvolver uma fala, mas nem sempre consegue manter uma conversa de acordo com a sua idade.
Dificuldade de socialização
O aspecto social é outra característica do TEA. As interações sociais podem ser desafiadoras e as pessoas com autismo podem ter dificuldade em estabelecer contato visual, responder a gestos e expressões verbais e participar de brincadeiras coletivas.
Padrão de comportamento restritivo e repetitivo
Muitas crianças com TEA mantêm interesses restritos e repetitivos. Isso pode se manifestar de várias formas, como alinhar objetos de maneira precisa ou desenvolver um interesse obsessivo em um tópico específico.
Graus de Autismo
O TEA abrange um espectro de gravidade, com diferentes graus de autismo. Confira quais são a seguir.
Autismo Leve (nível 1)
No autismo leve, os sintomas são menos evidentes e a pessoa pode ser independente em diversos aspectos.
No entanto, elas ainda podem precisar de apoio em algumas áreas da vida, como em interações sociais e desenvolvimento de habilidades.
Autismo Moderado (nível 2)
No autismo moderado, os sintomas tendem a ser mais perceptíveis. A capacidade de realizar tarefas diárias e se relacionar com outras pessoas geralmente está comprometida.
A fala pode ser limitada a frases simples e os interesses costumam ser bastante específicos.
Autismo Grave (nível 3)
No autismo grave, as dificuldades na interação social são mais intensas.
Uma pessoa pode ter dificuldade em falar de forma compreensível ou, em alguns casos, não falar.
Nesse estágio, é necessária uma supervisão constante de familiares e profissionais de saúde.
Sintomas do Autismo
Os sintomas do autismo podem variar amplamente, mas geralmente são enquadrados em duas áreas principais: comunicação e interações sociais, além de padrões de comportamento restritos e repetitivos.
Conheça alguns desses sintomas a seguir:
- dificuldade em desenvolver relacionamentos interpessoais;
- comunicação atípica, incluindo linguagem anormal ou ausente;
- dificuldade em fazer contato visual e em compreender expressões faciais e linguagem corporal;
- tendência a repetir palavras ou frases (ecolalia);
- dificuldade em interpretar o humor e as expressões dos outros;
- padrões de comportamento restritos e repetitivos;
- dificuldade em iniciar e manter conversas;
- resistência a mudanças, incluindo comportamentos repetitivos em relação a rotinas, preferências e atividades;
- interesses especializados;
- movimentos ou fala repetitiva, como balançar, agitar as mãos ou girar objetos;
- reações adversas a sensações físicas, como hiper ou hipossensibilidade a gostos, cheiros, sons e texturas;
- apego excessivo a objetos inanimados.
É importante lembrar que os sintomas variam de pessoa para pessoa, tanto em intensidade quanto em manifestação dos sinais (além disso, nem todas as pessoas com TEA apresentam todos os sintomas do transtorno).
Algumas pessoas com autismo também têm maior habilidade em áreas específicas, como matemática, música ou arte.
Muitas pessoas com TEA têm algum grau de deficiência intelectual. No entanto, o desempenho varia, podendo ser mais forte em habilidades motoras e espaciais do que em habilidades verbais.
Causas do Autismo
As causas específicas dos transtornos do espectro autista não são completamente compreendidas, mas há evidências de que fatores genéticos desempenham um papel significativo para o seu surgimento.
Se um pai tem um filho com TEA, as chances de ter outro filho com TEA fica em torno de 3% a 10% (como descrito pelo Manual MSD em 2022).
Fatores pré-natais, como infecções virais durante a gravidez, também podem contribuir para o desenvolvimento do TEA.
Outro fator que pode estar relacionado ao transtorno é a prematuridade .
É importante enfatizar que o autismo não é causado por vacina, má educação ou experiências adversas na infância.
Diagnóstico
O diagnóstico do transtorno do espectro autista (TEA) é essencialmente clínico e baseia-se nos sinais e sintomas observados no paciente.
Existem critérios específicos para o diagnóstico, que estão estabelecidos em manuais amplamente reconhecidos, como o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças).
No entanto, é importante destacar que o diagnóstico precoce é fundamental para que as intervenções terapêuticas sejam mais eficazes.
Quanto mais cedo o autismo for identificado, mais cedo o tratamento adequado pode ser iniciado, o que pode fazer uma grande diferença no desenvolvimento da criança.
O diagnóstico de TEA é realizado por profissionais de saúde, como pediatras, psiquiatras, psicólogos e neuropediatras.
Esse processo envolve uma avaliação clínica detalhada, observação do comportamento da criança e, muitas vezes, a coleta de informações junto à família e aos cuidadores.
Testes específicos, como escalas de avaliação do autismo, podem ser usados para apoiar o diagnóstico.
Tratamento do Autismo
O tratamento do autismo é um processo multidisciplinar que envolve uma equipe de profissionais de saúde e educação.
É essencial adaptar o tratamento às necessidades individuais de cada pessoa com TEA, uma vez que os sintomas e desafios variam amplamente de um indivíduo para outro.
Aprenda sobre algumas das principais abordagens de tratamento.
Análise comportamental aplicada (ABA)
A ABA é uma terapia altamente estruturada na qual as crianças com autismo aprendem habilidades cognitivas, sociais e comportamentais de forma gradual.
Ela é amplamente reconhecida por sua eficácia na melhoria de comportamentos sociais, comunicação, habilidades de leitura, habilidades acadêmicas e de autocuidado.
A terapia ABA é altamente personalizada para atender às necessidades específicas de cada criança com TEA.
Programas educacionais
Crianças em idade escolar com TEA se beneficiam de programas educacionais que se concentram principalmente no desenvolvimento de habilidades sociais e que abordam atrasos na fala e na linguagem.
Assim, preparam os alunos para a educação pós-escolar ou para a transição para o mercado de trabalho.
A Lei de Educação para Indivíduos com Deficiências (IDEA) nos Estados Unidos, por exemplo, exige que escolas públicas forneçam educação gratuita e apropriada para crianças com TEA, e essa educação deve ser adaptada às necessidades individuais.
Fonoaudiologia
A terapia da fala desempenha um papel fundamental no tratamento do autismo.
Ela ajuda a melhorar as habilidades de comunicação, a compreensão da linguagem e a capacidade de se expressar verbalmente.
Muitas crianças com autismo enfrentam desafios na comunicação e a fonoaudiologia é uma parte essencial do tratamento para melhorar essas habilidades.
O papel da família no tratamento
A família desempenha um papel fundamental no tratamento do autismo e inclusão das pessoas com o transtorno na sociedade.
A partir do momento em que uma criança é diagnosticada, a família é frequentemente uma fonte de apoio emocional, educacional e prático.
No entanto, é importante que a família esteja informada, conscientizada sobre o autismo e treinada para entender as necessidades da criança, contribuindo para o seu desenvolvimento.
Conclusão
Como mostrado no post "Autismo (TEA): o que é, graus, sintomas e tratamento", este é um transtorno complexo que afeta o desenvolvimento neurológico e a forma como as pessoas interagem com o mundo.
Ele costuma ser identificado na infância e varia em intensidade, com diferentes graus de comprometimento.
Embora o autismo não tenha cura, uma variedade de terapias, incluindo terapias comportamentais, fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapia, pode ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas no espectro autista.
09/04/2024 • há 7 meses