Anedonia: o que é, sintomas e tratamento
Revisado pela Equipe de Redação da Medprev
A anedonia é uma condição patológica caracterizada pela incapacidade de sentir prazer ou interesse em atividades que antes eram consideradas agradáveis para o indivíduo.
A vida é composta por diversas experiências, sendo o prazer uma das emoções essenciais que impulsiona o ser humano a buscar a realização e satisfação.
No entanto, para algumas pessoas, essa capacidade de sentir prazer é afetada, o que pode impactar substancialmente a qualidade vida desses indivíduos.
Quer aprender sobre o assunto? Saiba mais sobre a anedonia: o que é, sintomas, causas, tratamento e diagnóstico a seguir.
O que é anedonia?
A anedonia, inicialmente, era definida principalmente como a perda de prazer.
No entanto, em critérios diagnósticos psiquiátricos mais recentes, passou a ser compreendida de forma mais ampla, como a incapacidade de encontrar satisfação em atividades ou situações que antes eram agradáveis ao indivíduo afetado.
Tal condição está associada a uma falta de envolvimento ou energia para experiências, o que resulta em déficits na capacidade de sentir prazer e ter interesses nas situações da vida cotidiana.
Nesse sentido, pessoas que apresentam anedonia relatam ausência de alegria em suas vidas.
Por exemplo, elas não desfrutam da companhia de amigos e familiares e, em alguns casos, isso pode se expressar no prazer sexual, chegando próximo à apatia.
No entanto, com o avanço dos estudos da área da neurociência, foi proposto um conceito ainda mais amplo.
A anedonia não é considerada mais apenas uma simples perda de prazer, mas é um sintoma clínico resultante de um déficit no circuito de recompensa do cérebro.
O sistema de recompensa do cérebro é composto uma série de estruturas cerebrais, sendo responsável por processar a informação relacionada à sensação de prazer ou de satisfação.
Sem essa sensação, os indivíduos não têm estímulo para realizar atividades essenciais para a manutenção da vida.
Segundo o ponto de vista neuroquímico, a dopamina é um dos neurotransmissores mais relacionados ao sistema de recompensa.
A anedonia não se trata apenas de uma área específica do cérebro que está disfuncional, mas sim uma interconexão complexa de diferentes regiões cerebrais.
E essas áreas disfuncionais, quando combinadas, contribuem para uma desregulação global do sistema de recompensa, o que resulta na manifestação clínica da anedonia.
Sintomas da anedonia
Os sintomas da anedonia são variados e podem se manifestar de diversas formas em cada indivíduo.
De modo geral, os indivíduos que apresentam anedonia manifestam indiferença em relação a si mesmos e a situações externas.
Apesar da incapacidade de experimentar o prazer em geral, a anedonia pode se manifestar somente em aspectos específicos, como o apetite, a sexualidade, atividades de lazer e entre outros.
Tal variação demonstra a complexidade dessa condição patológica.
Ela também pode afetar as relações sociais do indivíduo, já que as pessoas afetadas pela anedonia podem se tornar desinteressantes e apresentar dificuldade em expressar emoções positivas e negativas, o que pode afastar as pessoas ao seu redor, contribuindo para o isolamento social.
Essa dificuldade nas relações sociais também pode contribuir para a sensação de solidão e desconexão com o mundo ou até mesmo consigo.
Em casos extremos, quem lida com essa condição pode ser indiferente a situações significativas, como a perda de um ente querido ou de conquistas notáveis.
Quando anedonia afeta dois ou mais dos seguintes aspectos, pode ser considerada um transtorno: vida pessoal, vida social e ser um risco para si mesmo.
Ao ser considerada um transtorno, a doença precisa de diagnóstico e tratamento para evitar o agravamento do quadro do indivíduo.
Entre os sintomas que podem ser manifestados por pessoas que apresentam anedonia, estão:
- alterações do sono, podendo ter insônia ou excesso de sono;
- apatia;
- cansaço;
- desânimo;
- dificuldade de concentração;
- diminuição ou perda da libido;
- grandes variações no peso;
- isolamento social;
- perda de interesses por atividades que se realizava anteriormente, tal como encontrar-se com amigos, passear com o cachorro, ler algum livro, etc.
Causas da anedonia
Inicialmente, é importante salientar que os aspectos e causas que levam ao desenvolvimento da anedonia são diversos, ou seja, podem ser tanto biológicos quanto psicológicos, além de variar para cada pessoa.
Em relação aos fatores biológicos, a anedonia pode ser resultado de desequilíbrios químicos no cérebro, como a diminuição dos neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina.
Esses neurotransmissores são os responsáveis pela regulação do prazer e da recompensa, e sua redução pode afetar diretamente a qualidade de vida do indivíduo, já que ele não estará motivado constantemente para realizar atividades cotidianas, como levantar da cama, praticar exercício físico ou algum hobby, comer, interagir com outras pessoas, entre outros.
Além disso, comumente, essa condição patológica pode estar associada a transtornos mentais, como:
- transtorno depressivo maior (TDM);
- espectro da esquizofrenia;
- psicose;
- doença (mal) de Parkinson;
- anorexia nervosa;
- abuso de drogas e de medicamentos.
Alguns outros fatores também podem levar ao desenvolvimento da anedonia, como eventos traumáticos e estressantes, violência e negligência, uma vez que trazem um grande impacto negativo na qualidade de vida.
Transtorno depressivo maior (TDM)
O transtorno depressivo maior (TDM) é uma condição patológica caracterizada por um sentimento de tristeza grave ou persistente, atingindo um nível que interfere no funcionamento diário e ainda reduz o interesse e o prazer nas atividades cotidianas.
De modo geral, os sintomas mais comuns estão relacionados a um sentimento de vazio, falta de interesse pelas atividades rotineiras, insônia e tristeza exacerbada.
A anedonia pode surgir no TDM como um de seus sintomas, sendo preciso avaliação realizada pelo psicólogo ou psiquiatra para diagnóstico e orientação especializada.
Espectro da esquizofrenia
No espectro da esquizofrenia, há alterações na maneira como o indivíduo pensa, sente e se comporta, sendo caracterizada pela psicose (perda do contato com a realidade), alucinações (percepções falsas), delírios, discursos e comportamentos desorganizados, além da redução na expressão de emoções em todos os sentidos.
Inclusive, quem possui essa condição psicológica pode manifestar a anedonia, visto que o sistema de recompensa se encontra mais desorganizado no processamento nas funções cognitivas (como o gasto energético inadequado e uma tendência a focar em aspectos irrelevantes).
Doença de Parkinson
A doença ou mal de Parkinson é uma condição neurodegenerativa que se desenvolve de forma progressiva, sendo caracterizada por sintomas como tremores em repouso, rigidez muscular, movimentos lentos e diminuídos que, com o passar do tempo, podem causar instabilidade postural e de marcha.
Ocasionado pela degeneração de células cerebrais responsáveis pela produção de dopamina, o qual é neurotransmissor essencial para a regulação dos movimentos e do humor, a doença também contribui para o desenvolvimento da anedonia.
Abuso de substâncias
O uso de substâncias psicoativas pode resultar em anedonia durante períodos de abstinência.
Além da perda da capacidade de sentir prazer, as pessoas afetadas também podem manifestar irritabilidade, ideação suicida, instabilidade emocional e dificuldade na atenção e concentração.
Isso ocorre, pois o abuso de drogas apresenta o potencial de modificar a composição química cerebral, ocasionando mudanças no humor, o que pode resultar na anedonia.
Além disso, o uso exacerbado e inadequado de medicamentos, tais como antidepressivos, também pode alterar o equilíbrio químico do cérebro, desencadeando efeitos colaterais como a anedonia.
Diagnóstico da anedonia
O diagnóstico da anedonia requer avaliações clínicas e entrevistas minuciosas por profissionais de saúde, como psicólogos e psiquiatras.
Esses profissionais, de modo geral, começam avaliando o paciente acerca dos sintomas, histórico médico e a extensão do impacto da anedonia no cotidiano.
Para isso, o profissional da saúde realiza testes psicológicos específicos, como, por exemplo, questionários acerca do estado emocional do paciente, além de realizar uma abordagem abrangente para garantir a precisão do diagnóstico, excluindo outras condições médicas e psicológicas que podem apresentar sintomas semelhantes.
Tratamento da anedonia
O tratamento da anedonia varia para cada pessoa, pois é preciso analisar a gravidade dos sintomas juntamente com a sua causa.
Por esse motivo, requer uma abordagem integrada que abranja tanto a psicoterapia quanto as intervenções farmacológicas.
Além do tratamento psicológico e medicamentoso, é necessária uma mudança no estilo de vida, como adotar uma alimentação mais saudável e praticar exercícios físicos de forma contínua. Para isso, é fundamental que haja o acompanhamento profissional.
Conclusão
Como mostrado no post "Anedonia: o que é, sintomas e tratamento", essa condição mental caracterizada, principalmente, pela incapacidade de sentir prazer, é complexa e tem raízes neuroquímicas e psicológicas.
Além da perda de prazer, ela abrange uma interconexão complexa de áreas cerebrais disfuncionais, o que resulta em desregulação global do sistema de recompensa do cérebro.
Quando se torna uma doença, por afetar aspectos como a vida pessoal e social, precisa ser diagnosticada e tratada pelo psiquiatra, em conjunto com o psicólogo.
O diagnóstico exige avaliações clínicas detalhadas, enquanto o tratamento é individualizado, combinando psicoterapia, farmacoterapia e também mudanças no estilo de vida para restauração do bem-estar e da qualidade de vida.
12/08/2024 • há 3 meses